Complicações entre as diferentes vias de acesso na Artroplastia Total do Quadril

Apesar dos bons resultados, a Artroplastia Total do Quadril, usada no tratamento da artrose coxofemoral, não está livre de complicações.

A Artroplastia Total do Quadril é uma cirurgia com altas taxas de sucesso utilizada para o tratamento da artrose coxofemoral. Apesar dos bons resultados, a mesma não está livre de complicações.

A prótese pode ser executada por diferentes vias de acesso. As vias de acesso mais populares são a lateral, posterior e anterior, cada uma destas com potenciais vantagens e desvantagens. As evidências que comparam as abordagens são limitadas à opinião de especialistas, séries de casos e pequenos estudos não cegos.

As possíveis desvantagens da abordagem lateral incluem a divisão dos músculos abdutores, o que pode causar claudicação, enquanto a abordagem posterior historicamente é associada à uma maior taxa de luxação. A abordagem anterior explora um plano natural entre os músculos e teoricamente reduz essas complicações.

Um estudo do tipo coorte retrospectiva incluindo uma grande amostra foi desenhado com o objetivo de determinar se uma abordagem anterior está associada a menor risco de complicações do que uma abordagem lateral ou posterior.

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Complicações entre as diferentes vias de acesso na Artroplastia Total do Quadril

Método do estudo

Trata-se de um estudo de base de dados populacional realizado em Ontário, Canadá, incluindo cirurgias executadas entre 1º de abril de 2015 e 31 de março de 2018. Todos os participantes da pesquisa foram acompanhados por um período de 1 ano após a cirurgia. As cirugias foram realizadas em 73 hospitais e o estudo incluiu 298 cirurgiões.

Foram avaliadas as principais complicações cirúrgicas em 1 ano incluindo as taxas de infecção profunda que requer cirurgia, luxação que requer redução fechada ou aberta e cirurgia de revisão. Os resultados foram comparados entre os grupos após pareamento.

A amostra totalizou 30.098 pacientes com idade média de 67 anos. A abordagem anterior foi realizada em 2.995 (10%) dos casos; em 21 248 (70%) foi feita a abordagem lateral; e 5.855 (20%) foram submetidos à abordagem posterior.

Em comparação com aqueles submetidos à abordagem lateral ou posterior, os pacientes submetidos à abordagem anterior eram mais jovens (idade média 65), apresentaram taxas mais baixas de obesidade mórbida (4,8% vs 7,6%), diabetes (14,2% vs 19,9%) e hipertensão (53,4% vs 62,9%) e foram tratados por cirurgiões habituados com um volume cirúrgico maior do que os demais.

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Foi realizado um pareamento das amostras para comparação dos grupos. Quando comparados, os pacientes submetidos a abordagem anterior tiveram mais complicações gerais do que os demais. Considerando as complicações específicas, a abordagem anterior cursou com maior taxa de infecção profunda (1,2% vs 0,4%); para as taxas de luxação, o grupo submetido a abordagem anterior envolveu mais reabordagens (0,7% vs 0,3%). O índice de revisões foi também maior no grupo abordado via anterior (1,2% vs 0,7%). Todos estes achados apresentaram significância estatística.

Conclusão

Os pacientes que foram submetidos a uma abordagem anterior tiveram uma duração cirúrgica mediana significativamente maior de 11 minutos, mas uma duração mediana de internação significativamente menor de 2 dias. Não houve diferença significativa na taxa de retorno ao departamento de emergência ou readmissão ao o hospital dentro de 30 dias da cirurgia.

O estudo conclui que nos pacientes submetidos à artroplastia total do quadril, uma abordagem cirúrgica anterior foi associada a um pequeno, mas estatisticamente significativo risco aumentado de complicações cirúrgicas maiores em comparação com uma abordagem cirúrgica posterior ou lateral.

Referências bibliográficas:

  • Pincus D, Jenkinson R, Paterson M, Leroux T, Ravi B. Association Between Surgical Approach and Major Surgical Complications in Patients Undergoing Total Hip Arthroplasty. 2020 Mar. doi: 10.1001/jama.2020.0785

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