Casos de insônia entre profissionais da saúde aumentam durante a pandemia

Mais de 41% dos profissionais de saúde sofrem com a insônia, e 13% já fazem uso de tratamentos medicamentosos, segundo dados de estudo.

Mais de 41% dos profissionais de saúde sofrem com a insônia, sendo que 13% já fazem uso de tratamentos medicamentosos, segundo dados de um estudo desenvolvido por pesquisadores das Faculdades de Medicina e de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

O levantamento foi realizado com 4.384 profissionais da saúde, que revelou novas queixas de insônia ou piora desse quadro durante o prolongamento da pandemia. O estudo, cujo autor principal é o professor Luciano Drager, da Faculdade de Medicina, foi publicado na plataforma medRxiv.

A pesquisa foi aplicada utilizando um questionário on-line em junho de 2020, com abrangência em todas as regiões, elaborado pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS).

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Casos de insônia entre profissionais da saúde aumentam durante a pandemia

Mais dados revelados

Com média de 44 anos, 76% dos participantes eram mulheres. Quase 54% eram médicos ou médicas, entre enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos. Entre eles, 55,7% estavam atuando nos cuidados de pacientes com a Covid-19 e 9,2% informaram já ter caso de infecção pelo vírus. A ansiedade prevalecia em 44,2% dos entrevistados e o burnout em 21% deles.

Os resultados demonstram que os profissionais de saúde já estavam sofrendo os efeitos da pandemia após poucos meses de trabalho durante a pandemia, o que significa que hoje, um ano depois, a situação deve ter piorado.  

Além disso, o desempenho dos profissionais durante o trabalho pode ser comprometido, além da dependência de tratamentos farmacológicos a longo prazo.

Segundo a professora Cláudia Moreno, coautora do estudo e vice-presidente da ABMS, sem mudanças nessa condição esses trabalhadores continuaram sendo expostos a erros de ordem médica e de atenção no cuidado aos pacientes, além da possibilidade do desenvolvimento e agravo de problemas de saúde.

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Também é apontada a urgência de programas dedicados ao sono e à saúde mental para profissionais que atuem na área da saúde. “É necessário avaliar a carga horária de trabalho desses profissionais, de modo a lhes dar tempo para descanso e recuperação”, afirmou Cláudia Moreno, em entrevista ao Portal da USP.

Insônia é considerada epidemia na pandemia

Um estudo mais recente, publicado no Journal of Clinical Sleep Medicine, envolveu 678 profissionais, como médicos, enfermeiras e assistentes hospitalares. Foi verificado um aumento de 44% nos casos de insônia nesse grupo em relação ao período anterior à pandemia.

“Existem muitos estudos que examinam os problemas de insônia do sono em resposta a desastres naturais como um terremoto no Peru ou um tufão em Taiwan, mas este é um estresse universal”, disse o autor da pesquisa, o médico Vaughn McCall, presidente do Departamento de Psiquiatria e Comportamento de Saúde do Medical College of Georgia. 

Apesar do aumento da insônia, entre o grupo de profissionais de saúde, 10% relataram melhora no sono após o início da pandemia de Covid-19. A constatação foi realizada em um relatório com 17 questões e o resultado surpreendeu os envolvidos na pesquisa.

A principal preocupação dos especialistas é o risco de combinar insônia e ansiedade devido à pandemia, que pode levar ao suicídio e outros transtornos. É esperado que, quando a pandemia acabar, a taxa de insônia entre os profissionais de saúde diminua, com uma nova análise sendo realizada para verificar isso.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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