Como os enfermeiros podem prevenir a infecção pelo novo coronavírus?

O Brasil tem sido atingido de forma devastadora pelo coronavírus. O COFEN afirma que o país é líder em número de enfermeiros mortos por Covid-19.

Em 31 de dezembro de 2019, uma pneumonia surgida na China e de causa até então desconhecida foi reportada pela primeira vez à Organização Mundial de Saúde (OMS). Desde então, o coronavírus SARS-CoV-2 se tornou um grande desafio para profissionais de saúde, em específico para os profissionais de enfermagem que estão em particular risco por trabalharem em contato direto com os pacientes.

Porém, assim como em anteriores pandemias e catástrofes vivenciadas pela humanidade, a enfermagem se mantém firme na linha de frente, mesmo quando não está fisicamente e/ou psicologicamente saudável.

enfermeiro segurando frasco de teste de covid-19

Covid-19 e enfermagem

O Brasil tem sido atingido de forma devastadora pela Covid-19. O Conselho Federal de Enfermagem e o Conselho Internacional de Enfermeiros afirmam que o país é líder em número de profissionais de saúde e enfermeiros mortos por Covid-19. Até o dia 29.05.2020 testaram positivo para a doença 5,5 mil profissionais de enfermagem no Brasil e destes 157 morreram vítimas do novo coronavírus, segundo o COFEN.

Em contrapartida, um hospital na China conseguiu a incrível marca de nenhuma infecção de enfermeiros por coronavírus, repetindo assim o próprio feito de 2003, durante a pandemia de Serious Acute Respiratory Syndrome (SARS).

O caminho para atingir tal feito foi descrito em um artigo que comentaremos os pontos principais abaixo.

  1. Prover educação adequada e treinamento para enfermeiros incluindo, uso correto de EPI, higienização das mãos, desinfecção da enfermaria, manejo de lixo hospitalar, esterilização de artigos hospitalares e manejo de infecção ocupacional. O uso de EPI inclui (listados na ordem de colocação) touca, n95, luvas interiores, máscara de proteção ocular, roupa protetores, propé, capote descartável, luvas externas e face shield. Como a colocação e retirada de todos os equipamentos de proteção podem ser complicados, foi feito um vídeo educativo do processo que poderia ser acessado por todos a qualquer momento.
  2. Foram testados três diferentes escalas de trabalho e ao final dos testes todos os enfermeiros votaram na que melhor se adequava a eles. Começaram a trabalhar em escalas de 6h, sendo que o próximo plantão chegaria uma hora antes do fim do plantão anterior. Nessa uma hora de sobreposição, estes poderiam colaborar com o trabalho entre si.
  3. Estabelecimento de um sistema de controle de infecção através da observação do trabalho dos profissionais de saúde de forma remota em tempo real. Apesar do constante treinamento, a exaustão pode levar os profissionais a cometer erros, como ao retirar e colocar os EPI. Quem monitora conseguiria então reorientar aquele que cometeu o erro e colocar em quarentena aqueles com potencial risco de estarem infectados.
  4. Para aliviar o stress das enfermeiras que iriam trabalhar no isolamento, a chefia de enfermagem tinha uma reunião no dia anterior com estes. Na dita reunião explicava-se sobre os equipamentos e recursos disponíveis. Enfermeiros com sinais de ansiedade ou insônia são encorajados a buscar ajuda de psicoterapeutas que estão disponíveis 24h para atendimento, estes avaliariam a situação e os ajudariam a lidar com potencial stress e depressão.
  5. Evitar contato desnecessário é imprescindível para evitar transmissão cruzada. Toda a documentação hospitalar é computadorizada. Enfermeiros e médicos conseguem monitorar pacientes de forma remota e dependendo da situação, conseguem prestar assistência também de forma remota.

Mais da autora: Como prevenir lesão de pele relacionadas ao uso de EPI em tempos de Covid 19?

Muitos dos pontos citados acima soam como vindos de uma realidade paralela. Temos ciência que o Brasil é repleto de disparidades e que seria hipocrisia dizer que adotar tais práticas seria possível para todos. Porém, o primeiro passo para a mudança é tomar consciência do que poderia ser feito diferente.

Em eventos anteriores, como a SARS em 2002/2003, enfermeiros morreram trabalhando, apesar disso, poucas mudanças posteriores foram observadas pela nossa categoria.

Conclusões

Ser enfermeiro no mundo de hoje é sem dúvidas um ato de coragem, porém, ainda que travestidos de coragem, devemos estar também vestidos com segurança. A OMS prevê que em 2030 o mundo terá uma grande carência de enfermeiros, carência essa já notada atualmente durante a pandemia em muitos países. Já está mais que claro que para suprir essa escassez é necessário um investimento massivo dos governos mundialmente.

Veja mais: Enfermagem: profissão do passado, presente e futuro

Esperamos que, quando esses difíceis tempos passarem, possamos olhar para trás e aprender com os nossos erros. Nossa mais profunda esperança é que todo o esforço que fazemos atualmente assim como todas as mortes de enfermeiros não caiam no esquecimento. Que mudemos práticas para honrar as vidas que perdemos. Que o ano de 2020, ano do enfermeiro pela OMS, seja o ano que a enfermagem seja reconhecida pela sociedade como ciência imprescindível à humanidade.

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Referências bibliográficas:

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