CoronaVac tem eficácia de 86% em prevenção de mortes em estudo de vida real

Uma coorte observacional prospectiva da população cadastrada no sistema público de saúde do Chile avaliou a eficácia em vida real da CoronaVac.

Um dos estudos mais esperados de 2021 foi publicado na última quarta-feira, dia 07. Desde o início da pandemia, emergiu a necessidade de vacinação eficaz para controle da infecção pelo SARS-CoV-2. Sabemos que as principais medidas contra a Covid-19 incluem medidas preventivas, como uso de máscaras, distanciamento social e vacinação em massa. A corrida pelas vacinas foi o principal alvo científico de 2020, culminando no início da vacinação no Reino Unido no dia 02 de dezembro de 2020.

Desde janeiro de 2021, o Brasil iniciou sua campanha de vacinação, sendo a CoronaVac uma das vacinas aprovadas para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mais do que nunca surgiram dúvidas quanto a eficácia em prevenir infecção, formas graves e morte.

Os ensaios clínicos randomizados realizados anteriormente são muito importantes, todavia tem critérios de inclusão rígidos e incluem uma amostragem menor e um grupo mais selecionado de indivíduos, em condições diferentes da realidade.

Leia também: Segurança, tolerabilidade e imunogenicidade da CoronaVac® em pediatria

Os grandes estudos observacionais são essenciais para avaliar efetividade da vacinação na vida real, incluindo populações mais diversas, além dos desafios práticos das campanhas de vacinação

O estudo que aqui será discutido trata-se de uma coorte observacional prospectiva da população acima de 16 anos cadastrada no sistema público de saúde do Chile que avalia a eficácia em vida real da CoronaVac, realizado no período entre 02 de fevereiro a 1 de maio de 2021. Foram excluídos pacientes com infecção confirmada pelo SARS -CoV-2 até a data do início da coorte.

Estudos como esse são fonte de conscientização da população quanto a vacinação como pacto de saúde coletiva.

vidros de vacina coronavac

Foto: Hélia Scheppa/SEI | Fotos Públicas

Sobre o estudo

Os indivíduos foram divididos em três grupos:

  • Não vacinados;
  • Parcialmente imunizados (≥14 dias após 1ªdose da vacina);
  • Totalmente imunizados (≥14 dias após 2ª dose da vacina).

Foram avaliados os seguintes desfechos primários relacionados à Covid-19:

  • Infecção confirmada laboratorialmente;
  • Hospitalização;
  • Admissão em UTI;
  • Óbito.

Ajustes estatísticos quanto a fatores confundidores:

  • Idade e sexo;
  • Sociodemográficos: região de residência, renda e nacionalidade;
  • Comorbidades: DRC, DM, doença cardiovascular, AVE, DPOC, doença hematológica, doença autoimune, infecção pelo HIV e síndromes demenciais;
  • Acesso ao sistema de saúde.

Resultados da CoronaVac

Após ajuste dos dados quanto a características demográficas e clínicas individuais, os pacientes foram avaliados, evidenciando a eficácia da vacina:

Grupo parcialmente imunizado:

  • Prevenção da infecção em 15,5%;
  • Prevenção de hospitalização em 37,4%;
  • Prevenção de admissão em UTI em 44,7%;
  • Prevenção de óbito em 45,7%.

Grupo totalmente imunizado:

  • Prevenção da infecção em 65,9%;
  • Prevenção de hospitalização em 87,5%;
  • Prevenção de admissão em UTI em 90,3%;
  • Prevenção de óbito em 86,3%.

Pacientes acima de 60 anos totalmente imunizados:

  • Prevenção da infecção em 66,6%;
  • Prevenção de hospitalização em 85,3%;
  • Prevenção de admissão em UTI em 89,2%;
  • Prevenção de óbito em 86,5%.

Discussão

Resultados foram semelhantes às estimativas que foram relatadas no estudo brasileiro para a prevenção da infecção (50,7%; IC 95%, 35,6 a 62,2), incluindo estimativas de casos que resultaram em tratamento médico (83,7% ; IC de 95%, 58,0 a 93,7) e estimativas de um desfecho de casos hospitalizados, graves ou fatais (100%; IC de 95%, 56,4 a 100).

Os grandes intervalos de confiança do ensaio no Brasil refletem a amostra relativamente pequena e os poucos casos detectados que necessitaram de assistência médica.

Pontos positivos do estudo:

  • Inclusão de pacientes cadastrados no sistema de saúde do Chile: base de dados completa e confiável; alta taxa de testagem para Covid-19; acesso universal à saúde e padronização do sistema;
  • Coleta de dados durante uma campanha de vacinação rápida, durante o período com maior transmissão comunitária, permitindo acompanhamento curto;

Pontos negativos:

  • Vieses em estudos observacionais. Ex.: diferenças de comportamento e medidas preventivas entre os grupos vacinados e não vacinados;
  • Seguimento curto, podendo subestimar os desfechos como hospitalização e óbito que decorreram de infecções iniciadas durante a coorte, que ocorreram após o período de seguimento do estudo;
  • Alta taxa de ocupação de UTI durante o período, podendo subestimar as admissões em UTI por falta de acesso;
  • Ausência de dados significativos para estimar a eficácia da vacina contra as variantes virais.

Veja mais: Covid-19: Gestantes só devem tomar CoronaVac ou Pfizer, orienta Ministério da Saúde

Conclusões

Os resultados sugerem que a vacina CoronaVac teve alta eficácia contra doenças graves, hospitalizações e morte, descobertas que ressaltam o potencial desta vacina para salvar vidas e reduzir substancialmente as demandas no sistema de saúde.

Em tempos onde há tanta politização envolvendo uma pandemia, dados científicos de qualidade abordando eficácia das vacinas devem ser difundidos, a fim de conscientizar a população quanto à vacinação.

Durante uma pandemia, a saúde coletiva deve ser priorizada. A vacinação em massa com imunizantes seguros e eficazes é mais importante do que pequenas diferenças estatísticas de eficácia.

Referência bibliográfica:

  • Jara A, et al. Effectiveness of an Inactivated SARS-CoV-2 Vaccine in Chile. July 7, 2021, NEJM. DOI: 10.1056/NEJMoa2107715

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