Caso clínico: Paciente com lesões violáceas disseminadas, diarreia e edema de membros inferiores

Paciente de 51 anos, sexo feminino, com diagnóstico de HIV, procura atendimento médico por queixa de lesões violáceas, e outras enfermidades.

Paciente de 51 anos, sexo feminino, com diagnóstico de HIV há 2 meses, procura atendimento médico por queixa de lesões violáceas, algumas verrucosas, outras ulceradas, disseminadas (incluindo cavidade oral), diarreia aquosa, epigastralgia, edema de membros inferiores e emagrecimento (cerca de 10 quilos em 2 meses).

Está em uso regular de terapia antirretroviral de primeira escolha (tenofovir, lamivudina, dolutegravir).

Na época do diagnóstico apresentava CD4 25 (4,38%) e carga viral 348304 (log 5,542). Hoje apresenta CD4 249 (11,50%)/ CV 3065 (log 3,315).

caso clínico

Qual o diagnóstico provável?

O Sarcoma de Kaposi (SK), causado pelo vírus herpes 8, foi descrito pela primeira vez em 1872 pelo dermatologista húngaro Moritz Kaposi. Apenas nos anos 1980 foi aventada a possibilidade de etiologia infecciosa para essa neoplasia, principalmente pela observação do aumento da incidência de SK na população de homens que fazem sexo com homens, infectados pelo vírus do HIV. Inclusive, esse foi um dos gatilhos para a descoberta da epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS). Embora a incidência de SK tenha declinado desde a implantação da terapia antirretroviral combinada (TARc), ele persiste como importante problema clínico (é a mais frequente neoplasia em pacientes que vivem com HIV). Sendo responsável por grande morbimortalidade.

Por que a paciente supracitada apresentou piora do quadro após início da TARc?

O grande benefício da TARc é a inibição da replicação viral. Isso possibilita a restauração da resposta imune e, com isso, pode haver uma inesperada deterioração clínica, conhecida como síndrome inflamatória de reconstituição imune (do inglês, IRIS). A IRIS é atribuída a uma desregulação do sistema imune durante o processo de reconstituição, levando à manifestação clínica de doenças antes assintomáticas ou piora paradoxal de doenças pré-existentes. Notem como no período de 2 meses houve queda de 2 log de carga viral e aumento expressivo (10x) do CD4.

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