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O câncer gástrico continua sendo uma das principais causas de morte oncológicas nos países do oriente e do ocidente. Atualmente a única modalidade que pode proporcionar a cura de um paciente com câncer gástrico é a ressecção cirúrgica do tumor, envolvendo as cadeias linfonodais de drenagem linfática.
Ainda existe a dúvida se a cirurgia laparoscópica apresenta o mesmo benefício que a cirurgia aberta no que tange o desfecho oncológico dos pacientes. Como existem diversos elementos que podem confundir a interpretação dos achados, um centro publicou um artigo que ponderou os diversos fatores que podem influenciar o desfecho na obtenção de um resultado com melhores dados estatísticos.
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Estudo incluiu 458 pacientes operados em um mesmo centro no Japão, submetidos a cirurgia R0 por câncer gástrico. Pacientes com classificação de Borrmann IV ou T4b foram excluídos devido a alta prevalência de disseminação peritoneal nesta população. Assim como pacientes com quimioterapia pré-operatória também foram excluídos.
Uma seleção randomizada dos pacientes foi realizada utilizando uma propensão de riscos numa relação de 1:1 entre os grupos gastrectomia aberta (GA) e gastrectomia laparoscópica (GL), e assim analisando os diversos desfechos cirúrgicos e tardios.
Dos 458 pacientes incluídos no estudo, 293 foram submetidos a GA e 165 a GL, sendo que após a seleção de pacientes com propensão de riscos foram pareados 151 pacientes para cada braço do estudo. O tempo cirúrgico foi significativamente maior, e a perda sanguínea menor no grupo GL (p<0,001), assim como o número de linfonodos foi maior GL (p<0,001).
As taxas de complicações a curto prazo foram semelhantes em ambos grupos, no entanto a internação hospitalar foi mais longa no grupo GA (p<0,005). Além disso, um maior número de pacientes do grupo GL conseguiram receber terapia adjuvante (p<0,01), assim como a taxa de pacientes que receberam quimioterapia dentre 6 semanas também foi maior no grupo GL.
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A sobrevida livre de doença em 5 anos foi de 70% na GL e 62% na GA, assim como melhores resultados nos diferentes estágios de doença a tendência era melhor no grupo GL (p<0,005).
Este estudo identificou a não inferioridade da abordagem laparoscópica na abordagem terapêutica do câncer gástrico. O benefício da cirurgia laparoscópica se tornou ainda mais evidente na população idosa.
O papel da laparoscópica no câncer gástrico já havia sido previamente demonstrado em outros artigos, e assim este tipo de abordagem está cada vez mais consolidado. Ainda existe alguma discussão do benefício oncológico da abordagem laparoscópica. Alguns estudos recentes não demonstraram diferença encontrada neste estudo e outros ainda dados conflitantes com os achados, especialmente nos tumores mais avançados que apresentaram piores resultados na cirurgia laparoscópica.
Já é sabido que os pacientes que recebem quimioterapia até 6 semanas após o procedimento possuem um melhor prognóstico, no entanto as razões de um maior percentual de pacientes receberem dentro deste prazo no grupo GL não foi elucidado neste trabalho.
A laparoscopia não é inferior no tratamento do câncer gástrico. A dificuldade técnica envolvida neste tipo de abordagem tem levado a alguns questionamentos acerca da sua eficácia. No entanto, cada vez mais temos resultados promissores com este tipo de técnica, especialmente o encontrado neste estudo, com um maior percentual de pacientes conseguindo iniciar a terapia adjuvante antes das 6 semanas.
Referências bibliográficas:
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