Como avaliar e melhorar a adesão do paciente ao tratamento?

Neste artigo falaremos da adesão ao tratamento farmacológico, mas o modelo pode ser aplicado às medidas não farmacológicas, como alimentação e exercícios.

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A adesão ao tratamento é uma área do conhecimento extensa e fonte de várias pesquisas. No texto atual, vamos fazer uma abordagem prática com base em um artigo de revisão recente do JAMA, feito para uso do clínico de consultório. No nosso texto, vamos falar muito da adesão ao tratamento farmacológico, mas lembrem que o mesmo modelo se aplica às medidas não farmacológicas, como alimentação e prática de atividade física.

Passo 1: meu paciente tem má adesão?

Apesar de não ser consenso, a maior parte das pesquisas usa a dosagem laboratorial sérica ou urinária como padrão-ouro para avaliar se um paciente está tomando a medicação corretamente. Contudo, na prática isso é inviável, seja pelo custo, invasividade ou baixa disponibilidade dos testes comercialmente. O que fazer então? Há três formas de avaliar não-invasivamente a adesão:

Método Prós e Contras
Questionário
  • Fácil aplicação
  • Baixo custo
  • Superestima adesão – o paciente fica envergonhado de negar o uso correto
Eletrônico
  • Baseado na abertura do refil
  • Boa correlação com nível sérico e melhora da doença
  • Custo mais alto
Registro na farmácia
  • Informa se paciente pegou as medicações prescritas
  • Não quer dizer que o paciente as usou

Passo 2: o que eu faço?

Não há uma estratégias universal. A recomendação é que você analise, na consulta, os motivos que levaram o paciente a ter má adesão e escolha a estratégia mais apropriada.

Problema identificado Estratégia a ser adotada
Fatores do paciente

  • Escolaridade
  • Cognição
  • Custo
  • Entendimento e crenças pessoais
  • Comorbidades
  • Efeitos colaterais
Educação

  • Funciona melhor se logo após a consulta (máximo  1 mês depois) e multiprofissional.
  • Inclua consulta com farmacêutico clínico.

Lembretes para tomada da medicação

  • Telefone (ex: enfermeira liga): ligações personalizadas e pessoais funcionam melhor que mensagens de voz automáticas.
  • Outra opção são mensagens de texto. Há estudos com link entre abriu o refil → recebe mensagem lembrando de tomar o remédio.

Terapia cognitivo comportamental

  • Funciona! A maior experiência é com pacientes com terapia antirretroviral e comorbidades de transtorno de humor, como depressão.
Fatores do médico

  • Quantidade comprimidos
  • Quantidade de tomadas diárias
  • Orientação correta
  • Linguagem
  • Tempo de consulta
  • Equipe multiprofissional
  • Reduzir tomadas diárias
  • Medicações baixo custo
  • Reduzir quantidade de comprimidos usando pílulas com combinações fixas
  • Entendimento dos efeitos adversos e crenças pessoais dos pacientes
Sistema de saúde

  • Acesso à medicação
  • Custo
  • Reposição e renovação da receita
  • Incentivo financeiro: resultados controversos. Uma opção são os empregadores e os planos de saúde criarem estratégia de reembolso/premiação para melhor adesão.
  • Fornecimento gratuito e menos burocrático

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