Cardiotocografia: para que serve, quando solicitar e como interpretar?

A cardiotocografia realiza o registro da frequência cardíaca fetal, atividade uterina, permite a percepção de movimentação fetal.

A assistência integral ao pré-natal e ao momento do parto são importantes para garantir o sucesso do binômio mãe – feto. Faz parte dessa integralidade o uso da cardiotocografia basal anteparto e intraparto (CTG). 

Por se tratar de um exame simples (não necessita da presença contínua do operador), de fácil execução, barato e de resultado instantâneo, ganhou lugar de destaque na assistência materno-fetal.

Saiba mais: A importância da assistência pré-natal na condução da restrição do crescimento fetal

cardiotocografia

Para que serve a cardiotocografia (CTG)? 

A CTG realiza o registro da frequência cardíaca fetal, atividade uterina, permitindo que a mãe registre a percepção de movimentação fetal durante o exame. Tudo isso é registrado em papel impresso, para posterior interpretação do médico. 

O objetivo principal da CTG é avaliar as condições de vitalidade do feto dentro do útero. Sabemos que quando a “incubadora” uterina não fornece condições de oferta de oxigênio e/ou glicose de forma adequada, o feto lança mão de suas reservas, que têm limite, para suprir a falta de trocas no território placentário. Esses déficits causam, tardiamente, repercussão nas características da frequência cardíaca fetal, podendo levar a desacelerações, bradicardia e, se não houver reversão do quadro, morte fetal.

Quando solicitar a cardiotocografia? 

Como qualquer outro exame complementar, a CTG tem suas indicações precisas. A principal delas é para realizar avaliação do bem-estar fetal em quaisquer situações que envolvam dúvida sobre a vitalidade fetal.  

Assim sendo, gestações de alto risco com maior frequência e gestações de baixo risco têm lugar nas indicações. Veja algumas a seguir:

1. Gestações de baixo risco: 

  • a partir de 40 semanas a cada 48 horas;
  • na internação para acompanhamento do trabalho de parto (algumas sociedades sugerem apenas a ausculta intermitente com sonar ou Pinard);
  • e nas rupturas de bolsa antes de 37 semanas. 

2. Gestações de alto risco: 

  • síndromes hipertensivas, tais como hipertensão crônica com DHEG sobreposta ou não, hipertensão gestacional, DHEG, HELLP síndrome e eclâmpsia (após estabilização materna);
  • cardiopatias maternas;
  • diabetes prévio tipo 1 ou 2 e diabetes gestacional;
  • anemias;
  • pneumopatias;
  • restrições de crescimento fetal;
  • e cardiopatias congênitas.

Como interpretar a CTG?

Faz parte desse exame algumas variáveis, como:

  • Frequência cardíacafetal
  • Movimentos fetais registrados/percebidos pela mãe
  • Movimentos fetais registrados pelo cardiotocógrafo
  • Curva de registro da atividade uterina: registra as contrações uterinas

 

No caso da frequência cardíaca fetal, inclui-se o registro dos batimentos cardíacosfetais durante o período de 20 minutos. A frequência normal, numa gestação a termo, varia entre 110 160 bpm. A variabilidade é uma avaliação dada pela médica, do pico até o nadir de cada batimento (variação beat-to-beat). Acelerações transitórias costumam ser um indicativo de bem-estar fetal, quando presentes pelo menos duas  no intervalo de 20 minutos.  

Classificação da CTG

Categoria 1 (normal):

  • FCF basal: 110–160 bpm 
  • Variabilidade: moderada 
  • Desaceleração tardia ou variável: ausente 
  • Desaceleração precoce: ausente ou presente 
  • Aceleração: presente ou ausente

Categoria 2 (inconclusiva):

Qualquer traçado não classificado como 1 ou 3. 

FCF basal

  •  Bradicardia não-acompanhada por variabilidade ausente
  •  Taquicardia

Variabilidade

  • Mínima
  • Ausente, não-acompanhada por desaceleração recorrente
  • Acentuada

Aceleração

  • Aceleração ausente ou induzida após estimulação fetal

Desaceleração periódica ou episódica

  • Desaceleração variável recorrente acompanhada por variabilidade moderada ou mínima
  • Desaceleração prolongada
  • Desaceleração tardia recorrente com variabilidade moderada
  • Desaceleração variável com outras características, como retorno lento à linha de base ou “ombros” ou “overshoots”

Categoria 3 (alta probabilidade de sofrimento fetal):

Variabilidade ausente acompanhada de pelo menos uma das situações abaixo:

  • Desaceleração tardia recorrente 
  • Desaceleração variável recorrente 
  • Bradicardia

O que fazer se identificar sofrimento fetal pela CTG? 

Quando se identificam sinais de sofrimento fetal na CTG, em geral o feto já está usando suas reservas no limite. O USG com doppler permite avaliar sinais de sofrimento fetal antecipadamente e em algumas situações reversíveis realizando-se a chamada ressuscitação intra-útero, pode-se inclusive permitir que o trabalho de parto evolua com uma supervisão mais amiúde para o parto normal.

Já quando a anormalidade é encontrada já na CTG, em geral é necessária a interrupção da gestação pela via que for mais rápida (cesárea ou parto normal iminente), uma vez que os sinais de sofrimento fetal evidentes na CTG denotam os últimos esforços fetais para manutenção da vida.

Leia também: Consulta pré-natal com o pediatra: uma abordagem necessária, mas ainda pouco conhecida

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