Cirurgiões transplantam coração de porco em paciente humano pela primeira vez

Médicos do Centro Médico da Universidade de Maryland transplantaram o coração de um porco geneticamente modificado em um homem. O procedimento experimental durou sete horas.

Médicos do Centro Médico da Universidade de Maryland transplantaram o coração de um porco geneticamente modificado em um homem. O procedimento experimental durou sete horas.

David Bennett, de 57 anos, passa bem e respira sozinho, embora ainda esteja conectado a uma máquina de bypass coração-pulmão, chamada de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), para permanecer vivo.

O transplante foi considerado a última esperança de salvar a vida de Bennett, embora ainda não esteja claro quais são suas chances de sobrevivência a médio e longo prazo. “Era morrer ou fazer esse transplante. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha”, explicou Bennett um dia antes da cirurgia.

Os médicos receberam uma licença especial do regulador médico dos Estados Unidos para realizar o procedimento.

Leia também: Primeiro transplante de rim de porco geneticamente alterado para humano é testado com sucesso nos Estados Unidos

Para a equipe médica que realizou o transplante, o procedimento inédito está sendo considerado como um grande passo à frente no esforço de décadas para transplantar com sucesso órgãos de animais em humanos.

Segundo a equipe médica, o porco doador passou por uma edição genética para remover um tipo específico de açúcar de suas células que se acredita ser responsável por rejeições anteriores de órgãos em pacientes.

Xenotransplante

Atualmente, 17 pessoas vêm a óbito por dia nos Estados Unidos à espera de um transplante, com mais de 100 mil na lista de espera.

A possibilidade de usar órgãos de animais para o xenotransplante, ou seja, transplante de células, tecidos ou órgãos de uma espécie para outra, é uma possibilidade estudada há anos pela medicina.

Os xenotransplantes foram tentados pela primeira vez na década de 1980, mas foram amplamente abandonados após o famoso caso de Stephanie Fae Beauclair (conhecida como Baby Fae) na Universidade Loma Linda, na Califórnia.

A criança, nascida com um problema cardíaco fatal, recebeu um transplante de coração de babuíno e veio a óbito um mês após o procedimento devido à rejeição do sistema imunológico ao coração estranho. No entanto, por muitos anos, válvulas cardíacas de porco têm sido usadas com sucesso para substituir válvulas em humanos.

Em outubro de 2021, cirurgiões em Nova York anunciaram que haviam transplantado com sucesso um rim de porco em uma pessoa. Na época, a operação era o experimento mais avançado realizado até então. No entanto, o destinatário naquela ocasião estava com morte cerebral e sem esperança de recuperação.

Geneticamente modificado

De acordo com a agência de notícias AFP, o porco usado no transplante foi geneticamente modificado para eliminar diversos genes que teriam levado o órgão a ser rejeitado pelo corpo de Bennett.

“Nós nunca havíamos feito isso em um humano e eu gosto de pensar que nós demos a ele uma opção melhor do que continuar sua terapia. Mas se ele viverá uma semana, um mês, um ano, eu não sei dizer”, disse o cirurgião Bartley Griffith.

Os médicos-cientistas também usaram um novo medicamento, juntamente com drogas antirrejeição convencionais, que são projetadas para suprimir o sistema imunológico e impedir que o corpo rejeite o órgão estranho. O novo medicamento utilizado é um composto experimental fabricado pela Kiniksa Pharmaceuticals.

*Atualização: David Bennett, o paciente que recebeu o coração de porco através de um xenotransplante, acabou falecendo no dia 8 de março de 2022.

O coração recebido por David Bennett estava com um vírus suíno, o porcine cytomegalovirus, de acordo com o médico que realizou o transplante.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

 

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