“Como eu trato?”, simpósio realizado pelo departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, abordou as diversas subespecialidades pediátricas, trazendo palestrantes que apresentavam quadros clínicos e passavam a abordagem prática.
Já falamos sobre os casos apresentados de Alergia/Imunologia, Dermatologia, Gastroenterologia, Infectologia, Reumatologia e Genética, vamos continuar nosso especial com Pneumologia.
O quadro apresentado foi de um lactente menor de dois anos com o primeiro quadro de sibilância. O diagnóstico foi de Bronquiolite Viral Aguda. Foi apresentado o fluxograma do tratamento de bronquiolite do serviço de pneumologia e emergência pediátrica da UFRJ.
As crianças atendidas com suspeita de bronquiolite fazem três nebulizações (NBZ) com Beta 2 agonista até três vezes. Se após as nebulizações mantiver dispneia e saturação <95% deverá ser internada, caso melhore e esteja sem dispneia com saturação maior ou igual 95 aceitando dieta oral, pode dar alta com nebulização com beta 2 até de 4 em 4 horas com reavaliação em 48 horas.
Nos casos de internação hospitalar os casos são divididos de acordo com a dispneia:
1 – Dispneia leve com saturação >92% aceitando a dieta, manter dieta oral, NBZ com salina 3%* + NBZ beta 2 6/6horas.
2 – Dispneia leve/moderada com saturação menor ou igual 92% sem condições de dieta oral, dieta zero/HV plena, oxigenoterapia, NBZ salina 3%* + NBZ com beta 2 6/6horas, se não houver melhora após 24 horas associar corticoterapia sistêmica.
3 – Dispneia grave ou saturação <90% ou hipercapnia, dieta zero, hidratação venosa, corticoterapia, oxigenoterapia (considerar VNI) NBZ com beta 2 (menor intervalo necessário).
*NBZ com salina 3% é feita com NaCl 20% 5ml + AD 2,5ml + berotec 1 gota a cada 3 kg.
Como observações do protocolo, foi destacado que a literatura ainda não aconselha o uso de corticoide sistêmico na bronquiolite porém na UFRJ eles ainda utilizam nos quadros mais graves. A nebulização com beta 2 agonista permanece controversa e alguns estudos apontam para benefícios com da nebulização com salina hipertônica 3% e beta 2 agonista.
O consenso que ainda se mantém é que o tratamento padrão ouro ainda é o de suporte clínico com hidratação e oxigenoterapia.
O segundo quadro clínico foi de uma pneumonia extensa comunitária. O tratamento inicial foi domiciliar com amoxicilina 50 mg/kg/dia de 8/8 horas. Os pneumococos do Brasil ainda são sensíveis a penicilina e a princípio a terapia inicial com outra medicação não é justificada.
Na reavaliação após 48 horas de terapia ambulatorial evoluiu com piora e foi indicada a internação hospitalar e iniciada Penicilina G cristalina(150000 a 200000 UI IV de 6/6 ou 4/4 horas), se houvesse porta de entrada ou suspeita de estafilococcia deveria ser iniciada Oxacilina IV e se houvesse suspeita de pneumonia atípica Macrolídeo. Como segunda escolha caso não tenha Penicilina G cristalina devemos substituir por Ampicilina. Na suspeita de resistência passar para Cefuroxima ou Amoxicilina + ácido clavulânico.
Amanhã continuaremos com nosso especial, mostrando os quadros clínicos apresentados para Cardiologia.