Bronquiolite viral aguda: O que o enfermeiro deve saber?

Além dos casos de infecção pelo novo coronavírus, o enfermeiro pediatra vê um crescimento dos casos de bronquiolite. O que ele precisa saber?

A bronquiolite viral aguda, é a principal causa de hospitalização em crianças com menos de 1 ano de idade. O agente etiológico mais comum é o vírus sincicial respiratório, mas pode ser causado por influenza, adenovírus, rinovírus, metapneumovírus ou micoplasma. A bronquiolite tende a ter picos de casos nos meses de inverno.

A infecção pelo vírus sincicial respiratório costuma começar com sintomatologia em vias aéreas superiores, semelhantes ao resfriado comum e após alguns dias acomete as vias aéreas inferiores. O acometimento das vias aéreas inferiores cursa com o agravamento do quadro. 

Leia também: Estudo mostra mais evidências de que o uso de broncodilatadores não é eficaz no tratamento da bronquiolite 

A infecção das vias aéreas inferiores causa morte das células epiteliais, desencadeando uma resposta inflamatória local com aumento da permeabilidade, produção e liberação de leucócitos e produção de muco. Essa resposta inflamatória vai ocasionar diminuição do diâmetro do bronquíolo, aumentando a resistência à passagem do ar. Essa resistência aumentada à passagem do ar faz com que o pulmão tenha áreas com hiperinsuflação alveolar e áreas com hipoventilação e atelectasia. Os casos mais graves podem apresentar quadro de Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo.

Bronquiolite viral aguda: O que o enfermeiro deve saber?

Sinais e sintomas:

  • Tosse intensa;
  • Batimento de asa de nariz;
  • Tiragem intercostal;
  • Crieptação;
  • Febre;
  • Coriza;
  • Dispneia;
  • Taquipneia;
  • Tiragem subcostal;
  • Sibilos;
  • Aumento da secreção;
  • Alterações radiográficas com áreas de hiperinsuflação e áreas de atelectasia;
  • Anorexia.

Manejo terapêutico

Não há um tratamento específico, mas no Brasil recomenda-se o uso de fosfato de oseltamivir em casos de crianças com maior risco de desenvolver formas graves (< 5 anos de idade, indígenas, com doenças crônicas, uso crônico de ácido acetilsalicílico, imunossuprimidos ou crianças com quadros graves sem nenhum outro fator de risco). O tratamento se dá através do suporte sintomático, controle hídrico (manter restrição hídrica pode melhorar sintomas respiratórios), curva térmica e aspiração de vias aéreas sempre que necessário

Corticoides podem ser utilizados em casos moderados a graves, beta 2 agonistas podem ser empregados em casos de sibilância.

Suporte ventilatório

Deve ser iniciada oxigenoterapia em casos de hipoxemia leve. 

Há uma grande variação na literatura sobre quando se deve utilizar outro método ventilatório, mas casos de hipoxemia persistente e esforço respiratório leve a moderado e/ou presença de atelectasia na radiografia costumam ser indicações presentes nos estudos sobre a temática. A ventilação não invasiva e o cateter nasal de alto fluxo têm sido apontados como importantes estratégias para reverter quadros de esforço respiratório e prevenção de agravamento e consequente necessidade de intubação orotraqueal, mas vale ressaltar que são estratégias que não substituem a intubação orotraqueal.

Saiba mais: Bronquiolite viral aguda: Qual a relação com a ventilação mecânica invasiva e sua duração?

A intubação orotraqueal tem sido reservada a casos que não são revertidos com métodos menos invasivos ou em caso de insuficiência respiratória grave.

Referências bibliográficas:

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