Quer acessar esse e outros conteúdos na íntegra?
Cadastrar GrátisJá tem cadastro? Faça seu login
Faça seu login ou cadastre-se gratuitamente para ter acesso ilimitado a todos os artigos, casos clínicos e ferramentas do Portal PEBMED
No dia 09 dezembro de 2020 se iniciou o Advances in Inflammatory Bowel Diseases 2020 virtual, um dos maiores congressos voltados especificamente à discussão de doenças inflamatórias intestinais.
No primeiro dia do evento, destacou-se a palestra do Prof. William Sandborn sobre o posicionamento dos medicamentos biológicos e pequenas moléculas no tratamento das doenças inflamatórias intestinais, tema de grande controvérsia na Gastroenterologia nos últimos anos dada a disponibilização de novas medicações.
Em sua apresentação, o Prof. William Sandborn propõe algoritmos de posicionamento das drogas tanto para doença de Crohn, quanto para retocolite ulcerativa moderada a grave, através da comparação por metanálises em rede. No fluxo decisório, o autor sugere que sejam considerados o risco de complicações relacionados a doença intestinal (gravidade), o risco de complicações relacionadas ao tratamento (comorbidades), os valores e preferências dos pacientes, a presença de manifestações extraintestinais e a presença de contraindicações às drogas.
Retocolite Ulcerativa
Doença grave (alto dano estrutural, alta carga inflamatória, grande prejuízo à qualidade de vida)
- Primeira-linha = Infliximabe ou vedolizumabe em monoterapia para maioria dos pacientes.
- Pacientes com manifestação extra-intestinal grave, obesidade ou retocolite aguda grave = preferir infliximabe em relação a vedolizumabe, preferencialmente em comboterapia com imunossupressor.
- Pacientes com comorbidades significativas ou contraindicação a antagonista de TNF alfa = vedolizumabe em monoterapia.
- Pacientes com preferência pela via oral = tofacitinibe.
- Segunda-linha = Tofacitinibe para pacientes previamente expostos a infliximabe; infliximabe em comboterapia com imunossupressor para pacientes previamente expostos a vedolizumabe;
Pacientes com alto risco de complicações relacionadas ao tratamento (infecções graves prévias, história de neoplasia, idade avançada, múltiplas comorbidades)
- Primeira-linha (independente da gravidade da doença) = vedolizumabe em monoterapia.
- Segunda-linha = infliximabe em monoterapia ou tofacitinibe ou ustequinumabe.
Doença de Crohn
Doença grave (alto dano estrutural, alta carga inflamatória, grande prejuízo à qualidade de vida)
- Primeira-linha = Infliximabe ou adalimumabe em comboterapia com azatioprina ou metotrexato.
- Pacientes com alta carga inflamatória, maior gravidade de doença, obesidade, doença perianal ou manifestação extra-intestinal grave = preferir infliximabe em relação ao adalimumabe.
- Pacientes com comorbidades significativas ou contraindicação a antagonista de TNF alfa = ustequinumabe em monoterapia.
- Segunda-linha = Ustequinumabe em comboterapia com azatioprina ou metotrexato.
- Um segundo anti-TNF alfa pode ser tentado em pacientes com perda de resposta ao primeiro anti-TNF alfa devido a imunigenicidade ou intolerância.
Saiba mais: Eixo Intestino-Cérebro: Entenda seu funcionamento e relação com doenças mentais.
Pacientes com alto risco de complicações relacionadas ao tratamento (infecções graves prévias, história de neoplasia, idade avançada, múltiplas comorbidades)
Se doença moderada:
- Primeira-linha = vedolizumabe em monoterapia.
- Segunda-linha = ustequinumabe em monoterapia.
Se doença grave:
- Primeira-linha = ustequinumabe em monoterapia.
- Segunda-linha = infliximabe ou adalimumabe em monoterapia ou vedolizumabe em comboterapia com azatioprina ou metotrexato.
Ao final de sua palestra, o autor conclui que será necessário evoluir na direção da medicina de precisão para que decisões individualizadas sejam tomadas. No futuro próximo, novas terapias com anti-IL23 (risankizumabe, guselkumabe e mirikizumabe), inibidores de JAK1 (filgotinibe e upadacitinibe) e moduladores de S1P (ozanimode e etrasimode) também devem ser incorporadas ao arsenal terapêutico das doenças inflamatórias intestinais, dificultando ainda mais a escolha do melhor tratamento para cada paciente.
Autor(a):
Residência médica em Clínica Médica e Gastroenterologia pelo HC-UFMG ⦁ Mestrado em saúde do adulto com ênfase em Gastroenterologia pela Faculdade de Medicina da UFMG ⦁ Chefe da Gastrohepatologia do Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais ⦁ Preceptor de hepatologia e clínica médica do HC-UFMG ⦁ Conteudista do Whitebook – área de Gastroenterologia e Hepatologia ⦁ Membro da AASLD, SBH, GEDIIB.
Referências bibliográficas:
- Nguyen NH, Singh S, Sandborn WJ. Positioning Therapies in the Management of Crohn’s Disease. Clin Gastroenterol Hepatol. 2020;18(6):1268-1279. doi: 10.1016/j.cgh.2019.10.035.