Covid-19: anticoagulantes profiláticos na diminuição da mortalidade dos casos

Complicações tromboembólicas estão presentes em pacientes com Covid-19, assim há diversos estudos sobre o uso de anticoagulantes profiláticos.

Em 2021, o Brasil está vivendo um dos piores cenários do sistema de saúde desde o início da pandemia, com inúmeros novos casos de Covid-19 e, serviços públicos e particulares, entrando em colapso. Os óbitos gerados estão obviamente relacionados com as diversas complicações da infecção pelo novo coronavírus. Dentre elas, as tromboembólicas estão presentes em cerca de 30% dos pacientes internados pela Covid-19 em unidade de terapia intensiva. Pela importância desses eventos tromboembólicos, diversos estudos estão sendo realizados e, apesar de amostras pequenas, tem sido reportado a relevância do uso de anticoagulantes profiláticos como sendo um dos principais coadjuvantes na diminuição da mortalidade dos casos de Covid-19.

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Covid-19: anticoagulantes profiláticos na diminuição da mortalidade dos casos

Estudo recente

Um estudo coorte realizado nos EUA, incluiu os pacientes positivos para Covid-19 e internados em leitos hospitalares entre março e julho de 2020, e comparou os indivíduos que receberam doses profiláticas de anticoagulantes nas primeiras 24 horas da admissão com aqueles que não receberam tal intervenção. Foram 4.297 pacientes, com média de idade de 68 anos, 93,4% do total eram homens e os selecionados não realizaram nenhuma terapia com anticoagulantes nos 30 dias que antecederam a internação.

Nesta coorte, 84,4% dos casos receberam dose profilática nas primeiras 24 horas da admissão, sendo que, desses, 69,1% usaram enoxaparina. Dos 4297 pacientes, 622 morreram e, desses, 513 haviam recebido dose profilática de anticoagulante. Porém, a incidência da mortalidade em 30 dias, foi de 14,3% nos que receberam a medicação e 18,7% nos que não receberam anticoagulantes. Logo, o uso de anticoagulante reduziu em mais de 34% o risco de morte em 30 dias. E esta evidência foi mais forte nos pacientes que não internaram em UTI nas primeiras 24 horas da admissão hospitalar, claramente porque paciente que já são admitidos na UTI têm uma doença muito mais grave. Além disso, os sangramentos graves não foram associados ao uso das doses profiláticas e houve menos risco do paciente apresentar deterioração clínica com eventos tromboembólicos e necessidade de utilizarem as doses terapêuticas.

Outro estudo importante apontou benefício e segurança nos pacientes que receberam qualquer anticoagulante, principalmente nos não internados em UTI. Apesar dos resultados promissores, o estudo em análise não assegura se os casos que não tem diagnóstico de Covid-19 já na admissão hospitalar, apresentam algum benefício. Ou seja, somente os pacientes que foram admitidos no hospital, mas que já tinham diagnóstico prévio de Covid-19.

Outro fator importante analisado foi que a heparina tem um potencial efeito anti-inflamatório e pode reduzir a infectividade do vírus por bloquear a sua entrada na célula.

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Apesar desses resultados positivos, várias limitações são reportadas, principalmente as relacionados com o viés de confusão, como com fatores de tratamento de outras complicações do Covid-19 que podem indiretamente reduzir o risco de evento tromboembólico, se o paciente tem ou não alguma doença crônica mal controlada. E ainda, houve viés de seleção, já que os pacientes atendidos pelos serviços de saúde escolhidos para o estudo são, predominantemente, portadores de doenças crônicas e com fatores de risco tromboembólicos.

Mensagem prática

O estudo demonstrou redução na mortalidade em 30 dias e redução no risco de desenvolver eventos tromboembólicos, naqueles pacientes com Covid-19 que utilizaram doses profiláticas de anticoagulantes, sem adicionar riscos de hemorragias, sendo os resultados mais fortes naqueles que não foram admitidos em UTI em até 24 horas após entrada no hospital.

Referências bibliográficas:

  • Rentsch, et al. Early initiation of prophylactic anticoagulation for prevention of coronavirus disease 2019 mortality in patients admitted to hospital in the United States: cohort study. 2021 february; 372:n311. doi: 10.1136/bmj.n311

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