Como a hipertensão arterial e o consumo de álcool estão relacionados

A hipertensão arterial compromete cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo, sendo considerada uma fator de risco importante.

A hipertensão arterial (HAS), definida como uma pressão arterial sistólica (PAS) ≥ 140 mmHg ou a pressão arterial diastólica (PAD) ≥ 90 mmHg , compromete cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo, sendo considerada uma fator de risco importante e responsável por 10,7 milhões de mortes e incapacitando mais 211.8 milhões em todo o mundo. O consumo de álcool é responsável por um crescimento das doenças associadas ao abuso, bem como importante impacto na economia mundial.

O consumo de álcool e a HAS estão entre os cinco principais fatores de risco responsáveis pelo crescimento mundial das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e são pontos chaves da Organização Mundial de Saúde (OMS) para reduzir a mortalidade das DCNT até 2025.

Homens e mulheres metabolizam o álcool de modo diferente devido diferenças em relação distribuição da gordura corporal, superfície corporal e a solubilidade do álcool. A última revisão sistemática que analisou os efeitos da redução do álcool foi realizada a cerca de quinze anos e mostrou uma redução média da PAS de -3,31 mmHg (95% IC –4,10 a –2,52) e os resultados não foram separados por sexo. Recente estudo, publicado na LANCET em 2017, reviu diversos estudos publicados nos últimos anos avaliando os efeitos da redução do consumo do álcool na mudança da pressão arterial tanto em homens como em mulheres.

A meta-análise avaliou 36 estudos com 2865 participantes e incluiu artigos completos com dados do efeito da mudança do consumo de álcool na pressão arterial de adultos, que relatavam a mudança quantitativa no consumo médio de álcool que durasse pelo menos sete dias e a correspondente mudança na pressão arterial.

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A redução do consumo de álcool não teve efeito significativo na pressão arterial de indivíduos que bebiam duas doses por dia, mas foi associada com redução significativa da pressão arterial para aqueles que bebiam além dessa quantidade. Indivíduos que bebiam seis ou mais doses por dia no inicio do estudo e reduziram essa ingesta a metade tiveram maior redução da PAS (diferença média 5,5 mmHg; 95% IC; 6,7 a 4,3) e  da PAD (diferença média 3,97 mmHg; 95% IC; 4,7 a 3,25).

A meta-análise mostrou que uma redução no consumo de álcool reduziu a pressão arterial de uma forma dependente da dose com um efeito limite aparente a duas doses por dia. Indivíduos que bebem duas doses ou menos por dia não tiveram uma redução significativa na pressão arterial com a redução do consumo de álcool para quase abstinência, sugerindo que esta quantidade de ingestão de álcool não aumenta a pressão arterial. No entanto, quanto mais pessoas bebem além deste nível, maior a redução subsequente na pressão arterial. A associação dose-resposta foi evidente em participantes saudáveis e pessoas com hipertensão ou outros fatores de risco para doença cardiovascular (DCV).

A redução do consumo de álcool e da pressão arterial tem um potencial ganho sinérgico de saúde em termos de morbidade, mortalidade e custos de cuidados de saúde, ainda que apenas cerca de metade das diretrizes de hipertensão em todo o mundo recomendam uma redução no álcool. Além do efeito substancial estimado sobre a mortalidade e morbidade por DCV causada pela hipertensão, a redução do consumo de álcool tem efeitos adicionais sobre a carga de doença. Este seria uma importante contribuição para alcançar os objetivos do Plano de Ação Global da OMS para a prevenção das DCNT, que prevê uma redução relativa de 10% do consumo de álcool e uma redução de 25% da pressão arterial elevada até 2025 para reduzir a mortalidade por DNT em 25 %.

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O estudo conclui que uma redução da ingestão de álcool reduz a pressão arterial de uma forma dependente da dose, com um possível efeito limite a duas doses. A identificação de pessoas que bebem mais de duas doses por dia e a implementação de intervenções eficazes para reduzir o consumo de álcool diminuiria substancialmente os efeitos de doença do álcool e da pressão arterial elevada e deveria ser priorizada em pesquisa e cuidados primários em países com uma substancial carga de doença atribuível ao álcool em conformidade com os objetivos da OMS para 2025.

Referência:

  • Roerecke M, Kaczorowski J, Tobe SW, et al. The effect of a reduction in alcohol consumption on blood pressure: a systematic review and metaanalysis. Lancet Public Health 2017; DOI:10.1016/S24682667(17)300038.

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