Colchicina em pacientes com Covid-19 é eficaz?

Estudo analisa o uso e benefício da colchicina em relação a complicações em pacientes não hospitalizados com diagnóstico de Covid-19.

Atualmente já é bastante evidenciado que muitos pacientes com diagnóstico de Covid-19 desenvolvem a chamada “tempestade de citoquinas”, que representa uma resposta inflamatória sistêmica exagerada, responsável pelas diversas complicações e óbito relacionados a infecção por Covid-19. A dexametasona e o tocilizumabe vêm apresentando bons resultados, porém somente em pacientes hospitalizados e em prótese ventilatória. Devido a isso, surgiu a necessidade de estudos com outras drogas, que pudessem ser capazes de impedir que pacientes primariamente não internados não desenvolvessem complicações que culminassem em sua internação. Porém, essas drogas precisam ser de fácil acesso, bem toleradas, baratas e de administradas por via oral. Esse estudo em questão, visa analisar o uso e benefício da colchicina em relação a complicações em pacientes não hospitalizados com diagnóstico de Covid-19 (COLCORONA).

Estudo analisa o uso e benefício da colchicina em Covid-19

O que é Colchicina

A colchicina é um poderoso antinflamatório, utilizado principalmente para o tratamento da gota e alguns casos de pericardite viral, doenças coronarianas e febre mediterrânea. Seu mecanismo de ação baseia-se na inibição da polimerização da tobulina sobre a adesão celular e as citoquinas inflamatórias. Além disso, em alguns estudos experimentais prévios em pacientes com SARA, demonstrou redução da inflamação pulmonar e consequente falência pulmonar, por interferir na ativação e recrutamento dos leucócitos.

O estudo

Foi realizado um estudo duplo-cego, randomizado, placebo-controlado, comparando a colchicina na dose de 0,5mg duas vezes ao dia por três dias, seguido de 0,5mg uma vez ao dia, por 27 dias com placebo na proporção de 1:1.

Foram selecionados 4488 pacientes que apresentavam diagnóstico de Covid-19 pelo teste PCR há 24 horas, não hospitalizados ou que não apresentavam critérios iminentes de hospitalização, e que apresentavam pelo menos um dos seguintes critérios de gravidade: idade acima de 70 anos, obesidade (IMC >30), diabetes, hipertensão não controlada (PA sistólica > 150mmHg), doença pulmonar ou cardíaca prévia, febre alta nas últimas 48 horas, dispneia e alterações hematológicas. Pacientes que apresentavam tratamento prévio com colchicina, intolerância a droga, doenças disabssortivas, hepatopatias graves, quimioterapias ou insuficiência renal foram excluídos do estudo. Desse grupo, 2235 receberam colchicina e 2253 receberam placebo.

Dois pontos foram analisados. Um primeiro momento, com a necessidade de internação ou óbito dentro de 30 dias do estudo, e um segundo momento, com a necessidade de ventilação mecânica após essas internações.

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Concluindo

Esse estudo demonstrou um maior índice de sucesso em pacientes que utilizaram colchicina comparados com o grupo placebo. Em relação a necessidade de internação, a proporção foi de 4,7 % nos pacientes do grupo COLCORONA, contra 5,8 % do grupo controle. Em relação ao segundo evento, com necessidade de ventilação mecânica, a proporção foi de 0,5 % nos pacientes COLCORONA, contra 0,9 % no grupo controle. Ainda nessa análise, evidenciou-se que os pacientes que mais tiveram benefícios com o uso de colchicina foram os diabéticos, embora não tenha havido diferença significativa entre os sexos nem em pacientes com sobrepeso. Em relação a pneumonia, esta foi menos reportada no grupo COLCORONA, com uma taxa de 2,9 %, em comparação com 4,1 % do grupo controle.

Em relação aos efeitos adversos, observou-se maior número de casos de diarreia em pacientes que receberam colchicina, assim como maior índice de eventos tromboembólico pulmonares também no grupo medicado, não havendo evidências de relação direta com a droga ou não.

Em suma, apesar do estudo apresentar algumas limitações, como principalmente a quantidade de pacientes analisados e a dificuldade de follow-up após os 30 dias, o número de hospitalizações e necessidade de prótese ventilatória foi menor nos pacientes que receberam colchicina.

 

Referências bibliográficas:

  • Tardif JC,et alls.Efficacy of Colchicine in Non-Hospitalized Patients with COVID-19.BMJ Yale.January 27, 2021

 

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