Como realizar o diagnóstico e manejo da síndrome da infusão de Propofol?

O propofol é uma droga utilizada em todo mundo para de sedação e indução anestésica devido as suas características farmacológicas.

O propofol é uma droga amplamente utilizada em todo mundo com o intuito de sedação e indução anestésica. Ele foi primeiramente utilizado em 1977 para uso exclusivo em procedimentos de anestesia geral e devido as suas características farmacológicas e farmacocinéticas, principalmente em relação ao rápido despertar mesmo após altas doses, começou também a ser utilizado na prática de terapia intensiva para acomodar e sedar o paciente em ventilação mecânica controlada. É relativamente insolúvel em água que contém na sua composição compostos orgânicos como óleo de soja, glicerol e fosfato de ovos purificados.

Como efeitos clínicos podemos citar depressão do sistema nervoso central com diminuição da pressão intracraniana, diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e do consumo de oxigênio com atividade protetiva cerebral. Também possui ação depressora sobre o sistema cardiovascular e na musculatura lisa, promovendo a diminuição da pré e pós-carga. Seu metabolismo é principalmente hepático e sua excreção renal. Sua meia-vida de distribuição é em torno de 4 minutos e sua meia-vida de eliminação em torno de 3 horas. Com o aumento do seu uso na prática clínica, aumentou também a incidência de complicações como a síndrome de infusão do propofol.

Leia também: Propofol vs midazolam: qual é o mais eficaz na sedação procedimental na emergência?

Síndrome de infusão do propofol

A síndrome de infusão do propofol é uma síndrome rara caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas, quase sempre fatais, que ocorre após a infusão contínua de altas doses de propofol por um período prolongado de tempo. O aparecimento dessa síndrome não está relacionado a idade, podendo acometer adultos e crianças, embora estudos demonstrem ser mais comum na população pediátrica.

O conjunto de sinais e sintomas relacionados a essa síndrome são:

  • Falência cardíaca;
  • Disritmias cardíacas;
  • Acidose metabólica;
  • Rabdomiólise;
  • Aumento de lipídios e triglicerídeos;
  • Insuficiência renal.

Além desses sinais e sintomas também podemos encontrar acúmulo de gordura no fígado, pulmões e em outros órgãos e a biópsia muscular pode apresentar componentes compatíveis com mionecrose.

A sua fisiopatologia ainda não está muito bem estabelecida, porém muitos estudos levam a crer que essa síndrome está relacionada a inibição da atividade mitocondrial pela redução da atividade da citocromo C oxidase e por uma falha na oxidação dos ácidos graxos além de um possível bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos.

Saiba mais: Qual é a tendência de sedação em procedimentos ambulatoriais pediátricos?

Fatores de risco

Os fatores de risco relacionadas a síndrome estão diretamente ligados a infusão contínua de altas doses de propofol, acima de 4 mg/Kg/h, por um tempo de tratamento superior a 48 horas. Além disso estudos demonstram que maiores concentrações da solução infundida também é um fator predisponente. Embora esteja bastante relacionada a períodos de infusão superior a 48 horas, já foi descrito na literatura casos de síndrome desenvolvida em pacientes adultos após 12 horas de infusão contínua e em crianças após 6 horas de infusão contínua, ambos os casos em concentrações e doses elevadas da solução. Pacientes que fazem uso regular de corticosteroides ou que por motivos clínicos foram submetidos a terapia com drogas aminas vasoativas, também apresentam maiores chances de desenvolver a síndrome. A disfunção ventricular que ocorre em alguns casos está diretamente relacionada a altos índices de catecolaminas.

Tratamento

O tratamento dessa síndrome consiste basicamente na interrupção imediata da infusão de propofol, medidas de suporte e no tratamento específico das complicações ocorridas. A realização de diálise é formalmente indicada, pois quando essa não pode ser empregada a evolução para óbito é quase 100%.

Apesar de apresentar essa complicação rara e fatal, o uso de propofol em doses adequadas e por um período curto de tempo é muito bem aceito e indicado em diversas situações clínicas e na anestesia, tanto na população adulta como na pediátrica. Caso seja indispensável seu uso por períodos prolongados esse deve ser realizado com bastante cautela, com interrupção imediata da infusão e início de medidas de suporte nos primeiros sinais e sintomas relacionados a síndrome.

Referências bibliográficas:

  • Hemphill S, et al.Propofol infusion syndrome: a structured literature review and analysis of published case reports. British Journal of Anaesthesia. 2019;122(4):448e459
  • Diedrich DA, Brown DR. Analytic reviews: propofol infusion syndrome in the ICU. J Intensive Care Med. 2011;26:59 e 72.
  • Krajcov A, Waldauf P, And el M, Duska F. Propofol infusion syndrome: a structured review of experimental studies and 153 published case reports. Crit Care. 2015;19:398.
  • Barbosa FT. Síndrome da infusão de propofol. Rev Bras Anestesiol. Campinas, set/out, 2007;(57);5.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.