CBMI 2020: Cardiointensivismo na Covid-19

Em mais uma sessão temática com excelentes discussões, assuntos do cardiointensivismo dentro da Covid-19 foram discutidos.

A Covid-19 se tornou tema central em vários congressos médicos. Não tem sido diferente no Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2020). Em mais uma sessão temática com excelentes discussões, assuntos do cardiointensivismo dentro da Covid-19 foram discutidos.

Através de tópicos, veja os principais destaques da sessão.

Miocardite e Covid-19

  1. Diversos mecanismos da injúria miocárdica na Covid-19, podendo ser infiltrado linfocítico, macrofágico ou até mesmo mecanismo trombótico.
  2. A miocardite associada ao SARS-CoV-2 é caracterizada pela presença de um infiltrado inflamatório linfocítico associado com lesão do miócito em múltiplos focos sem outra causa aparente.
  3. Tratamento: evitar drogas cronotrópicas negativas para tratamento da taquicardia sinusal; evitar AINH; em caso de choque cardiogênico, considerar ECMO, DAVA, BIA; considerar corticoides ou IgEV se confirmada miocardite sem sinais de infecção viral ativa; considerar tocilizumabe em casos graves

Anticoagulação na Covid-19: qual a melhor estratégia?

  1. O mecanismo trombótico na Covid-19 parece ser diferente: imunotrombose
  2. Pacientes com quadros graves da Covid-19 estão sob alto risco de trombose venosa
  3. Recomendações atuais, baseados nos guidelines mais recentes: em pacientes graves hospitalizados com Covid-19, recomenda-se dose padrão de tromboprofilaxia com anticoagulantes em detrimento a doses intermediárias ou doses de anticoagulação.
  4. Qual a dose apropriada da anticoagulação? A resposta ainda não está definida. Clinical trials são aguardados para esclarecer qual a melhor dose.  Balança delicada (risco de sangramento, complicações relacionadas à droga…): dose terapêutica x dose profilática.

Disfunção miocárdica na Covid-19

  • Pacientes com doenças cardiovasculares e metabólicas são de maior risco de infecção e de desenvolvimento da forma grave da Covid-19;
  • O vírus SARS-CoV-2 pode lesar o sistema cardiovascular através de diversos mecanismos, levando a um aumento considerável de morbimortalidade;
  • Pacientes graves com doenças cardiovasculares prévias, internados com Covid-19 devem ser monitorizados, assim como os pacientes que desenvolvem disfunção miocárdica durante a infecção;
  • De uma maneira geral, o tratamento da disfunção miocárdica neste cenário segue as diretrizes vigentes.

Intervalo QT: vilão antes mesmo da COVID-19?

  • Pacientes hospitalizados tem fatores de risco que facilitam resposta pró-arrítmica: idade avançada, cardiopatia estrutural…
  • A síndrome do QT longo consiste em distúrbio da condução elétrica miocárdica (repolarização ventricular), que aumenta a vulnerabilidade para a formação de taquiarritmias ventriculares graves (Torsade de Pointes) e propicia Morte Súbita (MS);
  • Drogas amplamente utilizadas durante a pandemia (hidroxicloroquina e cloroquina) geralmente são bem toleradas. No entanto, é necessário que médicos e pacientes tenham consciência de eventos adversos graves que podem ocorrer, mesmo em períodos curtos de tratamento;
  • O intervalo QT não é só do intensivista. O farmacêutico clínico também cumpre papel importante na avaliação do risco, prevenção e manejo dessa condição.

PCR e RCP: o que muda na Covid-19?

  1. Proteção da equipe e segurança da cena são itens fundamentais.
  2. Afora a questão da paramentação (padrão + aerossol), o atendimento do suporte básico de vida não muda. No item ventilação, é dada preferência à utilização de dispositivo bolsa-válvula-máscara, com filtro HEPA e dois profissionais dedicados para via aérea.
  3. No suporte avançado de vida, recomenda-se tentar o acesso à via aérea invasiva o quanto antes.
  4. PCR na VM: não desconectar o paciente automaticamente do ventilador mecânico. Manter o paciente na VM e ajustar os seguintes parâmetros: FiO2 100%; VC 6 mL por kg; Ti 1s; FR 10 rpm; PEEP zero; alarme pressão 60 cmH2O; alarmes de volume minuto máximo e mínimo de cada aparelho; alarme de tempo de apneia de 60 segundos; sensibilidade – menos sensível (“mais difícil”); alguns ventiladores possuem a função RCP/PCR.
  5. PCR em posição prona: a primeira opção é despronar e continuar a RCP em posição supina. Caso não seja possível retornar à posição supina imediatamente: iniciar o atendimento com a compressão interescapular; aferir a qualidade da compressão através da capnografia (> 10 mmHg) e da pressão diastólica da PAM (> 20 mmHg) se disponível; retornar para supina o mais breve possível

Estamos acompanhando o CBMI 2020. Fique ligado!

Veja mais do evento:

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.