Casos de internações pediátricas com infecções respiratórias virais aumentam no Brasil

Casos de crianças internadas com infecções respiratórias virais têm crescido desde o começo do ano. E não é por causa da Covid-19.

Casos de crianças internadas com infecções respiratórias virais têm crescido gradativamente desde o começo de 2021. E não é por causa da Covid-19, como poderíamos imaginar de imediato.

“Todos os anos, entre março e junho/julho, temos um pico de casos de doenças respiratórias, como a bronquiolite, então já era esperado esse aumento. No ano passado, não chegamos a ver tantos casos devido ao isolamento social iniciado no meio de março. Porém, em 2021, com a volta das aulas presenciais, voltamos a ver aumento dos casos”, explica a pediatra Patrícia Rezende, coordenadora da unidade de internação do Grupo Prontobaby, no Rio de Janeiro, em entrevista ao Portal PEBMED.

O retorno às aulas presenciais tem aumentado a transmissão do vírus sincicial respiratório (VSR), principal causa da bronquiolite.

Especialistas alertam que 100% das crianças vão ter VSR até os dois anos de idade. Geralmente é uma doença muito leve. Mas cerca de 2% das crianças têm dificuldade de respirar e precisam ser hospitalizadas.

bebê internado em UTI devido a infecções respiratórias virais, como bronquiolite

Bronquiolite

O VSR é responsável por 50 a 80% dos casos de bronquiolite nas crianças.

Muitas vezes, a bronquiolite começa do mesmo jeito que um resfriado comum, com coriza, nariz entupido, espirros, tosse seca e febre baixa. Entretanto, com o passar dos dias, ao invés do quadro melhorar, os médicos observam a piora do padrão da tosse, muitas vezes com esforço para respirar.

“Esses primeiros sinais aparecem de três a cinco dias antes do início do chiado no peito. Outros sinais comuns são o cansaço, a taquipnéia, a hipoxemia e sintomas de esforço respiratório, como batimento de asa de nariz, aparência de barriga afundando e deixando em evidência a última costela ou os espaços entre as costelas”, lista a pneumologista pediátrica Brunna Santana, do Grupo Prontobaby.

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As crianças menores de dois anos são as principais afetadas pela doença. A infecção por VSR tem fortes efeitos, especialmente em bebês prematuros ou nascidos com cardiopatias congênitas.

Esse tipo de infecção é uma das principais causas de internações em crianças, podendo resultar problemas respiratórios por longos períodos (até 12 anos de idade) e, em alguns casos, levar ao óbito.

“Na maioria das vezes, a bronquiolite é uma doença viral que cursa sem muitas complicações. Apenas uma minoria dos casos vai necessitar de internação hospitalar. Se a criança está resfriada e não está melhorando, deve ser avaliada pelo pediatra assistente. Em caso de esforço para respirar, os médicos devem orientar os pais a procurar uma emergência com urgência”, alerta a pediatra Patrícia Rezende.

Diagnóstico e tratamento

Por ser um vírus respiratório semelhante ao novo coronavírus, o contágio ocorre pelo ar ou por objetos e superfícies que possam estar contaminadas, como mesas e cadeiras escolares.

O diagnóstico é clínico, realizado a partir do histórico de saúde do paciente e dos sintomas apresentados. Exames complementares, como raio X e hemograma, em geral, servem para investigar a existência de complicações.

O tratamento padrão consiste em controlar a febre e manter a criança hidratada. Nos casos em que há queda de saturação é indicado internação hospitalar para fornecer oxigênio.

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No entanto, as crianças que fazem parte do grupo de risco podem receber um anticorpo monoclonal específico contra o vírus sincicial respiratório (VSR), que evita hospitalizações e formas graves da enfermidade. Este anticorpo apresenta atividade neutralizante e inibitória de fusão contra o VSR.

“Esse anticorpo monoclonal específico pode ser conseguido gratuitamente e pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelos planos de saúde para crianças menores de um ano de idade e que nasceram com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas e seis dias, ou até os dois anos com doença pulmonar crônica da prematuridade ou doença cardíaca congênita”, explica a pediatra.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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