Caso Clínico: dor e “caroço” em ânus na Atenção Primária

Dona Janaína, 36 anos, vem para acompanhamento de rotina. Sua receita é renovada e o retorno marcado. Contudo, antes de sair, parece aflita.

Dona Janaína, de 36 anos, vem à Unidade Básica de Saúde para consulta com você de acompanhamento de hipertensão arterial. Sem queixas e com a pressão arterial mantendo níveis normais, sua receita é renovada e seu retorno marcado. Contudo, antes de sair, a paciente parece algo aflita.

Perguntada se tinha mais alguma coisa para relatar, após alguma resistência, traz que está, há algum tempo, com dores na região anal, com sensação de uma “bolinha” no local. Relata ainda que essas bolinhas somem por um tempo e reaparecem. Sentiu isso pela primeira vez há alguns anos, mas agora vem tendo crises mais frequentes. No momento, nega sangramento, apesar de já ter reparado em outros momentos a presença de sangue no papel higiênico. Como a dor piorou bastante há cerca de 1 semana, “tomou coragem” para falar sobre o assunto com você.

Em um primeiro momento, a paciente não queria ser examinada. Após ser explicada da importância do exame para o correto diagnóstico e tratamento, e que o mesmo seria acompanhado por uma profissional de saúde do mesmo gênero da paciente (no caso, a enfermeira da sua equipe), ela concordou.

Ao exame, é visualizado saco hemorroidário externo, sem trombose, prolapsado. É aplicado anestésico tópico e a hemorroida é reduzida com sucesso.

Reclamação de paciente na região do ânus na Atenção Primária

Qual a conduta?

Ao exame físico, na inspeção da região anal, identifica-se a hemorroida. Classifica-se, então, o grau da hemorroida, para direcionar sua conduta pela Atenção Primária, segundo as seguintes classes:

  • Grau I – ocorre apenas sangramento indolor anal; não há prolapso.
  • Grau II – há sangramento e prolapso, com redução espontânea.
  • Grau III – há sangramento e prolapso, com redução manual.
  • Grau IV – há sangramento e prolapso irredutível.

No caso da Dona Janaína, há história de sangramento, com prolapso identificado ao exame e com sua redução manual bem sucedida, classificando sua hemorroida como Grau III. Trata-se, portanto, de uma hemorroida prolapsada, com sintomas há mais de 72 horas.

Assim, as medidas a serem adotadas devem incluir banho de assento em água morna, prescrição de analgésico, orientações para regularização do trânsito intestinal, estímulo ao aumento da ingesta hídrica e encaminhamento ao proctologista. O provável tratamento especializado da Dona Janaína, na Atenção Secundária, será a Ligadura Elástica, já que o mesmo ocasiona pouca incidência de dor no pós-procedimento, retorno mais precoce ao trabalho e baixo índice de recidiva.

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Referências bibliográficas:

  • Gusso G, Lopes JMC. Tratado de Medicina de Família e Comunidade – 2ª edição. Porto Alegre: Editora Artmed, 2019.

 

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