Conheça a próxima etapa do estudo da Unicamp e USP sobre os efeitos da covid-19 no cérebro

O Laboratório de Neuro-Proteômica da Unicamp está à frente do maior estudo brasileiro sobre os efeitos da covid-19 no cérebro.

O Laboratório de Neuro-Proteômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), está à frente do maior estudo brasileiro sobre os efeitos da covid-19 no cérebro.

A pesquisa, que já indicou a presença de problemas neurológicos mesmo em pacientes que tiveram sintomas leves da covid-19, terá agora como principal foco acompanhar todos os voluntários que participaram da primeira fase do estudo para entender a evolução do quadro e indicar possíveis tratamentos pelos próximos cinco anos.

Com esse tempo mais longo de duração, será possível observar o mecanismo de ação do vírus para desenvolver estratégias de combate às sequelas e ainda entender se os danos nos neurônios provocados pela covid-19 serão corrigidos, ficarão estagnados ou irão piorar.

“Ainda não é possível saber se haverá uma regeneração disso ou se isso será um problema crônico. É uma doença nova. Por isso, o estudo é por cinco anos. Precisamos refazer os exames para entender como está o comportamento das pessoas. Mas para isso elas precisam voltar, precisamos acompanhar, elas têm que vir novamente”, afirmou a professora de neurologia da Faculdade de Medicina da instituição de Campinas (SP) Clarissa Yasuda, em entrevista ao Portal G1.

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Descobertas da primeira fase da pesquisa

A primeira fase da pesquisa revelou que o maior alvo da doença no cérebro são os astrócitos, células estreladas que dão sustentação aos neurônios.

O trabalho identificou a interferência direta do vírus justamente nesta fonte de alimentação dos neurônios, prejudicando o seu funcionamento e levando-os à morte.

No dia a dia, essa ação provoca parte dos problemas neurológicos a longo prazo observados na pesquisa, como perda de memória, falta de concentração, déficit de atenção, raciocínio mais lento e sonolência, mesmo 60 dias após a infecção do vírus.

Sintomas mais relatados

Os exames ainda apontaram uma atrofia na região frontal do cérebro, condição comum aos voluntários, fato que surpreendeu os pesquisadores. Essa região cerebral é exatamente a responsável pela atenção e raciocínio. “Não esperávamos vermos atrofia em um grupo de pacientes que não foi internado e em um período tão curto”, destacou Yasuda.

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Mesmo apenas com sintomas leves, os participantes do estudo apresentaram queixas relacionadas à ansiedade, depressão e disfunção cognitiva. Em alguns casos, há relatos de perda de memória e velocidade de processamento cerebral.

Os sintomas mais citados são: fadiga, sonolência, cefaleia, ansiedade, depressão, disfunção cognitiva, falta de memória, problemas de atenção, redução da velocidade de processamento cerebral, dificuldade de linguagem, como não encontrar as palavras corretas.

Como participar do estudo

Os pacientes que tenham diagnóstico confirmado de covid-19, independentemente da gravidade ou dos sintomas apresentados, e que apresentam uma condição semelhante, podem participar de uma nova pesquisa da Unicamp, chamada “Avaliação longitudinal do impacto do SARS-CoV 2 no sistema nervoso”.

Os voluntários irão realizar exames como ressonância magnética e testes cognitivos para determinar possíveis influências do novo coronavírus no sistema nervoso.

O link para inscrição pode ser encontrado aqui.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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