No simpósio “Como eu trato?”, realizado em julho na UFRJ, pelo departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina, médicos apresentaram quadros clínicos e demonstraram as condutas realizadas, com o objetivo de abordar as diversas subespecialidades pediátricas.
Já falamos sobre os casos apresentados de Alergia/Imunologia, Dermatologia e Gastroenterologia, vamos continuar nosso especial com Infectologia.
O quadro clínico apresentado foi sobre Otite Média Aguda (OMA). O diagnóstico é eminentemente clínico feito pela visualização da membrana timpânica e a história isoladamente é pouco preditiva de OMA.
Foi ressaltado que hiperemia de membrana timpânica não faz parte do diagnóstico e pode ser explicada por infecções virais ou até mesmo o choro, e que as otorreias não são comuns. Foi dito que 80% dos casos das OMA evoluem para cura sem tratamento e em alguns casos selecionados pode-se optar por não iniciar antibiótico imediatamente.
Apresentaram uma tabela em que eram separadas idades das crianças, diagnóstico clínico e diagnóstico incerto, para orientar quanto ao início ou não de antibioticoterapia.
Em menores de 6 meses, o antibiótico sempre deve ser feito sendo o diagnóstico confirmado ou incerto. Entre 6 meses e 2 anos, caso o diagnóstico seja de certeza deve-se iniciar antibiótico, se o diagnóstico for incerto só precisa começar o antibiótico nesse momento se a doença for grave*. Em maiores de 2 anos, com diagnóstico de certeza iniciar antibiótico apenas se doença grave*, quanto ao diagnóstico incerto observar e reavaliar posteriormente.
*Doença grave: otalgia moderada a grave, bilateral ou febre maior ou igual a 39C.
A primeira escolha antibiótica ainda deve ser amoxicilina 50mg/kg/dia 12/12 horas. Caso seja menor de 2 anos, frequente creche, fez uso de antibióticos há menos de 30 dias e em locais de alta prevalência de pneumococo resistente (>25%), começar já com a dose de 80 a 80mg/kg/dia 12/12 horas.
Em caso de alergia utilizar como segunda opção Cefuroxima 30 mg/kg/dia 12/12 horas, na impossibilidade da via oral em algumas exceções podemos usar Ceftriaxona 50mg/kg uma vez ao dia por 3 dias. Não deve-se usar Cefaclor nem Sulfametoxazol + Trimetoprina.
O tratamento deve ser de 7 a 10 dias com uma tendencia de fazer o menor tempo possível, só fazer sete dias se maior de 2 anos, melhora nas primeiras 48 horas, sem história de OMA de repetição e sem história prévia de doença grave. Se não melhorar em 72 horas iniciar amoxicilina + ácido clavulânico ou amoxicilina + sulbactam, Cefuroxima e em casos extremos Ceftriaxone.
Em casos de otite média aguda de recorrente iniciar amoxicilina + clavulanato ou amoxicilina + sulbactam.
Amanhã continuaremos com nosso especial, mostrando os quadros clínicos apresentados para Reumatologia.