Cinco itens que todo médico deveria saber sobre atendimento domiciliar ao idoso

A atendimento domiciliar ao idoso é um modelo prático, dinâmico e único, que beneficia não apenas adultos mais velhos vulneráveis ​​e suas famílias. Saiba mais:

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Receber a visita do médico em domicílio é uma prática histórica que evoca surpresa e nostalgia. Uma visita domiciliar pode fomentar a relação médico-paciente e melhorar a compreensão do médico sobre o ambiente e os sistemas de apoio do paciente. Este é um modelo dinâmico e único, já presente no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da Estratégia Saúde da Família e que tem se tornado uma realidade cada vez mais comum em vários lugares do mundo, inclusive nos atendimentos privados, com previsão de crescimento associado ao prolongamento da expectativa de vida que se observou nas últimas décadas.

Com a crescente população de idosos com morbidades múltiplas e complexas, comprometimento funcional e desafios significativos no acesso a atendimento médico centrado no consultório, as necessidades de saúde de muitos desses pacientes em casa podem ser atendidas por equipes multidisciplinares que realizam atendimento domiciliar. Trata-se de um modelo distinto, focado em atendimento primário, mas que inclui também visitas de cuidados transicionais após a hospitalização, home care e cuidados paliativos domiciliares.

1. Equipe multidisciplinar é essencial para o sucesso dos atendimentos domiciliares

Mesmo que os atendimentos domiciliares evoquem imagens de atendimento solo, centrado no médico, eles são quase sempre baseados em equipe. Na verdade, o uso de equipes interdisciplinares na coordenação do atendimento de pacientes complexos é um dos principais fatores que pode estar associado a melhores desfechos. As características dos programas de atendimentos domiciliares bem-sucedidos incluem reuniões interdisciplinares agendadas com a equipe composta por médicos, profissionais de Enfermagem, assistentes sociais, nutricionistas, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas.

Uma revisão sistemática recente revelou quatro situações no contexto da visita domiciliar que estiveram relacionados com cuidados de alta qualidade: uso de registros médicos eletrônicos, reuniões interdisciplinares de equipe, avaliações padronizadas do paciente e o uso de comunicações eletrônicas seguras (e-messaging). É importante, portanto, aconselhar os pacientes e cuidadores que as visitas podem incluir a presença de vários membros da equipe.

A modernização dos serviços de saúde móvel expandiu, ainda, a capacidade dos profissionais de solicitar exames complementares em domicílio, como eletrocardiogramas, ecocardiogramas, raios X, ultrassonografias, ou outros necessários para assistência ao paciente. Os médicos que praticam cuidados domiciliares devem conhecer a disponibilidade local de tecnologias domésticas para prestar cuidados de alta qualidade.

2. O que levar na visita domiciliar?

O atendimento domiciliar inclui equipamentos médicos para verificar os sinais vitais, suprimentos laboratoriais simples e materiais para realizar pequenos procedimentos e um prontuário do paciente ou laptop/tablet para acesso remoto ao registro médico eletrônico (Quadro 1). Uma revisão de prontuários antes da visita permite ao médico preparar-se com informações sobre os recursos relevantes na comunidade, bem como metas educacionais, como intervenções não farmacológicas (orientações/educação em saúde) para o manejo comportamental do paciente idoso.

Quadro 1. Suprimentos para levar na “maleta” do médico
Sinais Vitais Exame físico Procedimentos menores Flebotomia Suprimento para curativos
Oxímetro de Pulso Estetoscópio Kits de Sutura Gazes Salina
Aparelhos de pressão arterial com braçadeiras de diversos tamanhos Otoscópio/ oftalmoscópio recarregáveis Escalpes de tamanhos diversos Agulhas borboletas 23G ou menores Compressa de Gaze Estéril
Termômetro digital Lanterna clínica Seringas e agulhas Tubos para coleta de sangue Curativo hidrocoloide
Balança digital Diapasão e martelo de reflexos Iodopovidona Container de agulhas Pomada de hidrogel
Máscaras N95 / roupa de proteção Lubrificante à base de água (e.g. K.Y., K-Med) Torniquete Antibiótico tópico
Lata de lixo, incluindo saco de risco biológico Especulo vaginal descartável Luvas de procedimentos Bandagem Elástica
Glicosímetro Desinfetante para as mãos

3. Segurança domiciliar para o médico e para paciente

O ambiente doméstico requer atenção para a segurança do paciente e de todos os membros da equipe visitante. Deve-se evitar o uso de um jaleco branco e uso de adereços muito sofisticados para reduzir risco potencial de roubo na comunidade. Telefone celular ao alcance ou carregador de celulares e laptop disponíveis é crucial para manter a comunicação em caso de emergência.

Leia maisQual o papel do médico de família na prática de cuidados paliativos?

O controle da infecção em casa é tão importante quanto no consultório ou no hospital. Os provedores devem rotineiramente disponibilizar barreiras descartáveis ​​para proteger tanto o médico quanto o paciente de doenças infecciosas. Uma caixa de perfurocortantes é essencial para realizar flebotomia ou injeções no domicílio. Os membros da família podem solicitar que o médico ajude com a transferência do paciente. O médico deve procurar dispositivos apropriados (andador, cinto de marcha, elevador Hoyer) para ajudar na transferência, apenas se sentir confortável, e deve sempre usar técnicas ergonomicamente seguras.

4. Cuidados paliativos em domicílio

Devido à imobilidade, fragilidade e comorbidades de muitos idosos, os cuidados paliativos integrados são um componente essencial dos cuidados domiciliários para pacientes com expectativa de vida limitada. O lar foi identificado como o local preferido para os cuidados no final da vida, com benefícios percebidos, como receber cuidados da família e dos amigos, um ambiente familiar, e não estar fisicamente sozinho. Assim, a competência básica e conhecimentos em cuidados paliativos é necessária para equipes que realizam cuidados de saúde em domicílio e medicamentos para manejo da dor e para controle dos sintomas associados a terminalidade devem estar acessíveis.

5. Fazer visita domiciliar é um privilégio

A visita domiciliar pode gerar uma mudança na dinâmica usual da relação médico-paciente. É importante respeitar a casa do paciente e reconhecer a vulnerabilidade associada a permitir que um médico entre na casa. Os cuidados domiciliares podem envolver perda de privacidade, bem como intrusão no espaço pessoal. Os pacientes, em situação de vulnerabilidade, geralmente sentem a necessidade de confiar completamente no médico. Essas considerações enfatizam a importância de demonstrar respeito e preocupação na casa do paciente.

Concluindo, o atendimento domiciliar ao idoso é um modelo prático, dinâmico e único, beneficia não apenas adultos mais velhos vulneráveis ​​e suas famílias, mas também, no contexto da formação médica, ensina os alunos a pensar de maneira holística e lembra os provedores do privilégio de prestar assistência médica. Como o valor desse cuidado é cada vez mais reconhecido pelos sistemas de saúde, existe uma necessidade crescente de profissionais de todas as disciplinas que possuam as habilidades necessárias para cuidar de pacientes vulneráveis ​​em suas casas.

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Referências:

  • Fathi, R, Sheehan, OC, Garrigues, SK et al. Development of an interdisciplinary team communication framework and quality metrics for home‐based medical care practices. J Am Med Dir Assoc. 2016; 17: 725– 729.e10
  • Yang M, Thomas J, Zimmer R, et al. Ten Things Every Geriatrician Should Know About House Calls. J Am Geriatr Soc. 2019 Jan;67(1):139-144.

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