Contenção química do paciente agitado na emergência: qual a melhor medicação?

Revisão sistemática com metanálise tenta identificar qual o medicamento ideal para tratamento agudo do paciente agitado na emergência.

No último número de 2021 do American Journal of Emergency Medicine foi publicada uma revisão sistemática com metanálise que tentou identificar qual o medicamento ideal para tratamento do paciente agitado na emergência. 

Múltiplas condições podem contribuir para o início de um estado de agitação aguda, sejam comorbidades clínicas, mentais ou diretamente relacionadas a intoxicações. Ao chegar em estado da agitação no serviço de emergência o paciente pode ser um risco para si ou para todos os que estão ao seu redor, necessitando de controle rápido do seu estado. Para tanto, fazemos uso de diversas medicações ou combinações destas, prática que, muitas vezes pode beirar o empirismo. 

O trabalho selecionou pacientes com idade maior do que 18 anos que se apresentaram agitados no departamento de emergência com necessidade de uso de medicações parenterais para contenção química pelo médico atendente. O grupo intervenção recebeu sedação simples ou combinada por via parenteral e o grupo controle recebeu placebo ou sedação parenteral com quaisquer outros sedativos. Foram medidos os resultados de eficácia (sedação adequada em até 30 minutos desde a aplicação da medicação), segurança (ausência de evento adverso grave imediato, como parada cardiorrespiratória, taquiarritmia ventricular, intubação orotraqueal, laringoespasmo, hipoxemia ou hipotensão) e início do efeito (tempo desde a aplicação do medicamento até a sedação adequada). Foi utilizado o método de metanálise de rede (NMA, do inglês Network meta-analysis), que permite sintetizar e comparar a eficácia de vários tratamentos. 

Resultados 

Foram selecionados 11 ensaios clínicos randomizados, com um total de 1142 pacientes utilizando 11 formas de tratamento medicamentoso para o estudo da eficácia; 11 ensaios clínicos randomizados, com um total de 1147 pacientes utilizando 11 formas de tratamento medicamentoso para o estudo da segurança e; seis ensaios clínicos randomizados, com um total de 559 pacientes utilizando sete formas de tratamento medicamentoso para o estudo do início do efeito. 

cetamina teria a maior probabilidade de eficácia (sedação adequada em até 30 minutos), com qualidade da NMA variando de muito baixa a moderada. 

A associação droperidol-midazolam seria a melhor em relação à análise da segurança (não ocorrência de eventos adversos graves), com qualidade da NMA muito baixa. 

Os dados para avaliação do tempo para sedação adequada foram insuficientes para realização de uma NMA com o mínimo de relevância. 

Mensagem prática 

O estudo indica que a literatura médica ainda não tem dados suficientes para definição da melhor droga para uso em pacientes agitados no departamento de emergência, o que deixa margem para novos ensaios, com metodologias mais robustas. A despeito das dificuldades de realização de um estudo que envolva pacientes que não responderão por si no momento da intervenção, esse pode ser um campo de pesquisa muito rico. 

 

Referência bibliográfica:

  • de Souza IS, Thode Jr HC, Shrestha P, Allen R, Koos J, Singer AJ. Rapid tranquilization of the agitated patient in the emergency department: A systematic review and network meta-analysis. American Journal of Emergency Medicine 51 (2022) 363–373. https://doi.org/10.1016/j.ajem.2021.11.011  

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