Cardio-oncologia: como abordar a hipertensão em pacientes com câncer? [podcast]

Em mais um podcast, falamos sobre relação entre hipertensão e o câncer, e como a cardio-oncologia aborda essa comorbidade tão comum nesses pacientes.

Em mais um podcast especial para a PEBMED, a cardiologista Érika Campana, Doutora e Mestre em Medicina pela UERJ e Especialista em Cardiologia pela SBC/AMB, fala sobre relação entre hipertensão arterial sistêmica (HAS) e o câncer, e como a cardio-oncologia, especialidade nova e crescente, aborda essa comorbidade tão comum nesses pacientes. Confira:

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enfermeira auxiliando paciente durante quimioterapia, para depois passar por um cardio-oncologista

Transcrição do podcast

Olá, eu sou Erika Campana, doutora e mestra em medicina pela UERJ, cardiologista especialista pela SBC/AMB e presidente do DHA/SOCERJ 2020-2021. Vamos conversar um pouco sobre cardio-oncologia e a sua interface com a hipertensão.

O cuidado do paciente com câncer melhorou muito no último século. A partir de 1990, houve um aumento no número de sobreviventes do câncer e, atualmente, temos 15 milhões de sobreviventes nos Estados Unidos, com uma estimativa de 20 milhões de sobreviventes de câncer em todo o mundo.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, o INCA, no biênio de 2018-2019, ocorreram cerca de 600 mil novos casos de câncer em adultos no Brasil e 12.500 novos casos de câncer infanto-juvenil. O câncer é, hoje, a segunda causa de morte por doença, correspondendo a 7,9% do total de mortes.

Entretanto, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo e no Brasil. Mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades, as cardiovasculares, do que por qualquer outra causa, incluindo o próprio câncer.

As doenças cardiovasculares apresentam uma incidência crescente em pacientes com câncer. Com o envelhecimento populacional em diversas partes do mundo, a prevalência do câncer vem aumentando progressivamente, vai ultrapassar a doença cardiovascular como a principal causa de morte, mas, neste momento, a doença cardiovascular não só é altamente incidente nos doentes oncológicos, como continua sendo a principal causa de morte em todo o mundo.

A cardio-oncologia é uma área de estudo emergente que surgiu nas últimas décadas para dar suporte aos pacientes com câncer, em especial na estratificação do risco cardiovascular antes, durante e após o tratamento oncológico, seja este risco cirúrgico, radioterápico e quimioterápico.

Cardiotoxicidade é qualquer agressão aguda ou crônica ao sistema cardiovascular produzida por agentes químicos ou físicos. Dentre as manifestações da cardiotoxicidade, temos a hipertensão arterial, que é a comorbidade mais prevalente em pacientes com câncer e um efeito adverso frequente das terapias com câncer.

A prevalência de hipertensão arterial pré-quimioterapia é similar à população em geral, 29% e, durante o tratamento do câncer, ocorre um aumento de prevalência de hipertensão para 37%, incluindo o surgimento de hipertensão severa e de crises hipertensivas que, obviamente, colocam o paciente em risco.

Além do tipo de câncer, a incidência e a severidade da hipertensão são influenciadas pela idade do paciente, pela presença de doença cardiovascular e pelo tipo de terapia anti-neoplásica utilizada. A presença de hipertensão durante o tratamento quimioterápico é um paradoxo, pois pode ser um efeito adverso cardiovascular, mas também é um sinal de resposta terapêutica oncológica favorável.

É extremamente importante o diagnóstico precoce e o tratamento da hipertensão arterial durante o tratamento dos pacientes oncológicos, pois a hipertensão é um fator de risco para a insuficiência cardíaca e fibrilação atrial, além do acidente vascular cerebral; além do que um controle subótimo da pressão pode levar à descontinuação precoce da quimioterapia.

É crucial que se saiba as melhores estratégias para monitorar, prevenir e tratar as complicações cardiológicas durante o tratamento oncológico, permitindo a cardioproteção com o intuito de reduzir a morbidade e mortalidade associadas à cardiotoxicidade e permitir que os pacientes recebam toda a terapia quimioterápica proposta, seja com intenção de cura ou de tratamento paliativo prolongando a sobrevida dos pacientes.

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