Controle de miopia: como é a aceitação com as novas lentes?

Como é a aceitação de crianças e adultos com as novas lentes oftálmicas para controle de miopia? Veja no artigo a seguir.

Como uma das principais causas de cegueira, a miopia se tornou um problema de saúde global. É estimado que em torno de 2 bilhões de pessoas no mundo tenham miopia e esse número deve aumentar para em torno de 50% da população mundial em 2050. Globalmente, a prevalência é especialmente alta na Ásia leste e sudeste, com destaque para a China. Caso a miopia não seja controlada, ela pode progredir para alta miopia (>6 dioptrias), aumentando o risco de perda visual irreversível associada a glaucoma, degeneração macular e descolamento de retina. Como o tratamento precisa ser instituído por vários anos, é necessária uma abordagem que possa ser conveniente e facilmente tolerada, para aumentar o compliance.  

Já é bem documentado que o crescimento ocular é principalmente guiado visualmente, quando o plano da imagem é formado atrás da retina (defocus hiperópico), o crescimento ocular é estimulado e uma miopia relativa se desenvolve. Baseado nesse princípio, vários recursos ópticos foram desenvolvidos para reduzir a progressão miópica nos últimos anos. Recentemente, foram introduzidas no mercado mundial lentes com um design novo: DIMS (Defocus Incorporated Multiple Segments). Diferente dos outros desenhos, a área de defocus miópico na periferia é criada com um reticulado de microlentes de 3.50D, enquanto a zona central é clara (9.4mm), com o grau da miopia do paciente em questão. No clinical trial mostraram um resultado de redução da progressão da miopia de 59% e inibição do crescimento axial de 60%.  

Em artigo publicado na American Journal of Ophthalmology, em 2020, foi investigada a adaptabilidade e aceitação das novas lentes oftálmicas desenhadas para reduzir a progressão da miopia. O estudo prospectivo foi feito com 20 crianças e 10 adultos, utilizando lentes DIMS (Defocus Incorporated Multiple Segments ) ou visão simples, distribuídas de forma randomizada. Para cada tipo de lente foi avaliada a acuidade visual central de baixo e alto contraste e a acuidade visual da média periferia de alto contraste com 500 lux e 50 lux de luz ambiente, após 30 minutos de us e uma semana de uso das lentes. Um questionário foi aplicado para avaliar o desconforto visual após uma semana da visita.  

A acuidade visual central não foi afetada pelas lentes DIMS, comparada com as lentes de visão simples. A acuidade visual para perto na média periferia reduziu aproximadamente 0.06 logaritmo (3 optotipos) do ângulo mínimo de unidades de resolução em 2 a 4 quadrantes (para 500 lux) e em 3 quadrantes (para 50 lux). Não foi detectada melhora na visita de uma semana. O borramento visual na média periferia foi a principal queixa. Em contraste com as crianças, os adultos foram mais sensíveis as lentes DIMS. Mais queixas foram relatadas por eles, como cefaleia, tonteira, borramento paracentral e periférico e a necessidade de ajuste das lentes para visão clara central.  O estudo conclui que a visão na média periferia é afetada, se comparada com a visão simples, mas apesar disso as lentes DIMS tiveram boa aceitação e tolerância pelas crianças chinesas (90% das crianças manteriam o uso).  

Referência bibliográfica: 

  • Lu Y, Lin Z, Wen L, Gao W, Pan L, Li X, Yang Z, Lan W. The Adaptation and Acceptance of Defocus Incorporated Multiple Segment Lens for Chinese Children. Am J Ophthalmol. 2020 Mar;211:207-216. doi: 10.1016/j.ajo.2019.12.002. Epub 2019 Dec 13. PMID: 31837317. 

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