Como identificar o paciente em risco nutricional no hospital em que trabalho?

A incidência de uma condição de risco nutricional pode estar presente em mais da metade dos pacientes internados em nossos hospitais.

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A incidência de uma condição de risco nutricional pode estar presente em mais da metade dos pacientes internados em nossos hospitais. Esta condição está associada a maior incidência de complicações, maior gravidade a cada complicação, maior tempo de internação – tanto hospitalar quanto em unidades fechadas -, maior ocorrência de reinternações, sejam elas em UTI ou hospitalar, e reinternações em até 6 meses após alta. A expressão econômica disso tudo, como se pode facilmente deduzir, é um custo maior.

Assim, torna-se importante conhecer os pacientes sob esta condição, ou seja “peneirá-los”. Essa peneira se chama, em Medicina, triagem ou “screening“. Diferentes métodos podem ser utilizados para a realização desse procedimento simples, que deve ser feito inicialmente à internação e repetido a cada semana de internação hospitalar (sim! porque estar internado, per se, já contribui com aumento do risco nutricional).

Os instrumentos de triagem reúnem características clínicas, presentes na história e na antropometria simples e que reunidos apresentam alta sensibilidade para identificação do risco. De modo geral, eles focam duas dimensões que são cruciais: estado nutricional prévio e a gravidade atual da doença.​ Lembramos que, como em qualquer procedimento de triagem, uma alta sensibilidade é desejada, ainda que às custas de uma perda da especificidade.

Veja também: ’10 pontos a serem considerados na prescrição médica do paciente grave’

Em pacientes hospitalizados existem dois instrumentos de triagem validados para aplicação: o NRS-2002 e o NUTRIC Score. O primeiro está indicado para uma população hospitalizada em geral, e o segundo para pacientes grave, internados em unidade de terapia intensiva.

O NRS-2002 é uma ferramenta simples que pode – e deve – ser aplicada por qualquer membro da equipe de saúde. Consiste justamente no rastreamento de características clínicas, na medida do IMC, na mensuração da ingestão de alimentos nos últimos dias, bem como a perda de peso recente e na estimativa da gravidade de doença. Pacientes sob risco nutricional identificado pelo NRS-2002 beneficiam-se de intervenção nutricional precoce.

Já o Nutrition Risk in Critically ill (NUTRIC) é o primeiro sistema de score validado para identificar pacientes críticos que tendem a se beneficiar de uma terapia nutricional agressiva. Ele leva em conta dimensões como o componente inflamatório – agudo e crônico -, os escores APACHE II e SOFA, a idade, o número de comorbidades e o tempo de internação hospitalar antes da admissão na UTI. O grupo de autores, liderados por Daren K. Heyland, uma referência na área, ressalta que essa nova abordagem seria mais específica para a UTI, principalmente por considerar de modo mais completo a complexidade e gravidade do paciente crítico.

A triagem de risco nutricional é a primeira providência a ser tomada em termos de terapia nutricional – é a porta de entrada a este sub-sistema da assistência hospitalar. Todo profissional engajado no cuidado do paciente hospitalizado deve conhecer estes recursos simples e eficazes para identificação de pacientes passíveis de receber os benefícios da terapia nutricional. Fiquem ligados nas atualizações pois em breve abordaremos estas ferramentas por aqui.

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