Como realizar o manejo das patologias das glândulas de Bartholin?

As glândulas de Bartholin são glândulas redondas e muito pequenas localizadas bilateralmente na vulva, uma em cada lado da abertura da vagina.

As glândulas de Bartholin são glândulas redondas e muito pequenas localizadas bilateralmente na vulva, uma em cada lado da abertura da vagina. Tem como função a secreção de muco para a lubrificação da vulva e da vagina durante o ato sexual.

A obstrução dos ductos dessas glândulas pode originar uma massa vulvar, sendo as mais comuns os cistos e os abscessos. Quando sintomáticas, essas massas respondem por 2% de todas as visitas ginecológicas por ano, sendo os abscessos quase três vezes mais comuns que cistos. Um cisto ou abscesso de Bartholin anterior é o principal fator de risco para recorrência.

Glândulas de Bartholin

Como diferenciar um cisto de um abscesso de glândula de Bartholin? O cisto é formado após a obstrução do ducto, que causa acúmulo de muco e dilatação da glândula. Geralmente o seu conteúdo é estéril. Clinicamente se apresenta como uma massa vulvar percebida pela paciente ou pelo examinador, indolor, sem sinais flogísticos.

Caso esse cisto se torne infectado, forma-se o abscesso da glândula de Bartholin (também conhecido como Bartholinite). Apresenta-se como uma massa vulvar muito dolorosa e com sinais flogísticos. Na maioria das vezes a dor é tão intensa que as pacientes acham difícil ou impossível andar, sentar ou ter relações sexuais.

Originalmente, a maioria dos estudos apontava que os abscessos de Bartholin continham uma infecção polimicrobiana, sendo as bactérias mais comuns a Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae. Assim, acreditava-se que essa patologia era uma doença sexualmente transmissível (DST). No entanto, um estudo recente descobriu que o patógeno mais comum é Escherichia coli, havendo uma diminuição da incidência de bartholinites por bactérias causadores de DST’s.

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Diagnóstico e tratamentos

O diagnóstico dessas patologias é clínico. Elas não cursam com febre ou com impacto no status hemodinâmico da paciente e, na maioria das vezes, são unilaterais. O tratamento usado para cistos e abscessos da glândula de Bartholin ainda é muito controverso. Há muitas opções para tratamento, incluindo antibióticos, drenagem, marsupialização e excisão da glândula.

O tratamento do cisto pode ser conservador ou cirúrgico. Geralmente, em casos assintomáticos, optamos por tratamento conservador. Nos casos de cistos muito grandes, com diâmetro maior que 3 cm, optamos por tratamento cirúrgico eletivo. A marsupialização da glândula é um procedimento simples, porém com maior risco de recorrência.

Já a excisão da glândula é um procedimento mais complexo e com menor recorrência. A escolha entre os dois tipos de tratamento cirúrgico depende da habilidade do cirurgião e das características do cisto.

Já o tratamento do abscesso geralmente requer incisão e drenagem da glândula no próprio consultório ou no pronto atendimento, além do uso de antibióticos de largo espectro, analgésicos e anti-inflamatórios. Alguns autores indicam a marsupialização ou a colocação de um cateter de Word logo após a incisão da glândula, a fim de manter o ducto aberto e diminuir a chance de recorrência.

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No Brasil, o tratamento mais comum do abscesso se dá por incisão, drenagem e lavagem da glândula, seguido por uso de antibióticos e anti-inflamatórios. Em caso de recorrência, encaminhamos a paciente para excisão da glândula de forma eletiva.

Para terminar, quais os antibióticos preconizados no tratamento do abscesso? Como antigamente acreditava-se que essa patologia era uma DST, o tratamento era feito com ceftriaxona, doxiciclina (ou azitromicina), com ou sem metrodinazol.

Esse ainda é o tratamento realizado por muitos ginecologistas até hoje. No entanto, por ser uma patologia de origem polimicrobiana, sendo a E. coli a bactéria mais comum, o tratamento preconizado hoje em dia é com trimetoprim-sulfametoxazol ou amoxicilina e clavulanato + clindamicina. Mesmo assim, caso a paciente apresente fatores de risco para DST’s, devemos avaliar o tratamento das mesmas.

Referências bibliográficas:

  • Vulvar lichen sclerosus. Susan M Cooper, MB ChB, MRCGP, FRCP, MDStephanie J Arnold, FACD, MBBS (Hons), BSc (Hons). Uptodate.
  • Bora SA, Condous G. Bartholin’s, vulval and perineal abscesses. Best Pract Res Clin Obste Gynaecol. 2009;23(5):661-6. Review.

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