Consulta em sete passos: você já ouviu falar?

Uma das estratégias que pode ser utilizada pela medicina de família é a consulta em sete passos, abordada no livro homônimo de Vitor Ramos. Essa estratégia faz com que a consulta pode ser organizada de modo que a assistência tenha melhor qualidade, garantindo maior satisfação ao profissional e ao paciente.

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A Medicina de Família usa várias estratégias para melhorar a qualidade do atendimento prestado e da relação médico paciente. A consulta em sete passos, abordada no livro homônimo do português Vitor Ramos, é uma delas.

A consulta pode ser organizada de modo que a assistência tenha melhor qualidade, garantindo maior satisfação ao profissional de saúde e o paciente.

1º passo: Preparação para a consulta

A preparação para a consulta inclui a organização da sala e algumas perguntas que o médico pode fazer para si mesmo, checando as coisas que podem atrapalhar ou ajudar a consulta.

– Esse paciente tem prontuário na unidade?

Se sim, buscar informações que possam ajudar a começar a consulta, como pendências clínicas, doenças prévias e medicamentos. Ainda existem informações que não competem apenas ao biológico como, por exemplo, qual pronome de tratamento usar, como cumprimentar o paciente.

– Estou bem para atender o paciente?

Beber água, ir ao banheiro ou comer algo pode ajudar o profissional a estar mais confortável para o atendimento. Isso também inclui a estrutura física da sala.

2º passo: Atenção aos primeiros minutos.

O que traz o paciente é principalmente o que ele pensa sobre o que está sentindo. Assim, por mais que possa parecer que não, deixar que o paciente fale abertamente nos primeiros minutos pode encurtar o tempo de consulta. Quando o paciente fala por pelo menos 2 minutos sem ser interrompido é provável que só ali ele já diga o que sente, o que o preocupa e porque preocupa. Ele mesmo pode correlacionar com suas comorbidades. Também é nesse momento que percebemos aspectos do comportamento, como timidez ou humor deprimido.

3º passo: A exploração

O médico deve tirar suas dúvidas sobre a história contada pelo paciente a fim de fechar as possibilidades diagnósticas. Deve ser levado em conta as probabilidades pré-teste de um paciente com aquele perfil ter a doença que se suspeita. O exame físico direcionado também se inclui aqui.

4º passo: Avaliação

Inclui o diagnóstico ou suspeita diagnóstica que o médico chegou e o que isso significa para o profissional e o paciente. Impactará no seu estilo de vida? Nas suas relações interpessoais? Na autoconfiança ou autocuidado?

O papel de um bom clínico vai muito além de fazer um bom diagnóstico, mas entender o que é esse diagnóstico na vida daquela pessoa.

Esse passo da consulta também inclui a explicação da doença ao paciente, em uma linguagem que ele entenda, a fim de empoderá-lo sobre seu cuidado.

5º passo: O plano

Combinar com o paciente as medidas que serão tomadas é fundamental para um coparticipação, o que inclui medidas farmacológicas ou não. É importante negociar com o paciente sobre o que é possível fazer, enfatizando o que fazer, porque fazer e como fazer.

Enfatizar também o prognóstico caso as medidas não sejam tomadas (que pode incluir medidas comportamentais, como comer melhor ou medidas diagnósticas, como a realização de um exame complementar) ajuda o paciente a entender sua importância.

6º passo: Encerrar a consulta

Aqui deve ser checado se a demanda do paciente foi respondida, e não apenas a demanda médica, que pode ser diferente. Também verificar se o paciente entendeu o plano elaborado e está disposto a cumpri-lo.

O ideal é que a consulta seja encerrada de forma tranquila e esclarecida, com ambas as partes satisfeitas consigo e com o outro. Uma consulta bem encerrada ajuda muito para que a próxima consulta seja agradável.

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7º passo: Reflexão

O último passo inclui a reflexão que o médico traz para si sobre o atendimento. Completar o prontuário e anotar as pendências para o próximo encontro também estão aqui. O médico deve sempre se avaliar após a consulta, buscando perceber quais pontos acertou e em que pontos precisa melhorar. A reflexão também mostra ao profissional sobre que temas ele precisa se aprofundar.

Embora a obediência aos sete passos pareça prolongar o atendimento, com a prática não é bem isso que acontece. Uma consulta com cronograma organizado fornece melhor gestão do tempo, o que pode encurtar as consultas e melhorar a qualidade do cuidado prestado.

Referência:

Ramos V. A Consulta em 7 Passos – Execução e análise crítica de consultas em medicina geral e familiar. Lisboa: VFBM Comunicação , 2008.

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