Covid-19: como funcionam as duas vacinas que serão testadas em voluntários brasileiros?

Duas vacinas contra a Covid-19, ambas em fase avançada de testes clínicos, estão sendo testadas no Brasil com a participação de 11 mil voluntários.

Duas vacinas diferentes contra o novo coronavírus, causado da Covid-19, ambas em fase avançada de testes clínicos, estão sendo testadas no Brasil. Os testes contam com a participação de 11 mil voluntários, de diferentes estados do país. Produzidas no exterior, em parceria com instituições de saúde nacionais, essas vacinas são consideradas as mais promissoras do mundo no momento; segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

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Vacina contra o Covid-19 sendo testada no Brasil

Quais são as vacinas em teste no Brasil?

A primeira é uma iniciativa da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Seus testes já estão m andamento envolvendo mil pessoas no Rio de Janeiro e outras mil em São Paulo, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Estão sendo selecionados profissionais de saúde de 18 a 55 anos pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em São Paulo, e pela Rede D’Or São Luiz e o Instituto D’Or (Idor), ambos no Rio de Janeiro.

A segunda vacina é desenvolvida pela empresa Sinovac Biotech, da China. Ela já foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a realização dos testes em voluntários brasileiros em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo. Essa fase do estudo vai selecionar 9 mil profissionais de saúde nos seguintes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Brasília.

Em São Paulo, os testes serão realizados a partir do dia 20 de julho. As inscrições já estão abertas a partir do dia 13 de julho, através de um aplicativo que ainda será lançado pelo Governo do Estado de São Paulo. Podem ser voluntários os profissionais de saúde da ativa, que residirem perto de algum dos centros de análise e que ainda não tenham se contaminado com o novo coronavírus.

As mulheres não podem estar grávidas ou planejarem uma gravidez nos próximos três meses. Outra restrição é que não possuam doenças instáveis ou necessitem de medicações que alterem a resposta imune.

Como funcionam as duas vacinas que estão sendo testadas no país:

Vacina ChAdOx1 nCoV-19, de Oxford

Atualmente, esta é a mais avançada vacina contra o novo coronavírus em desenvolvimento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

É produzida a partir do ChAdOx1, uma versão atenuada do adenovírus, com modificações genéticas que impedem a infecção em seres humanos. O material genético foi incorporado ao vírus ChAdOx1 com a presença de uma proteína chamada glicoproteína de pico. Essa proteína desempenha um papel fundamental no processo de contaminação, se conectando a receptores presentes nas células humanas para invadi-las e causar a infecção.

O objetivo do estudo é fazer com que o sistema imunológico do corpo humano reconheça a glicoproteína de pico e crie uma defesa contra ela. No país, 2 mil participantes estão sendo selecionados em São Paulo, pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), e no Rio de Janeiro, pelo Instituto D’Or. Com a ampliação de testagem para 5 mil participantes nos próximos meses.

O grupo de controle receberá uma vacina utilizada contra a meningite, que provoca sintomas parecidos. Todos os voluntários irão preencher um diário virtual ao longo de sete dias relatando os seus sintomas, sendo monitorados por três semanas e realizarão exames de sangue constantes.

A previsão é que os resultados preliminares desta fase sejam divulgados até novembro, com os primeiros lotes da vacina sendo utilizados até dezembro deste ano.

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CoronaVac da Sinovac

A Sinovac Biotech, com sede em Pequim, já desenvolveu uma vacina que impediu o contágio de macaco-rhesus com a Covid-19, com oito animais recebendo duas doses da vacina CoronaVac. Eles foram expostos três semanas depois ao novo coronavírus, mas nenhum deles contraiu a doença.

Os testes realizados no laboratório induziram a produção de anticorpos em mais de 90% dos pacientes que receberam a dose.

Em maio, a revista Science publicou os resultados de testes realizados com essa candidata a vacina em ratos e macacos-rhesus. Ambos os grupos vacinados mostraram proteção parcial ou total contra a enfermidade, com os anticorpos conseguindo neutralizar o vírus. Trata-se de uma vacina inativada e purificada, desenvolvida a partir do vírus SARS-CoV-2, cultivado em diversas gerações celulares de forma a não causar doença, mas ser capaz de induzir produção de anticorpos. Eles foram expostos três semanas depois ao novo coronavírus, mas nenhum deles contraiu a doença.

Os primeiros testes com seres humanos começaram na China no dia 16 de abril. Sendo considerada eficaz nos testes, a vacina poderá ser produzida no país e disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de junho de 2021, segundo a previsão do Governo do Estado de São Paulo.

Vacina nacional

Além dessas duas iniciativas, há também uma vacina nacional sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com a Universidade de São Paulo (USP). No entanto, ela ainda está em estágio de análise pré-clínica.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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