Câncer de colo de útero associado ao HIV: estimativa de prevalência mundial

Pesquisadores da OMS, IARC e outros parceiros quantificou a contribuição do HIV para o fardo global do câncer de colo de útero.

Embora o câncer de colo de útero seja uma das doenças malignas mais evitáveis ​​e tratáveis, ele é o quarto câncer mais comum em mulheres, com mais de meio milhão de novos casos e 311 365 mortes quantificadas recentemente durante o ano de 2018.

A infecção por papilomavírus humano de alto risco (HPV; tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59) por si só não causa câncer cervical, existem outros fatores de risco como por exemplo o tabagismo, multiparidade e infecção por HIV.

A distribuição demográfica do câncer cervical pelo mundo é alarmante, pois quase nove em cada dez mulheres que morrem da doença vivem em países de baixa e média renda.

Câncer de colo de útero

Novas evidências confirmam associação do câncer de colo de útero e HIV

Nesse contexto, agora em novembro de 2020, um novo estudo colaborativo entre pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS), a International Agency Research on Cancer (IARC) e outros parceiros quantificou a contribuição do HIV para o fardo global do câncer cervical. A publicação desses resultados coincidiu também com o lançamento da Estratégia Global da OMS para Acelerar a Eliminação do Câncer Cervical.

No estudo, 5,8% dos novos casos no mundo de câncer cervical em 2018 (33.000 casos) foram diagnosticados em mulheres vivendo com HIV, sendo que 4,9% dos novos casos (28.000 casos) foram atribuíveis à infecção pelo HIV. As regiões do mundo mais afetadas foram o sul e o leste da África. No sul da África, mais da metade dos novos casos (63,8%, equivalente a 9200 casos) foram atribuídos ao HIV. As taxas de incidência padronizadas por idade de câncer cervical atribuível ao HIV foram superiores a 20 por 100.000 em seis países, todos eles no sul e no leste africano.

Mulheres que vivem com HIV têm um risco seis vezes maior de desenvolver câncer cervical

Nesta meta-análise, a partir de 24 estudos, foi calculado que as mulheres que vivem com HIV têm um risco seis vezes maior de desenvolver câncer cervical em comparação com suas contrapartes sem HIV. Globalmente, estima-se que 6% dos novos casos de câncer cervical em 2018 foram diagnosticados entre mulheres que vivem com HIV e 5% de todos os casos foram atribuídos à infecção pelo HIV.

O risco aumentado de câncer do colo do útero em mulheres que vivem com HIV parece ser resultado de uma combinação de fatores. A imunossupressão parece ser o cerne da questão, as evidências apontam que o câncer cervical está associado a uma contagem mais baixa de células CD4 e à ausência de TARV entre as mulheres que vivem com HIV. Além disso, nas pacientes contaminadas pelo vírus HIV, há um aumento das taxas de recorrência após o tratamento da lesão precursora de câncer e também redução da expectativa de vida.

Cenário global do combate ao câncer de colo de útero

Os primeiros programas nacionais de vacinação contra o HPV com financiamento público foram implementados em 2006 e, em outubro de 2020, 57% dos países em todo o mundo haviam introduzido a vacinação contra o HPV.

As regiões que foram as primeiras a implementar programas de vacinação contra o HPV já relataram benefícios, que incluem diminuição da prevalência de infecção por HPV tipos 16 e 18 e declínio na incidência de verrugas genitais e de lesões pré-cancerosas entre mulheres jovens.

Hoje, apenas um terço das meninas vivem em países que introduziram a vacina contra o HPV. Além disso, algumas áreas com a maior prevalência de câncer do colo do útero são aquelas onde a cobertura de rastreamento em toda a população é extremamente baixa.

Dos dez países com maior associação de câncer cervical e HIV, sete implementaram programas nacionais de imunização contra o HPV, com cobertura de dose total variando de 25% a 80% até 2019. No mesmo ano, a OMS estimou que apenas quatro países tinham rastreamento baseado na população em andamento, mas todos cobriam menos de 70% da população-alvo.

Atualmente, as estratégias de rastreamento recomendadas pela OMS incluem inspeção visual com ácido acético, citologia (convencional ou em base líquida) e teste de DNA do HPV.

O teste de HPV mostra desempenho superior quando comparado com citologia ou inspeção visual com ácido acético. Mas a eficácia no nível populacional é afetada não apenas pela precisão do método de rastreamento, mas também por sua cobertura e pela adoção do tratamento.

Portanto, mulheres que vivem com HIV têm um risco significativamente maior de câncer cervical. A vacinação contra o HPV e o rastreamento do câncer cervical para mulheres vivendo com HIV são especialmente importantes para o controle da doença. 

Mas é importante lembrar que o benefício para a saúde pública da vacinação de adolescentes mais velhos e mulheres jovens vivendo com HIV ainda é incerto, sendo necessária uma investigação mais detalhada.

Referencia bibliográfica:

  • Stelzle D, Tanaka LF, Lee KK, Ibrahim Khalil A., Baussano I, Shah ASV, et al. Estimativas da carga global de câncer cervical associado ao HIV Lancet Glob Health , publicado online em 17 de novembro de 2020;
    https://doi.org/10.1016/S2214-109X(20)30459-9

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.