Como avaliar a capacidade funcional no risco cirúrgico

A capacidade funcional (CF) é um dos mais importantes determinantes do risco cirúrgico, em especial para eventos cardiovasculares.

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A capacidade funcional (CF) é um dos mais importantes determinantes do risco cirúrgico, em especial para eventos cardiovasculares. Vários fatores explicam essa predição, como a relação com idade, função pulmonar, estado cardiometabólico e frailty (fragilidade) em idosos. A forma mais simples de estimar a CF é perguntando ao paciente sobre atividades do dia a dia e atividade física de forma geral e classificá-lo em CF baixa (< 4 METs), moderada (4-10 MET) ou alta (> 10 MET). Esta tabela está na nossa reportagem sobre estratificação do risco cardiovascular.

Todavia, um estudo recente questiona se esta medida não seria muito subjetiva e, com isso, com muita variabilidade entre os médicos para poder ser usada como marcador universal de risco para complicações pós-operatórias. Esse conceito já foi também explorado na III Diretriz Brasileira de Avaliação Cardiovascular Perioperatória, que sugere o uso do questionário padronizado de Duke como medida da CF. Esta ferramenta é também disponível como calculadora online.  No estudo citado, pesquisadores do Canadá, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia recrutaram 1400 paciente e os submeteram a um teste cardiopulmonar de esforço (ergoespirometria), dosagem do NT pro-BNP, avaliação subjetiva da CF e questionário de Duke (chamado de DASI – Duke Activity Status Index) e avaliaram prospectivamente a capacidade de predição para morte e/ou IAM em 30 dias, eventos adversos graves (como infecção no pós-op) e mortalidade em 1 ano. Foram incluídos pacientes com mais de 40 anos, com pelo menos 1 fator de risco cardiovascular e cuja cirurgia tivesse previsão de hospitalização por pelo menos uma noite.

A população estudada tinha idade média de 65 anos, 61% eram masculinos, 56% de hipertensos, 19% de diabéticos e 43% com câncer; 59% eram ASA 2 e 90% tinham índice de risco cardíaco modificado de 1 ou 2 pontos. Os procedimentos mais comuns foram abdominais (33%) ou uroginecológicos (30%); 24% fizeram pós-op em CTI e 15% realizou apenas anestesia local ou regional.

Os resultados mostraram que a avaliação subjetiva da CF não esteve associada com os desfechos estudados (morte, IAM e/ou complicações graves). Por outro lado, o questionário de Duke, o pico de consumo de oxigênio na ergoespirometria (VO2) e o NT pro-BNP foram preditores de complicação, IAM e/ou morte. Com isso, os autores sugerem que a medida da CF seja padronizada e que o NT pro-BNP seja incluído como forma de estratificar o risco de complicações no pré-operatório de cirurgias não cardíacas.

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Referências:

  • Assessment of functional capacity before major non-cardiac surgery: an international, prospective cohort study. Wijeysundera, Duminda NWallace, Sophie et al. The Lancet , Volume 391 , Issue 10140 , 2631 – 2640

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