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Muito tem-se discutido sobre a crescente resistência de bactérias às principais classes de antimicrobianos existentes. Pesquisadores estão em busca de uma maneira eficaz de vencer essa barreira e combater doenças causadas pela bactérias. Esse é um dos temas da palestra desta quinta, 29 de novembro, ministrada pela infectologista e professora da UNIFESP Ana Gales no Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2018).
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De acordo com dados da OMS, a resistência bacteriana conjuntamente ao aquecimento global representa um risco a saúde humana na Terra. Ao se estimar o impacto de morres atribuíveis à resistência bacteriana, encontra-se um quantitativo de 10 milhões de pessoas até 2050, o que seria uma morte a cada 3 segundos.
Esse impacto humano implica em custos, tanto no tocante aos gastos com internação quanto a diminuição da população economicamente ativa. O que diminui o medo com relação ao futuro, é que o mesmo prognóstico aterrador foi dado para o HIV; porém, com o advento do coquetel, principalmente os inibidores de protease, essa perspectiva não se realizou e a taxa de mortalidade não foi tão expressiva quanto se esperava.
Alguns exemplos citados pela palestrante, foram:
- Foi observada redução da sensibilidade de K. Pneumoniae a carbapenêmicos devido ao aumento da quantidade de cepas resistentes por produção de betalactamase.
- No Brasil, há disseminação de KPC (2), com predomínio da CC258. Há variação epidemiológica de acordo com o estado. Apesar das diversas concentrações, nota-se distribuição nacional.
- Foi isolado cepas de KPC resistentes à polimixina, isso se deve ao aumento do uso dessa droga.
- Espécies de P. aeruginosa resistentes tornam-se assim por uma série de mecanismos que desenvolvem como hiperexpressão de sistemas de efluxo, modificação em suas aquaporinas, produção de carbapenemases.
- Crescimento de cepas de Acinetobacter com genes codificadores de carbapenemases.
- Resistência bacteriana e ameaça à sobrevivência humana na terra.
- Impacta os desfechos clínicos.
- Impacto maior nos países subdesenvolvidos da África e Ásia.
- Impacto importante no PIB mundial.
- Medidas estão sendo tomadas.
- A Anvisa tem um plano de combate à resistência bacteriana.
- Plano nacional dos ministérios da Agricultura e Agropecuária.
- Principais patógenos no relatório da Anvisa são Klebisiela e estafilococos coagulase–negativa (ECN).
- Principal mecanismo de resistência é betalactamase.
- Resistência à polimixina.
- KPC 2 está distribuída em várias especies e disseminou-se no brasil.
- Consumo de carbapenêmicos sofreu uma elevação importante a partir 2011.
- Pressão seletiva da colistina faz com que haja aumento de bactérias MDR.
- Resistência â polimixina em São Paulo teve aumento importante.
- Mortalidade por KPC com monoterapia e superior do que com terapia combinada.
- Taxa resistência a carbapenêmicos é alta.
- É muito importante que haja trabalho em conjunto entre infectologistas e intensivistas.
Todos esses dados, conscientizam quanto à necessidade do uso racional de antibioticoterapia. E quanto a isso, a palestrante já nos orienta: o melhor é a terapia combinada, raramente deve-se adotar a monoterapia.
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*Artigo produzido com colaboração de Dayanna Quintanilha
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