Caso clínico: idosa com cansaço e grande alteração radiográfica

No caso clínico de hoje, uma paciente idosa chega na emergência com cansaço e grande alteração radiográfica. Qual é o diagnóstico?

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  • Paciente 73 anos, admitida na emergência com queixa de sensação de vertigem há aproximadamente 6 meses, acompanhada de cansaço intenso aos pequenos esforços iniciado há 2 meses e de dor torácica anterior em aperto de leve intensidade, irradiando para dorso, nesse período. Nega síncope/lipotimia ou outros sintomas associados.
  • HPP: Déficit auditivo (progressivo há >5 anos); História de epilepsia de início aos 16 anos (sem crise há 10 anos, sem medicamento há 7 anos). Histerectomia total há > 20 anos. Nega alergias. Nega uso de medicamentos regulares
  • H. social: Tabagismo – refere ter fumado por menos de 10 anos e parou há mais de 40 anos. Não sabe quantificar carga tabágica.

Na admissão, paciente assintomática no momento, eupneica em ar ambiente, sem dor, corada, hidratada, anictérica, acianótica, boa PCP. Déficit auditivo importante. PA: 160 x 80 mmHg FC: 29 bpm SatO2: 96%.

 

Foi diagnosticada com BAV total. Durante internação em Unidade coronariana, evoluiu com bradicardia sintomática (FC:15). Necessitando de marcapasso provisório e, posteriormente, na mesma internação, colocou marcapasso definitivo.

ECG pós-marcapasso

Na admissão, também foi realizada uma radiografia torácica:

Como podemos observar, há um alargamento importante do mediastino. Posteriormente, a paciente fez uma tomografia que revelou uma alteração impressionante: Aneurisma de aorta de aproximadamente 10 cm.

O ECOTT revelava:

  • FEVE 61% (Tei), Função sistólica global do VE normal e análise segmentar do VE normal;
  • Valva aórtica bicúspide, calcificada com restrição à abertura e com regurgitação leve associada.

Paciente evoluiu bem após o marcapasso, ficando assintomática. Porém, havia uma decisão importante a tomar. Abordar ou não o aneurisma cirurgicamente? A equipe médica discutiu com a família os riscos e benefícios do procedimento. A cirurgia seria longa, um procedimento com alta taxa de mortalidade.

Por outro lado, o rompimento deste aneurisma também poderia ser catastrófico para a paciente. Tendo em vista sua idade avançada, a paciente e seus familiares optaram por não abordar o aneurisma neste momento. Recebeu alta para acompanhamento ambulatorial.

Considerações sobre os aneurisma de aorta torácica

  • O aneurisma da aorta torácica (AAT) representa aproximadamente um terço das internações de aneurisma aórtico, sendo o restante dos casos relacionado à doença da aorta abdominal.
  • A maioria dos pacientes com AAT não apresenta sintomas. Aneurismas que produzem sintomas são tipicamente muito grandes e estão em risco aumentado de ruptura, o que está associado a altas taxas de mortalidade. Quando os sintomas ocorrem, os pacientes podem apresentar dor torácica ou nas costas, ou sintomas relacionados à compressão das estruturas vizinhas, levando à disfunção do nervo, ou compressão arterial, causando isquemia ou tromboembolismo.
  • Nossa paciente apresentava dois fatores de risco para aneurisma: tabagismo e valva aórtica bicúspide. Outros fatores que devem ser investigados: Condições de alto risco (síndrome de Marfan, síndrome de Loeys-Dietz, síndrome de Ehlers-Danlos vascular, síndrome de Turner ou outra doença do tecido conjuntivo), dissecção prévia de aorta, história familiar de dissecção aórtica ou aneurisma da aorta torácica, aneurisma cerebral.

*Agradecimentos ao Dr Eduardo Alvares por colaborar com a elaboração do caso clínico.

 

Referências:

  • Y Joseph Woo, MDChristina L Greene, MD. Clinical manifestations and diagnosis of thoracic aortic aneurysm. Uptodate.

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