Causas de falso-positivo em testes de HIV

A acurácia dos métodos diagnósticos de HIV tem grande importância. Deve-se estar atento à possibilidade de falso-positivos na prática clínica.

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O diagnóstico e tratamento precoces da infecção pelo HIV são essenciais para evitar o desenvolvimento de infecções oportunistas e interromper a cadeia de transmissão. Ao mesmo tempo, apesar do avanço no tratamento, o diagnóstico dessa condição ainda carrega uma grande carga social e psicológica. Por esses motivos, a acurácia dos métodos diagnósticos ganha grande importância e deve-se estar atento à possibilidade de falso-positivos e falso- negativos na prática clínica.

Ao longo dos anos, os métodos de detecção do vírus HIV passaram por diversos aperfeiçoamentos, tornando-se cada vez mais sensíveis e específicos. Entre as variadas técnicas, algumas são utilizadas para rastreio e diagnóstico, enquanto outras são mais adequadas como testes confirmatórios. Para diagnóstico, atualmente os testes mais utilizados são os baseados em imunoensaios, sejam os testes rápidos ou os testes convencionais, como ELISA.

Os imunoensaios convencionais de terceira geração são capazes de detectar anticorpos anti-HIV IgM e IgG, enquanto os de quarta geração são capazes de detectar esses anticorpos e a presença do antígeno viral p24. Já os testes rápidos são imunoensaios simples, que podem ser executados de forma rápida e presencial, com resultados em 30 minutos.

A maior capacidade diagnóstica desses testes, que detectam marcadores precoces de infecção, resultou em uma maior sensibilidade e redução no período de latência diagnóstica. Com esses métodos, a chamada “janela imunológica”, em que um indivíduo infectado apresenta resultado negativo por ainda não apresentar soroconversão, é de aproximadamente 20 a 30 dias para os ensaios de terceira geração e de 15 dias para os de quarta.

Entretanto, existem situações que podem resultar em um teste falso-positivo. Isto é, um resultado reagente em uma pessoa não infectada pelo vírus HIV. Tal fenômeno é descrito na presença de alguns fatores, conforme descrito na literatura:

  • Doenças autoimunes, tais como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, tireoidites autoimunes e síndrome de Steven-Johnson;
  • Hepatopatias medicamentosas ou por álcool;
  • Pacientes hemodialisados ou em terapia com interferon;
  • Pacientes com história de múltiplas hemotransfusões;
  • Vacinação recente contra H1N1;
  • Aquisição passiva de anticorpos anti-HIV maternos;
  • Gestação.

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Acredita-se que a presença de aloanticorpos seja responsável pelos resultados falso-reagentes nessas populações. Contudo, deve-se destacar que a maioria dos relatos de reações cruzadas ocorreram antes da implementação das gerações mais novas de métodos diagnósticos.

Como via de regra, todo resultado –  positivo ou negativo – deve ser analisado levando-se em consideração o contexto clínico, a presença de fatores de risco e a prevalência da doença na população. Quanto maior a probabilidade pré-teste de um resultado positivo em um determinado indivíduo, maior a probabilidade de um resultado positivo ser verdadeiro. Da mesma forma, quanto menor a probabilidade pré-teste de um resultado positivo, maior a probabilidade de um resultado positivo ser na verdade falso-positivo.

Os resultados positivos de imunoensaios devem ser confirmados por meio de métodos complementares, sendo o Western-Blot o mais difundido. Testes moleculares, com a detecção do RNA viral também podem ser utilizados como meio confirmatório em alguns contextos, especialmente o de suspeita de infecção aguda pelo vírus HIV ou quando outros métodos complementares apresentarem resultados indeterminados.

Outras considerações

  • Testes baseados em imunoensaios não são adequados para o diagnóstico de infecção pelo HIV em crianças menores de 18 meses. Pois podem detectar anticorpos maternos transmitidos passivamente. O diagnóstico de transmissão vertical deve ser baseado em métodos moleculares;
  • Os imunoensaios podem não ser adequados no contexto de suspeita de infecção aguda. Nesses casos, em que o paciente apresenta a chamada síndrome retroviral aguda, caracterizada por manifestações inespecíficas como febre, cefaleia, astenia, faringite, linfonodomegalia, exantema e mialgia (síndrome mononucleose-like), a realização de testes moleculares configura melhor estratégia para diagnóstico.
  • O Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças apresenta os fluxogramas recomendados pelo Ministério da Saúde para o diagnóstico de HIV em diversos contextos.
  • Apesar de gestantes apresentarem um maior percentual de falso-positivos, a instituição de medidas de profilaxia para transmissão vertical no contexto de um teste rápido na maternidade não deve ser adiada aguardando confirmação do diagnóstico, devendo ser instituída o mais precocemente possível.

 

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