Cânula nasal de alto fluxo: realizar dieta ou não durante o uso?

A cânula nasal de alto fluxo é cada vez mais usada no tratamento de crianças hospitalizadas. Um estudo teve o objetivo de avaliar a alimentação no uso.

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A cânula nasal de alto fluxo (CNAF) é cada vez mais usada no tratamento de crianças hospitalizadas com bronquiolite. Todavia, as melhores práticas, impacto e os eventos adversos da alimentação durante o uso da CNAF ainda são desconhecidos.

Dessa forma, com o objetivo de avaliar se a alimentação durante o uso de CNAF estava associada ao tempo de alta ou a eventos adversos, Shadman e colaboradores (2019) conduziram o estudo Feeding during High-Flow Nasal Cannula for Bronchiolitis: Associations with Time to Discharge, publicado em setembro na revista The Journal of Hospital Medicine.

Cânula nasal e associação com eventos adversos

Os autores conduziram um estudo de coorte retrospectivo. Este estudo incluiu pacientes de um mês a dois anos de idade que receberam CNAF por bronquiolite em um hospital infantil, de 1° de janeiro de 2015 a 1° de março de 2017.

Os pacientes em uso de CNAF foram categorizados como alimentados ou não. Entre as crianças alimentadas, os autores avaliaram o tipo de alimentação: alimentação mista [via oral (VO) e por sonda] ou VO exclusiva. O desfecho primário foi a alta após o término da CNAF. Os desfechos secundários foram: necessidade de aspiração, intubação após CNAF e readmissão em sete dias.

Veja também: Saiba como é o uso do cateter nasal de alto fluxo na pediatria

Resultados

  • Das 123 crianças tratadas com CNAF, 45 (37%) nunca foram alimentadas;
  • Um total de 78 crianças (63%) receberam alimentação – 50 (41%) foram alimentadas exclusivamente por VO e 28 (23%) tiveram alimentação mista;
  • O tempo mediano (intervalo interquartil) para alta após CNAF foi de 29,5 horas (23,5-47,9) e 39,8 horas (26,4-61,5) nos grupos alimentados e não alimentados, respectivamente;
  • Nos modelos ajustados, o tempo para alta foi menor em pacientes em vigência de qualquer tipo de alimentação [razão de risco (RR) 2,17; intervalo de confiança de 95% (IC) 95%: 1,34-3,50] e com alimentação VO exclusiva (RR 2,13; IC 95%: 1,31-3,45) em comparação com nenhuma alimentação;
  • O tempo para alta após início da CNAF foi menor em pacientes com alimentação VO exclusiva versus crianças não alimentadas [RR 1,97 com propensão (IC95%: 1,13-3,43)]. Eventos adversos ocorreram nos dois grupos: uma intubação, uma pneumonia aspirativa, uma readmissão.

Conclusões

O estudo apresenta uma limitação: a avaliação da exposição à alimentação não levou em consideração sua quantidade e sua duração. Entretanto, os autores concluíram que crianças em CNAF para bronquiolite e que recebem dieta podem ter tempo mais curto para receber alta do que aquelas que não recebem dieta.

Os eventos adversos relacionados à alimentação foram raros, independentemente do tipo de alimentação. Contudo, os autores afirmam que estudos prospectivos controlados são necessários para justificar uma mudança nas práticas atuais de alimentação em pacientes em CNAF por bronquiolite.

Referências bibliográficas:

  • SHADMAN KA, et al. Feeding during High-Flow Nasal Cannula for Bronchiolitis: Associations with Time to Discharge. J Hosp Med, v.14, p.E43-E48, 2019.

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