Covid-19: como identificar mulheres em situação de violência na Atenção Primária à Saúde?

A violência contra a mulher é um problema grave. As equipes de Atenção Primária à Saúde (APS) podem ser o primeiro e único apoio que a vítima irá encontrar,

A violência contra a mulher é um problema grave de saúde pública. As equipes de Atenção Primária à Saúde (APS), como porta de entrada do sistema de saúde, podem vir a ser o primeiro e único apoio que a mulher vítima de violência irá encontrar. Ainda mais em locais onde não há serviços organizados destinados ao atendimento desse tipo de situação.

Após o início da pandemia por Covid-19, com as medidas de isolamento social, os casos de violência doméstica aumentaram, conforme apontam diversos estudos. Nesse sentido, é essencial que os médicos e outros profissionais atuantes na APS estejam capacitados para lidar com esses casos. Além de preparados para identificá-los oportunamente, principalmente levando-se em consideração a dificuldade — por vergonha ou medo — que mulheres nessa situação podem apresentar para relatar o que estão vivendo.

Leia também: Os serviços de atendimento à saúde da mulher na APS devem ser mantidos durante a pandemia?

Mulher vítima de violência doméstica durante a pandemia.

Violência contra a mulher

Para ajudar nesse objetivo, o Grupo de Trabalho de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) lançou o documento “Abordagem da Violência Contra a Mulher no Contexto da Covid-19”, dirigido a profissionais. O documento dá orientações gerais sobre os sinais que devem alertar os profissionais para a possibilidade de violência. Ainda traz perguntas iniciais que visam identificá-la. Além de abordagens específicas para grupos de mulheres em situações mais sensíveis,

Entre os sinais de alerta que a própria mulher pode apresentar estão sintomas de ansiedade, como cefaleia, náuseas, alterações no sono ou na fome, dor no peito e sensação de falta de ar. É preciso estar atento aos diagnósticos diferenciais, mas lembrar também que a violência pode ser um fator desencadeante para descompensações de outros agravos.

Apontam também para uma maior possibilidade de violência comportamentos opressores por parte do parceiro durante as consultas, demora para buscar atendimento de saúde após algum problema, ferimentos incompatíveis com a história clínica, e falta de autonomia para decidir sobre o planejamento familiar (contracepção, gravidez). Além do uso da situação de pandemia pelo parceiro como motivo para controlar ou manipular a paciente.

A abordagem pelo médico com o uso de perguntas abertas pode ajudar na identificação de mulheres que estejam sofrendo violência.

Leia também: Qual é o papel da APS com o aumento da violência doméstica na pandemia de Covid-19?

O documento da SBMFC traz algumas sugestões:

  • “Como estão as coisas em casa em tempos de isolamento?”
  • “As pessoas têm ficado mais nervosas?”
  • “Alguém já chegou a ser agressivo com você ou com seus filhos?”
  • “Alguém já lhe agrediu ou a seus filhos?”
  • “Você se sente segura em casa?”
  • “Como estão as relações sexuais nesse período de quarentena? Tem tido alguma dificuldade nessa área?”

Apesar de todas as limitações impostas pela pandemia e pelo distanciamento social, a identificação e a abordagem de mulheres em situação de violência deve ser mantida como agenda prioritária da APS. O uso de atendimento remoto, teleconsultas, e o apoio do Agente Comunitário de Saúde são algumas das estratégias que as equipes desse nível de atenção devem lançar mão para continuar cuidando de maneira integral, longitudinal e acessível de seus pacientes, principalmente daquelas mais vulneráveis.

Para saber mais detalhes sobre a abordagem a pacientes vítimas de violência doméstica, veja o conteúdo no Whitebook.

Referências bibliográficas: 

  • Abordagem da Violência Contra a Mulher no Contexto da COVID-19 – Versão para profissionais. Grupo de Trabalho de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos, Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. 1ª edição. 28 de maio de 2020.

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