Cerclagem em gestações gemelares reduz mortalidade perinatal?

A cerclagem está bastante discutida na literatura para gestações únicas, com antecedentes de partos prematuros extremos, mas e para gestações gemelares?

A realização de cerclagem está bastante discutida na literatura para gestações únicas, com antecedentes de partos prematuros extremos, devendo ser realizada entre 11 e 14 semanas de gravidez, caso não existam contra indicações. Nas gestações gemelares não haviam estudos, até o momento, que ajudassem a evitar a mortalidade já em maior número por outras possíveis complicações relacionadas exclusivamente ao fato da gestação ser gemelar.

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Mulher em gestação gemelar considera a opção de realizar cerclagem oferecida pelo médico para gestações gemelares

Estudo recente sobre cerclagem em gestações gemelares

Trata-se de estudo muito interessante realizado com o uso da cerclagem a partir de 16 a 24 semanas em gestações gemelares como forma de postergar o parto até uma idade viável.

A amostra bastante pequena de 30 pacientes de 8 centros diferentes num período de 4 anos (2015 a 2019) mostra a raridade desses casos. Além do quão difíceis podem ser as condutas em tais situações.

Em um trabalho randomizado duplo cego compararam gestantes com gestações gemelares sem outras comorbidades obstétricas possíveis em gestações gemelares. Foram excluídas monocoriônicas e monoamnióticas, restrições de crescimento fetais, placenta prévia, síndromes de transfusão feto-fetal, malformações, outras anomalias genéticas, gestações em trabalho de parto ou com corioamnionite. As idades gestacionais variavam de 16 semanas a 23 semanas 6 dias com dilatação de 1 a 4 cm. Outras idades gestacionais ou com colos mais dilatados eram excluídos do estudo.

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Interrupção do estudo

O estudo foi interrompido antes do seu final por orientação dos coordenadores. Uma vez que observaram uma melhora significativa na mortalidade no grupo que realizou a cerclagem; devendo oferecer o mesmo tratamento ao grupo que não recebia cerclagem. A verificação era realizada por exame físico especular para indicação do procedimento. A mortalidade no grupo da cerclagem era de 18% contra 77% no grupo que não realizava o procedimento.

A cerclagem em gestações gemelares ainda é bastante controversa em livros texto e artigos de literatura. Contudo, com esse estudo bem desenhado e reprodutível temos um norte a ser perseguido na melhora da assistência à saúde materno-fetal, através da realização da cerclagem em pacientes com gestações gemelares de 16 a 24 semanas com até 4 cm de dilatação.

Referências bibliográficas:

  • Roman A, et al. Physical Exam Indicated Cerclage in Twin pregnancy: a Randomized Controlled Trial. American Journal of Obstetrics and Gynecology, 2020. doi: 1016/j.ajog.2020.06.047.

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