Casos de poliomielite ressurgem em Israel e Malawi

Embora seja imunoprevenível e esteja controlada na maioria dos países, ocorreram relatos de casos de poliomielite no Malawi e em Israel.

Apesar de ser uma doença imunoprevenível e de estar controlada na maioria dos países, o relato recente de casos de poliomielite no Malawi e em Israel chamou a atenção da comunidade internacional. A detecção de novos casos em países que eram considerados livres da doença demonstra a possibilidade de reintrodução quando a cobertura vacinal não é adequada.

Casos de poliomielite ressurgem em Israel e Malawi

Poliomielite: o que é e qual sua importância?

A poliomielite é uma doença causada por enterovírus capazes de causar comprometimento neurológico em humanos, podendo evoluir para quadriplegia permanente, insuficiência respiratória e morte. É considerada uma doença altamente contagiosa, com transmissão pessoa-a-pessoa por via fecal-oral ou, de forma menos frequente, por fonte comum, como água ou comida contaminada.

Dos 3 tipos de poliovírus selvagem, os tipos 2 e 3 foram erradicados globalmente, mas o tipo 1 selvagem continua a causar infecções, permanecendo endêmico no Paquistão e Afeganistão. O tipo 2 é associado à doença vacinal.

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Caso no Malawi

Em 17 de fevereiro de 2022, autoridades sanitárias do Malawi comunicaram um surto de poliomielite à Organização Mundial da Saúde (OMS). Trata-se de uma criança abaixo de 5 anos que desenvolveu paralisia flácida aguda. Inicialmente, o caso foi associado ao tipo 2, mas sequenciamento posterior de vírus isolados em amostras de fezes confirmou infecção por poliovírus tipo 1. A análise do vírus isolado evidenciou ligação genética com uma cepa circulante no Paquistão, detectada em 2020.

Segundo comunicado da OMS, o risco de surto a nível nacional no Malawi é considerado alto no momento, principalmente devido à alta densidade populacional, à baixa cobertura vacinal (<80%), ao elevado número de indivíduos suscetíveis e ausência de vigilância ambiental e vigilância subótima de casos de paralisia flácida aguda. A nível regional, o risco é considerado moderado devido ao significativo movimento populacional entre Malawi e Moçambique, à cobertura vacinal abaixo do ideal nos países adjacentes e vigilância subótima de casos de paralisia flácida aguda. O risco a nível global permanece baixo.

Trata-se do primeiro caso de poliomielite por vírus selvagem no país desde 1992. O último caso de pólio selvagem na África foi detectado em 2016, na Nigéria, e o continente foi declarado como região livre de pólio em agosto de 2020. Por ser considerado como caso importado do Paquistão, a detecção dessa infecção não afeta no momento o status da África em relação à doença.

Caso em Israel

Em março de 2022, o Ministério da Saúde de Israel também divulgou a detecção de um caso de poliomielite selvagem. Trata-se de uma criança de 4 anos, não vacinada, em Jerusalém. O último caso de pólio no país foi notificado em 1989. Acredita-se que a cepa relacionada seja decorrente de uma mutação, mas investigação epidemiológica ainda está em andamento.

A situação no Brasil

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da poliomielite em 1994, com o último caso de doença por vírus selvagem em 1989, na Paraíba.

Em relação aos índices de vacinação contra a doença, nota-se que as taxas vêm caindo a níveis alarmantes nos últimos anos. Segundo anúncio do Ministério da Saúde, em 2019 a cobertura vacinal era de aproximadamente 84%. Já em 2020, esse número caiu para 76%, e em 2021, para 59,82%.

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O que esses casos representam?

Apesar de serem somente 2 casos notificados, o que chama atenção é sua ocorrência em áreas consideradas livres da doença, sem casos por vírus selvagem há décadas. Em comum, destaca-se a ausência de cobertura vacinal adequada.

A detecção desses casos demonstra que, enquanto houver vírus selvagem em circulação — como ocorre no Paquistão e no Afeganistão —, é necessário manter uma alta cobertura vacinal na população, mesmo em regiões em que há não relatos de infecção. A grande mobilidade populacional e fluxo migratório do mundo globalizado torna essa questão ainda mais importante.

As infecções divulgadas no Malawi e em Israel mostram a possibilidade de reintrodução da poliomielite em regiões consideradas livres de circulação do vírus. Considerando que não há tratamento específico para a doença, a melhor estratégia de controle é a prevenção por meio da vacinação.

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