Coronavírus: isolamento social em tempos de pandemia

Não é fácil mudar quem somos, isso se “materializa” em nossos comportamentos e nossas atividades, e o isolamento social acaba por interferir nisso.

Em primeiro lugar gostaria de dizer que passamos um período de profunda reflexão. Um momento de olhar pra dentro e refletir sobre quem somos, quem amamos e se estamos dando o valor devido, não para certas coisas, mas para as coisas que realmente importam, assim como, não para certas pessoas, mas para as pessoas que amamos.

Usamos o pior que temos para falar dos defeitos das pessoas e o melhor que temos para falar de nossos defeitos. Temos além de todo caos uma oportunidade de usar o melhor que temos de maneira solidária. O primeiro ato de solidariedade é cuidar da saúde dos que amamos. Por tanto, fique em casa!

Isolamento social

Ficar em casa. Todos os dias escutamos de pessoas próximas, nas mídias ou redes sociais uma intensão de proteção da coletividade, resumido na frase: “Fica em casa”. No momento, ainda escutamos a frase: “Fica em casa, se puder” .

Todos nós vivemos uma modificação significativa em nossas vidas. O mundo mudou drasticamente em um piscar de olhos. Um simples flertar, ou ir à escola, ou ao trabalho, práticas do dia a dia que o individuo muitas vezes não valorizava por ser comum e habitual tornaram-se objeto de conquista da maioria dos seres humanos.

Não é fácil mudar quem somos, isso se “materializa” em nossos comportamentos e nossas atividades. O quê fazemos no dia a dia muitas vezes nos define. Há todo tempo quando vamos nos identificar no meio social, buscamos informar quanto aos nossos hábitos e costumes. Alguns são advogados e também surfistas, lutadores de jiu-jitsu; outros são enfermeiros e gostam de futebol e sempre estão em uma roda de samba no final do dia; Muitos são de nós são muitas coisas. E são essas coisas que nos fazem “ser”. Esse “ser” é um conjunto de atividades, ofícios, comportamentos que formam a nossa persona. Essa é descrita por Carl Yung como a personalidade que o indivíduo apresenta aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes muito diferente da verdadeira.

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Para cada local que vivemos temos uma forma de nos apresentar. Como um professor, que se coloca de uma forma, diante de alunos, em seu local de trabalho, mas em seu meio pessoal, possui a liberdade de utilizar outros códigos de comunicação, como palavras não recomendadas ao meio profissional, que poderia levar a um julgamento social. A variedade de possibilidades de sermos pessoas diferentes em diversos locais, muitas vezes nos afasta necessariamente de quem somos de verdade. Mesmo para casais quem moram juntos, existe momentos em que eles podem ter outras personas e tudo isso, que parece negativo, pode ser a capacidade lábil do ser humano de ser resiliente ao meio.

De certo, pode haver uma perda de identidade nesse período de isolamento. As pessoas que antes possuíam energia direcionada a afazeres, a rotina, a ao cotidiano conturbado do mundo contemporâneo, passam a um convívio reduzido e a diminuição física da prática de ir e vir comum ao indivíduo. Começa a emergir a seguinte pergunta: quem somos?

Não podemos nos definir apenas pelo que fazemos, porque mesmo distante do querer, as vezes somos obrigados a retirar vestimentas profissionais, nos afastar de hábitos e tantas outras coisas que apenas nos aproximam de uma nova visualização da única certeza que o ser humano possui. E não é da morte que falo, mas de que podemos ser qualquer coisa dentro de uma dada possibilidade. É por essa característica que o ser humano evoluiu.

O confinamento pode ser uma oportunidade. Muitos acham que agora o desenvolvimento deixou de existir mas ao contrário disso, foi na crise que a humanidade evoluiu. Inclusive nas reinvenções individuais. Temos a oportunidade de criar “novas tecnologias” não aquelas físicas, duras ou eletrônicas. Falo das maiores das tecnologias, aquelas que se estendem ao nosso corpo. Nossas emoções, nossa comunicação, nossos afetos, nosso comportamento diante do outro em espaços reduzidos. Esse é o desafio!

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Solidão e saúde mental

Há pouco tempo discutíamos como as pessoas haviam se tornado invisíveis para muitos. Agora discutimos como minimante interagir com nossos vizinhos. Não é um caminho para a solidão, mas uma possibilidade de se discutir a solidão. Muitas famílias se reconectaram, uma vez que estavam na mesma casa mas estavam ao mesmo tempo tão longe.

A complexidade dessa discussão é incrível e não cabe apenas nesse pequeno texto, por isso converse sobre isso com os que estão próximo. É claro que a tecnologia tem nos ajudado. Mas agora sabemos que nem ela substitui o contato humano. Por isso, muitos de nós possuem um grande sentimento de solidão. Nós profissionais de saúde além de viver a solidão em nossas casas, por estar longe dos familiares em medida de precaução, ainda temos que ser o filtro das dores de uma doença chamada Covid-19. Lembre-se que somos como um filtro de café algo passa por nós, mas algo fica em nós. Por isso, muitos de nós adoecem. Também é por isso que temos que nos atentar com o isolamento.

Esse nos afeta em casa e no trabalho pois lá, não estamos em posição de lazer e se tem um temor em cada atividade de cuidado. Pelo medo, pela ansiedade, pela depressão e pela solidão temos motivos diversos para nos atentar a esse mal.

Podemos diminuir essas condições do adoecimento da seguinte forma:

  • Diminua o contanto com informações que te deixe ansioso ou angustiado;
  • Busque informações confiáveis, o Portal PEBMED possui ótimas informações sobre Covid-19;
  • Procure medidas para se proteger planejando as ações diárias de forma preventiva;
  • Procure se atualizar-se em horários específicos, o fluxo de informações pode nos levar a ansiedade;
  • Busque o isolamento social e medidas que vão ajudar no processo de resiliência desse processo;
  • Faça atividade física periodicamente;
  • Crie atividades de lazer com os familiares;
  • Utilize as redes sociais para fazer contato com os entes queridos;
  • Faça contanto com pessoas que perdeu contato por impossibilidade do antigo ritmo diário;
  • Estude, afinal as plataformas nos ajudam com essas questões;
  • Faça uma lista das coisas que gostaria de fazer;
  • Faça coisas possíveis para o momento;
  • Desenvolva novas habilidades, se possui dificuldade de falar sobre seus sentimentos por exemplo, é uma grande oportunidade.

Lembre-se de não se referir as pessoas com a doença como casos de Covid-19. Temos uma oportunidade de nos reinventar e nisso se inclui o respeito as famílias e as pessoas que têm Covid-19 ou tiveram suas complicações ou até mesmo as que faleceram. Temos a oportunidade de valorizar não só a nós mesmos, mas todos. É uma oportunidade de humanização da sociedade. Por isso, seja solidário podemos passar melhor se estivermos juntos. Faça contato com seus vizinhos, busque maneiras de ajudar a comunidade, uma delas e realizar suas compras no comércio local por exemplo, ou ajudar aos necessitados. Qualquer medida é possível, apenas é necessário se sentir bem.

Vamos superar esse desafio. Imagens positivas do enfrentamento da doença devem ser compartilhadas todos os dias para nos dar esperança e dar esperança as pessoas. Enquanto profissionais da saúde devemos:

  • Cuidar de si. Utilize estratégias de enfrentamentos como por exemplo: garantir descanso fora dos ambientes de trabalho e durante entre os turnos;
  • Evite o uso de estratégias de enfrentamento que desfavoreçam o enfrentamento positivo, tais como: uso de tabaco, álcool, outras drogas e excesso de alimentos;
  • Não evite a família e a comunidade devido ao estigma do medo, mas utilize métodos digitais;
  • Busque apoio em outros profissionais, colegas de trabalho, gestores, que possuem experiências semelhantes à suas;
  • Saiba como oferecer o suporte a pessoas que necessitem de saúde mental, técnicas erradas podem diminuir a sua saúde mental;
  • Faça rodízio dos trabalhadores nas diversas funções, classificando as de maior estresse para menos estresse;
  • Lembre-se para cuidar de pessoas precisamos nos cuidar em primeiro lugar.

Podemos criar novos hábitos, pode não ser tão ruim a mudança dos hábitos mesmo em um ambiente hostil. Mas cuide-se, não é fácil mudar tão repentinamente. É normal se sentir mal nesse período, ou observar um aumento significativo na ansiedade, afinal temos que transformar a forma e o local na qual despejamos nossa energia. Tudo mudou mas você ainda está ai. Isso é mais importante, você é o mais importante. Por tanto, cuide-se porque isso sim no antigo mundo era deixado em segundo plano por muitos e nesse novo mundo é uma necessidade emergencial.

Referências bibliográficas:

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