Caso clínico: asma descompensada durante pandemia, qual a melhor conduta?

Paciente com diagnóstico prévio de asma comparece à emergência com queixa de dispneia e tosse intermitente há quatro dias, principalmente na hora de dormir.

Paciente de 39 anos, com diagnóstico prévio de asma, comparece à emergência com queixa de há quatro dias estar apresentando dispneia e tosse intermitente, principalmente na hora de dormir. Durante a anamnese, ele confessa que não tem usado o Alenia, que havia sido prescrito pelo seu pneumologista, mas que melhora quando usa o Aerolin em casa. Teve um episódio de febre de 37,8 graus. Procurou ajuda médica, pois está com muito medo do coronavírus.

Ao exame:

  • Paciente eupneico no momento, sem sinais de esforço respiratório;
  • PA: 130×80 FC: 70 Sat: 99% em ar ambiente;
  • ACV: RCR2t;
  • AR: MVUA sem sibilância.

Qual seria a melhor conduta nesta situação?

Estamos vivendo um cenário de pandemia e precisamos estar atentos ao manejo dos casos neste contexto. No caso clínico, temos um paciente asmático, que não está seguindo o tratamento regularmente e que apresenta sinais de descompensação de asma. Além disso, apresenta sintomas que o enquadrariam como quadro suspeito de Covid-19 (tosse + dispneia + febre) em local com transmissão comunitária.

No Brasil hoje, não temos exames disponíveis para os casos de Covid-19 que não serão internados, então não temos meios para excluir esta hipótese de descompensação.

Nossa conduta será baseada nas orientações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia que lançou um documento para orientar o manejo dos pacientes asmáticos durante o período de pandemia. Neste, temos as seguintes orientações:

  • O tratamento da asma deve ser mantido na vigência de infecções virais, considerando que essas infecções são causas frequentes de crise de asma.
  • O tratamento do broncoespasmo por asma deve ser com o uso de broncodilatadores, beta-2 agonistas de curta duração e anticolinérgicos, preferencialmente administrados via inalador dosimetrado (“bombinha”) e espaçador. O uso do corticoide oral ou endovenoso está indicado nas crises mais graves e deve seguir as recomendações para tratamento da asma, já que acelera a resolução da crise e reduz a chance de recidiva.
  • Recomendamos o uso dos inaladores dosimetrados (“bombinha”) para a administração de medicamentos na crise de asma, principalmente nos serviços de pronto atendimento. O uso dos nebulizadores convencionais deve ser evitado já que gera micropartículas que podem carrear o vírus para o pulmão e para o ambiente.
  • No protocolo da Organização Mundial da Saúde de manuseio da Covid-19 não se recomenda o uso de corticoides sistêmicos (via oral, intramuscular ou via endovenosa) em pacientes com pneumonia viral, exceto quando os pacientes também apresentam exacerbação da asma ou da DPOC. Nessa situação, o risco-benefício do seu uso, deve ser considerado. Não usar corticoides sistêmicos durante uma crise grave de asma pode ter consequências sérias.
  • Os pacientes portadores de asma devem ser vacinados contra gripe e pneumococo.

Então, nossa conduta neste caso foi a seguinte:

  1. Retornar o uso regular do beta LABA (Agonista dos receptores beta2-adrenérgicos de ação longa) + corticoide inalatório.
  2. Em caso de dispneia: sulfato de salbutamol e brometo de ipratrópio, ambos em formulação spray.
  3. Isolamento domiciliar
  4. Retorno em caso de sinais de alarme, como: piora da dispneia ou do estado geral.
  5. Notificação de caso suspeito.
  6. Encaminhamento para vacinação contra gripe e pneumococo.

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