Como realizar o controle glicêmico no paciente hospitalar?

Muitos estudos ao longo dos anos tentaram buscar qual seria a faixa ideal de controle glicêmico nestes pacientes, porém os resultados foram inconsistentes.

A hiperglicemia é um dos componentes fisiológicos da resposta metabólica ao estresse, sendo frequentemente encontrada em pacientes críticos e em pós-operatório. Muitos estudos ao longo dos anos tentaram buscar qual seria a faixa ideal de controle glicêmico nestes pacientes, porém muitos resultados foram inconsistentes, levantando incertezas e gerando a necessidade de novas pesquisas clínicas.

Recentemente, foi publicada no Current Diabetes Reports uma revisão de atualizações do controle glicêmico no paciente hospitalar e traremos os principais pontos para vocês.

Esta revisão teve como objetivo resumir os novos insights da hiperglicemia por estresse no ambiente hospitalar, os achados clínicos mais recentes em grupos selecionados e a evolução das recomendações para prática clínica.

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Hiperglicemia por estresse: definições

No passado, a hiperglicemia relacionada ao estresse era definida como qualquer glicemia sanguínea em jejum> 124 mg/dL ou uma glicemia aleatória de glicemia >200 mg/dL durante uma internação, que volta ao normal após a alta.

Em 2017, o American Diabetes Association (ADA) propôs uma nova definição em que considera hiperglicemia transitória em um paciente sem histórico de diabetes, com doença aguda ou que tenha sofrido um procedimento invasivo (cirurgia ou outros). Caracteriza-se por apresentar níveis de glicose no sangue ≥ 180 mg/dL com níveis retornando ao normal (<126 mg/dL), após a remoção do estressor e sem tratamento de redução da glicemia.

Novos achados a respeito da glicemia

  •  A correlação entre hiperglicemia e desfecho ruim é observada principalmente em caso de concomitante hiperlactatemia;
  • O status do diabetes/hiperglicemia crônica modula a relação entre disglicemia e desfecho;
  • Pacientes com lesão cerebral são mais suscetíveis à hipoglicemia do que outras categorias de pacientes agudos, como resultado da diminuição da capacidade do cérebro lesionado de usar substratos alternativos.

Leia também: Qual é a importância do controle glicêmico na terapia intensiva?

O que levar para a prática clínica?

O American Diabetes Association recomenda que em pacientes hospitalizados, a insulina deve ser iniciada para hiperglicemia persistente (glicemia ≥180 mg/dL) e deve ter como alvo 140-180 mg/dL para pacientes gravemente enfermos e não críticos após uma terapêutica com insulina. Metas mais rigorosas, como 110-140 mg/dL, podem ser apropriadas em pacientes selecionados, desde que isso possa ser alcançado sem hipoglicemia (BG ≤ 70 mg/dL).

Para pacientes em tratamento intravenoso insulinoterapia, recomenda-se um monitoramento mais frequente da glicemia variando de 30 a 120 minutos, a fim de titular a infusão do gotejamento de insulina e evitar hipo e hiperglicemia. Este alvo pode ser aplicado em pacientes submetidos a cirurgias.

As diretrizes europeias também recomendam uma meta de glicemia inferior a 180 mg/dL e orientam evitar o controle rigoroso (80-110 mg/dL) em situações de pacientes em emergência ou UTI sem diabetes. Além disso, sugerem evitar acentuada variabilidade da glicose e restringir a administração intravenosa infusões de glicose em casos de hiperglicemia.

Referência bibliográfica:

  • Wasineenart Mongkolpun, Bruna Provenzano, Jean-Charles Preiser. Updates in Glycemic Management in the Hospital. Springer Science 2019.

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