Como resolver o excesso de exames de rotina?

Recentemente, publicamos uma reportagem em nosso portal mostrando que os brasileiros estão entre os médicos que mais solicitam exames complementares!

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Quem vive o dia-a-dia da medicina interna sabe o quanto é comum a solicitação de exames laboratoriais de rotina. Recentemente, publicamos uma reportagem em nosso portal mostrando que os brasileiros estão entre os médicos que mais solicitam exames complementares!

Em pacientes internados por doença aguda, descompensada ou em investigação, é comum que haja pelo menos um exame de sangue semanal, quiçá dois em muitas instituições. Na terapia intensiva, a frequência aumenta, podendo ser diária. Mas será que aquele paciente em desmame prolongado, sem infecção, com função renal estável, e 100 dias de internação, de fato necessita dos exames diários?

Um interessante estudo mostrou que até 68% dos exames solicitados em hospitais universitários não levam a um melhor cuidado ou desfecho do paciente. Mais do que isso, o excesso de exames de sangue pode até ser causa da anemia no doente crítico.

Os prontuários eletrônicos, com evolução no computador e resultados online de exames, deveriam facilitar a organização do médico e evitar exames em desperdício. Afinal, o TSH ficou pronto? Alguém pediu ele ontem na rotina? Com o sistema computadorizado, basta uma busca e você sabe se solicitou ou saiu o exame que você queria. Mas o que vemos é uma realidade diferente: basta clicar um “X” no exame que você quer e, muitas vezes, há ainda várias opções à disposição. “Ih, aqui tem BNP, vou pedir um então”…

Em um estudo recente, pesquisadores do estado da Pensilvânia (EUA) avaliaram médicos residentes em 6 instituições de ensino. Os participantes foram randomizados em grupo controle e intervenção, que constitui-se de um mecanismo de feedback (chamado dashboard) do prontuário eletrônico, mostrando a taxa de solicitação de exames, quais eram repetidos e sugestões. Ao final, foram realizadas discussões em focus group para análise dos resultados.

Para surpresa dos pesquisadores, menos da metade dos residentes do grupo de intervenção leu o dashboard e as sugestões e não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos quanto à solicitação de exames de rotina.

Por isso, a dúvida permanece: como reduzir a quantidade de exames desnecessários na rotina hospitalar? Tomando como exemplo outras intervenções, como acesso venoso, o bundle pode ser um caminho. Todo o dia, no momento de solicitar os exames, o médico deve se perguntar:

  1. É seguro?
  2. O “custo” físico-psicológico é baixo? Coletar sangue incomoda os pacientes.
  3. O custo financeiro é baixo?
  4. Vai modificar minha conduta?
  5. Vai monitorar ou prevenir um evento adverso?

E então a resposta “sim” a estes critérios deveria ser a base para solicitar o exame.

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Referências:

  • Miyakis S, Karamanof G, Liontos M, et al Factors contributing to inappropriate ordering of tests in an academic medical department and the effect of an educational feedback strategy Postgraduate Medical Journal 2006;82:823-829.

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