Combate à transmissão vertical do HIV — Dia Mundial da Luta Contra a AIDS

Guideline traz um bom resumo para prevenção e diagnóstico do HIV durante o pré-natal e condução na prevenção de transmissão vertical.

Em tempos de pandemia algumas doenças podem às vezes ficar esquecidas. Mas elas não dão trégua. Assim, revisitamos alguns pontos-chave para cuidado em situações específicas no manejo do HIV durante a gravidez e parto. No final de agosto de 2021 foi publicado um guideline pela Johns Hopkins University que trouxe um bom resumo de boa práticas para prevenção e diagnóstico do HIV durante o pré-natal e condução na prevenção de transmissão vertical.

Leia também: CROI 2021: prevenção de transmissão vertical de HIV – resultados do estudo DOLPHIN

Diagnóstico oportuno do HIV e o início mais precoce da terapia antirretroviral são condições cruciais para evitar a transmissão vertical e manter pacientes e seus filhos saudáveis. Assim a proposta de um guideline visa lembrar de:

  • Garantir a triagem universal de HIV no início da gravidez, durante o terceiro trimestre e durante o trabalho de parto para aquelas pacientes que não tenham um status HIV negativo documentado;
  • Incentive no terceiro trimestre a testagem de sífilis e HIV;
  • Incentive o teste de HIV para pacientes grávidas e no pós-parto que apresentam sintomas de HIV agudo;
  • Aumente a captação de pacientes com desejo de profilaxia pré-exposição entre pacientes grávidas que não apresentam teste positivo para HIV, mas apresentam alto risco de contrair HIV durante a gravidez e o pós-parto.

Combate à transmissão vertical do HIV - Dia Mundial da Luta Contra a AIDS,

Legislação

  • Importante ponto é discutir com a paciente que descobriu recentemente ser portadora da notificação de seu parceiro;
  • Testagem universal: fundamental para o bom controle e prevenção de transmissão vertical. Incluindo aquelas que comparecem em trabalho de parto e que não tenham documentação sobre seu status sorológico no pré-natal. Realizar teste rápido imediatamente com consentimento informado e ter o resultado o mais breve possível;
  • A testagem antes demorava até 12 horas para resultado final, hoje (nos EUA) tem obrigatoriedade legal de apresentar o resultado em até 60 minutos após o consentimento informado aceito;
  • Diagnóstico complementar deve ser oferecido para pacientes HIV positivo no teste rápido em gestantes;
  • Se a paciente nega-se a realizar o teste rápido em trabalho de parto, sangue fetal é obtido com ou sem seu consentimento para avaliação de status sorológico do recém-nascido com resultado disponível em tempo não maior que 12 horas;
  • Profilaxia antirretroviral: o hospital deverá garantir o recebimento da profilaxia antirretroviral tanto à gestante/parturiente e a seu recém-nascido.

Screening universal

  • No screening universal utiliza-se teste de 4ª geração;
  • Pacientes com testes positivos devem ser referenciadas a uma unidade de referência em cuidados HIV (lá nos EUA a média é de até 3 dias para essa consulta ocorrer — ambulatório de infectologia);
  • Para pacientes com testagem negativa, um novo teste deve ser feito no 3º trimestre, antes de 36 semanas (idealmente entre 28 e 32 semanas);
  • Para aqueles pacientes com quadros agudos sugestivos de HIV a testagem deve ser imediata, mesmo com teste negativo durante a atual gravidez;
  • Se um teste de RNA detectar valor acima de 5.000 cópias/ml, o clínico deverá fazer diagnóstico de suspeição mesmo com teste sorológico não reagente ou indeterminado;
  • O screening para clamídia, sífilis e gonorreia deve ser oferecido às pacientes suscetíveis na janela de 28 a 32 semanas no pré-natal.

Profilaxia pré-exposição

  • Se uma paciente gestante solicitar profilaxia pré-exposição ela deve ser encaminhada para receber a medicação após a avaliação da situação de possível contágio ou comportamento que vá entrar em contato com HIV. A profilaxia não é contraindicada na gravidez nem durante o aleitamento materno.

Ouça mais: Exposição vertical ao HIV: caso clínico e principais cuidados [podcast]

Pontos-chave:

  • Screening universal das gestantes no pré-natal;
  • Retestagem no terceiro trimestre (de modo ideal entre 28 e 32 semanas);
  • Utilização de terapia antirretroviral nos casos positivos, casos com clínica de HIV agudo com mais de 5.000 cópias/ml (mesmo com teste não reagente ou indeterminado);
  • Testagem de parceiros;
  • Comunicação, em comum acordo com a paciente, ao parceiro sexual;
  • Realização de teste durante o trabalho de parto;
  • Realização de profilaxia durante o trabalho de parto mesmo com uso de terapia antirretroviral e contagem baixa de cópias.

Referências bibliográficas:

  • ACOG. Committee Opinion No. 752 Summary: Prenatal and Perinatal Human Immunodeficiency Virus Testing. Obstet Gynecol. 2018;132(3):805–806. doi10.1097/AOG.0000000000002829
  • Baeten JM, Donnell D, Ndase P, et al. Antiretroviral prophylaxis for HIV prevention in heterosexual men and women. N Engl J Med. 2012;367(5):399–410. doi10.1056/NEJMoa1108524
  • Cassimatis IR, Ayala LD, Miller ES, et al. Third-trimester repeat HIV testing: it is time we make it universal. Am J Obstet Gynecol. 2021. doi10.1016/j.ajog.2021.04.250
  • DHHS. Recommendations for the use of antiretroviral drugs in pregnant women with HIV infection and interventions to reduce perinatal HIV transmission in the United States. 2020 Dec 29. Disponível em: https:​//clinicalinfo​.hiv.gov/en/guidelines​/perinatal/antiretroviral-management-newborns-perinatal-hiv-exposure-or-hiv-infection?view=full [Acessado: 2021 Ago 19]
  • Fiscus SA, Schoenbach VJ, Wilfert C. Short courses of zidovudine and perinatal transmission of HIV. N Engl J Med. 1999;340(13):1040–1041. doi10.1056/NEJM199904013401312
  • Kourtis AP, Bulterys M, Nesheim SR, et al. Understanding the timing of HIV transmission from mother to infant. JAMA. 2001;285(6):709–712. doi10.1001/jama.285.6.709
  • NYSDOH. 2017. Unpublished data.
  • NYSDOH. 2019. Unpublished data.
  • Siberry GK, Jacobson DL, Kalkwarf HJ, et al. Lower newborn bone mineral content associated with maternal use of tenofovir disoproxil fumarate during pregnancy. Clin Infect Dis. 2015;61(6):996–1003. doi10.1093/cid/civ437
  • Vigano A, Mora S, Giacomet V, et al. In utero exposure to tenofovir disoproxil fumarate does not impair growth and bone health in HIV-uninfected children born to HIV-infected mothers. Antivir Ther. 2011;16(8):1259–1266. doi10.3851/IMP1909
  • Wade NA, Birkhead GS, Warren BL, et al. Abbreviated regimens of zidovudine prophylaxis and perinatal transmission of the human immunodeficiency virus. N Engl J Med. 1998;339(20):1409–1414. doi10.1056/NEJM199811123392001
  • Workowski KA, Bachmann LH, Chan PA, et al. Sexually transmitted infections treatment guidelines, 2021. MMWR Recomm Rep. 2021;70(4):1–187. doi10.15585/mmwr.rr7004a1

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.