Como o cérebro reage ao estresse gerado pela pandemia?

O isolamento social, medida necessária na pandemia, foi muito estudado pela neurociência e pode gerar estresse e outros danos.

A pandemia de Covid-19 representa um enorme desafio não apenas para os médicos na linha de frente, mas também para profissionais que estão analisando o impacto da crise no cérebro humano e, em consequência, no comportamento da sociedade.

neurônios com estresse devido à pandemia

Estresse e isolamento social

O isolamento social foi muito estudado pela neurociência e, segundo os especialistas, está comprovado que pode causar danos psicológicos significativos e duradouros.

“Na pandemia temos o isolamento social e físico forçados, o que leva ao aumento dos casos de ansiedade, estresse e depressão. As mulheres são mais propensas à ansiedade, pois estão sobrecarregadas com os afazeres domésticos, filhos e trabalhos profissionais. Um grande número delas tem que pegar transporte público e ir aos supermercados, ficando mais vulneráveis à contaminação”, diz o médico e neurocirurgião Wanderley Cerqueira de Lima, do Hospital Albert Einstein e da Rede D’or.

O especialista complementa que a depressão ocorre mais em pessoas idosas, pois elas se sentem mais vulneráveis à contaminação pelo vírus, uma vez que estão mais distantes da família e propensas à letalidade. “Na quarentena forçada existe a necessidade de respeitar o seu estilo de vida, os seus limites e, se possível, seria indicado fazer algum exercício, como a caminhada”, pontua.

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Segundo o neurocirurgião, as consequências a médio e longo prazo na saúde mental estão atreladas ao sedentarismo, como alterações no ritmo do sono, apatia, alterações do apetite, palpitações, irritabilidade, insegurança, pensamentos negativos e desesperança na cura da doença e na chegada da vacinação.

O fisiatra Marcus Yu Bin Pai, médico pesquisador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), também está preocupado com o nível de sedentarismo durante o isolamento social.

“Estamos vendo efeitos do confinamento já na saúde de pessoas, que vem relatando aumentos não só de patologias crônicas como dores musculoesqueléticas devido ao sedentarismo e diminuição de atividade física, mas também de aumentos de queixas de ansiedade, depressão e insônia crônica”, ressalta Marcus Yu Bin Pai, que também é colunista do Portal PEBMED.

É importante lembrar que todo estresse ou depressão influencia diretamente na baixa de resistência do organismo predispondo a qualquer tipo de infecção, principalmente se o paciente já possui alguma comorbidade.

Orientações aos médicos

De acordo com o neurocirurgião Wanderley Lima, os principais sintomas que afetam a saúde mental neste período de pandemia são os distúrbios de sono, lentidão para as atividades diárias, alterações no apetite, emagrecimento ou ganho de peso, estabilidade facial, sensação de solidão, pensamentos negativos e uma desesperança frequente.

No entanto, os médicos devem estar atentos também aos sinais não verbalizados pelos pacientes, como explica Marcus Yu Bin Pai. “Devemos sempre avaliar o que o paciente fala e não fala, ou seja, perguntar ativamente questões psicológicas, como está seu sono, como estão suas relações, seu dia a dia e atividades laborais. Procurar sinais indiretos de fadiga, cansaço e burnout”, diz.

O fisiatra esclarece que devem ser solicitados exames laboratoriais e de imagem, dependendo das queixas e sintomas do paciente. Para suspeita de ansiedade, insônia e depressão podem ser solicitados exames para afastar suspeitas de doenças metabólicas ou outras enfermidades sistêmicas.

Já o neurocirurgião Wanderley de Lima lembra que se o paciente apresentar alterações clínicas associadas é indicado solicitar uma avaliação hematológica bioquímica do sangue, uma avaliação nutricional com dosagem de vitaminas no sangue e um exame de imagem ou fisiológicas, de acordo com sinais e sintomas dos pacientes.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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