Contraceptivo hormonal é eficaz no tratamento do sangramento menstrual?

A menorragia ou sangramento menstrual intenso é uma perda excessiva de sangue que prejudica a qualidade de vida da mulher, seja física, emocional, social.

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A menorragia ou sangramento menstrual intenso (HMB) é uma perda excessiva de sangue que prejudica a qualidade de vida da mulher, seja física, emocional, social. É benigna e não está associada à gravidez ou a qualquer outra doença ginecológica ou sistêmica.

Os tratamentos clínicos utilizados ​​para reduzir o fluxo menstrual excessivo (MBL) incluem inibidores da prostaglandina sintetase, antifibrinolíticos, pílulas anticoncepcionais orais e outros hormônios.

A pílula anticoncepcional combinada (COCP) possui uma variedade de efeitos benéficos, dentre eles a descamação regular do endométrio e inibição da ovulação, assim propicia tratamento do HMB e fornece contracepção. Recentemente, um anel vaginal contraceptivo (CVR) foi testado se este tratamento pode fornecer benefícios semelhantes aos do COCP, enquanto diminui a exposição sistêmica hormonal.

Para determinar a eficácia dos contraceptivos hormonais combinados (pílulas, anel vaginal) em comparação com outras terapias clínicas, placebo, ou nenhuma terapia no tratamento de HMB, foi publicado em fevereiro de 2019, o resultado da atualização de uma revisão sistemática a qual utilizou ​​os registros de ensaios do Gynecology and Fertility Group trials register, MEDLINE, Embase, CENTRAL, CINAHL e PsycINFO (datas da pesquisa: outubro de 1996, maio de 2002, junho de 2004, abril de 2006, junho de 2009, julho de 2017 e setembro de 2018) todos ensaios randomizados controlados (ECR) de pílulas anticoncepcionais combinadas e anel vaginal contraceptivo para o tratamento do sangramento menstrual excessivo.

Verificou-se oito ensaios randomizados controlados envolvendo 805 participantes. Dois estudos comparando o COCP com o placebo foram considerados de qualidade moderada e os estudos restantes foram de baixa qualidade, principalmente por causa do sério risco de viés, por falta de cegamento e baixa precisão.

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COCP versus placebo, com estrogênio baixa dosagem e doses maiores de progestageno, obteve a melhor resposta ao tratamento (retorno à normalidade menstrual) (OR 22,12, IC95% 4,40 a 111,12; em 2 ensaios; 363 participantes; I2 = 50%; evidências de qualidade moderada) e diminuição do fluxo menstrual ( OR 5,15, IC 95% 3,16-8,40, 2 ensaios, 339 participantes, I2 = 0%, evidência de qualidade moderada), quando comparado com placebo.

Os resultados sugeriram que, se a chance de tratamento “bem-sucedido” fosse de 3% em mulheres que tomavam placebo, o COCP aumentaria essa chance de 12% para 77% em mulheres com menorragia. Eventos adversos menores, em particular a dor na mama, foram mais comuns com o uso COCP.

COCP versus outros tratamentos clínicos como fármacos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) não demonstrou evidência suficiente para determinar se o COCP reduziu o MBL quando comparado aos ácido mefenâmico e naproxeno (AINEs).

Sistema intrauterino liberador de levonogestrel (IUS GNL) demonstrou ser mais efetivo que o COCP na redução da MBL (OR 0,21; 95% IC 0,09 a 0,48, 2 ensaios, 151 participantes, I2 = 0%; evidências de baixa qualidade), mas não ficou claro se a satisfação com o tratamento ou os efeitos adversos variaram de acordo com o tratamento utilizado.
Anel vaginal contraceptivo (CVR) versus COPC foi comparado em dois ensaios. Houve discrepâncias entre alguns dos achados e não houve evidência de benefício para um tratamento em relação ao outro.

Houve uma maior probabilidade de náusea com COCP. É possível que o CVR tenha aumentado as chances de satisfação das pacientes; mas não obteve-se certeza se o CVR melhorou o MBL. A evidência baseou-se num pequeno número de participantes e foi de baixa qualidade e conclusões definitivas não puderam ser alcançadas.

Conclusão

Evidência de qualidade moderada sugere que a pílula anticoncepcional oral combinada durante seis meses reduz o sangramento menstrual excessivo. Quando comparado com outras opções clínicas para o HMB, o COCP foi menos efetivo que o IUS do LNG. Evidências limitadas sugeriram que COCP e CVR tiveram efeitos similares. Não houve evidência suficiente para determinar a eficácia comparativa de contraceptivos hormonais combinados com AINEs.

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Referências:

  • Lethaby A, Wise MR, Weterings MA, et al. Combined hormonal contraceptives for heavy menstrual bleeding. Cochrane Database Syst Rev. 2019 Feb 11;2:CD000154. doi: 10.1002/14651858.CD000154.pub3.

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