Brasil tem tendência de concentração de mercado na saúde privada

Há uma tendência de concentração da saúde privada no Brasil em instituições que se capitalizaram e se expandiram por fusões ou aquisições.

É possível perceber uma intensa tendência de concentração da saúde privada brasileira em grandes instituições que se capitalizaram e se expandiram através de fusões e aquisições, sejam de operadoras menores ou instituições de saúde que integram suas redes de saúde. Essa concentração projeta um mercado com menos opções e competitividade, além de redução dos custos de transação e aumento da eficácia operacional da assistência à saúde.

Essa foi a conclusão do estudo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em parceria com a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP), publicado em janeiro deste ano na revista científica BMC Health Services Research.

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Resultados

Um dos achados do estudo foi a redução de 1.045 instituições particulares de saúde no país, em 2011, para 711, em 2020, seguindo modelos de saúde complementar já consolidados em mercados como a China e os Estados Unidos.

“É interessante notar que estamos falando de um mercado que representava 9% do PIB do Brasil em 2020, com 75% da população brasileira sendo atendida pelo serviço público de saúde, com 44% do investimento total, e 25% da população com contratos com operadoras privadas de saúde, que representam 56% do investimento e despesas em saúde no Brasil”, explicou o professor da Escola de Negócios da PUCPR e um dos autores do trabalho, Sandro Marques.

Historicamente, os sistemas privados de saúde têm sido estimulados por uma série de políticas governamentais, seja através do credenciamento de serviços, remuneração e criação de unidades hospitalares, entre outras.

Outro dado revelado é que o setor de saúde no país empregava, em 2020, 4.418.871 indivíduos, apresentando uma estrutura com 711 instituições privadas de saúde, 256 operadoras de planos odontológicos e 6.642 unidades hospitalares.

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Panorama da concentração do mercado brasileiro

Segundo a pesquisa, a concentração de mercado de saúde privada no Brasil possui características diferentes, dependendo da região do país. Enquanto no Norte e Nordeste ela é mais intensa, nas regiões Sul e Sudeste, a concentração ocorre de forma mais desordenada.

As cooperativas de saúde também têm uma representação significativa no mercado no país, mas não foi constatada uma mudança de participação total no período compreendido na avaliação dos pesquisadores.

Os dados foram organizados em três grupos, cada um com sua abordagem de coleta e análise. Desta maneira, é possível o acentuado crescimento das grandes operadoras, em detrimento das menores; a crescente concentração do mercado, através de fusões e aquisições promovidas por grandes empresas de capital aberto, especialmente em regiões com menor índice de cobertura privada de saúde; além do crescimento do setor, por meio de planos de negócios, cuja característica central é a dependência da taxa de empregabilidade do país.

Segundo Sandro Marques, a concentração observada no setor pode ter impactos negativos pela redução de opções para os clientes das operadoras, gerando uma diminuição da competitividade. Ao mesmo tempo, pode levar a baixas significativas de custos operacionais para as operadoras de saúde em função da escala e melhoria da eficiência.

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*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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