Conheça nova diretriz da AHA para medida da pressão arterial

A American Heart Association (AHA) atualizou suas diretrizes com recomendações de como fazer a medida correta da pressão arterial. Confira:

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

No internato e na residência, medir a pressão arterial parece coisa banal ou de criança. Mas estudos recentes mostram que a maior parte dos médicos comete erros na aferição tradicional, pelo método auscultatório. Por isso, a American Heart Association (AHA) atualizou suas diretrizes com recomendações de como fazer a medida correta da pressão arterial.

O documento é bem completo e vamos dividi-lo em duas partes: a medida do consultório e as medidas domiciliares/ambulatoriais. A recomendação principal não mudou, e técnica auscultatória permanece a mesma:

  • Ambiente calmo e o paciente em repouso há pelo menos 5 minutos. De preferência, dentro da consulta, após contar os problemas atuais, dê uns 5 min de “silêncio” para o paciente se acalmar. Só então meça a PA.
  • A posição “padrão” para aferição é sentado, com o braço apoiado na altura do coração. Não deixei o braço pendente. Contudo, são válidas as medidas com o paciente deitado (comum naqueles internados) e é recomendada a avaliação da PA em posição ortostática, em especial em idosos, diabéticos e com múltiplas medicações, devido ao risco de hipotensão postural.
    • Deitado a PA sistólica fica 3-10 mmHg maior, e a diastólica de 1-5 mmHg.
    • Deitado apoie o braço do paciente sobre um travesseiro, pois na cama ele estará abaixo do nível do coração, com diferenças de até 5 mmHg.
    • Sentado, apoie as costas no assento/encosto. Sentar sem apoio aumenta a PA em até 8 mmHg.
  • Não fumar, ingerir cafeína ou qualquer outro estimulante por 30 min antes da medida. Portanto, em consultório médico, nada de cafezinho na recepção.
  • Utilizar um manguito de tamanho apropriado para o braço – medir a circunferência para saber o tamanho certo. A maioria dos manguitos tradicionais mede braços com circunferência de 22/24 cm a 32/34 cm. O ponto de medida é a metade da distância entre acrômio e olécrano. 84% dos erros de medida são neste item.
    • Dica: o manguito deve ficar apertado o suficiente para um dedo caber entre ele e a pele.
    • O manguito deve ficar sobre a pele “desnuda” e não sobre a camisa. Não garroteie a camisa – se necessário, tire para medir melhor.
  • Faça pelo menos duas medidas em cada consulta, com intervalo de 1 min entre elas. Se houver uma diferença maior que 5 a 10 mmHg, faça nova medida e utilize a média como parâmetro.
  • Na primeira consulta, avalie a pressão arterial em ambos os braços e no membro inferior, para cálculo do índice tornozelo-braquial, um importante marcador de doença arterial periférica.
    • Diferenças de medida > 10 mmHg entre os braços deve levar à investigação de causas obstrutivas arteriais e o braço com a maior medida deve ser usado como referência.

E o que tem de novo?

  1. A AHA sugere calibração dos aparelhos portáteis todo mês. E os de hospitais, a cada 3 a 6 meses.
  2. Aparece pela primeira vez que a pessoa não deve falar, se mexer ou “digitar” – do not text – enquanto mede a PA ou nos intervalos entre as medidas sequenciais. O repouso deve ser máximo.
  3. O método oscilométrico chegou para ficar. Já há estudos mostrando que ele é mais preciso que nossa ausculta e, em alguns pacientes, tão bons quanto a medida invasiva da PA. Para conhecer diversos modelos validados, a diretriz sugere o site da Sociedade Britânica de Hipertensão: https://bihsoc.org/bp-monitors/
  4. A diretriz não autoriza o uso dos aparelhos digitais, mas diz que já há marcas de punho confiáveis. O segredo está em acessar a lista dos modelos validados e, principalmente, no posicionamento do aparelho, tanto para cobrir a artéria radial, onde a PA será medida, como para deixar o punho na altura do coração. Os autores acham que na vida real isso é muito mais difícil do que comprar um aparelho de braço, mais fácil de usar.
  5. A fibrilação atrial sempre foi um empecilho para os aparelhos automáticos. Mas os modelos mais novos já conseguem medir bem a PA, desde que não haja taquicardia excessiva.
  6. Surge o conceito do Automated Office BP (AOBP), isto é, o paciente coloca o aparelho na clínica ou consultório e ele mesmo faz sua medida. Isso reduz muito o efeito do jaleco branco.
  7. Em algumas doenças, como diálise e Takayasu, pode não haver pulsos arteriais em MMSS. Nesse caso, use a medida no tornozelo e, se impossível, aparelhos que estimam a PA pela retina.
  8. Se o seu paciente for tão obeso que nenhum manguito cabe, meça com aparelho de punho.

É médico ou enfermeiro e também quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!

Referências:

  • Abbasi J. Medical Students Fall Short on Blood Pressure Check Challenge. JAMA. 2017;318(11):991–992. doi:10.1001/jama.2017.11255
  • Muntner P, Shimbo D, Carey RM, Charleston JB, Gaillard T, Misra S, Myers MG, Ogedegbe G, Schwartz JE, Townsend RR, Urbina EM, Viera AJ, White WB, Wright JT Jr; on behalf of the American Heart Association Council on Hypertension; Council on Cardiovascular Disease in the Young; Council on Cardiovascular and Stroke Nursing; Council on Cardiovascular Radiology and Intervention; Council on Clinical Cardiology; and Council on Quality of Care and Outcomes Research. Measurement of blood pressure in humans: a scientific statement from the American Heart Association. Hypertension. 2019;71.DOI: 10.1161/HYP.0000000000000087

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades