Covid-19: conheça os grupos com mais vítimas no 1º mês da infecção no Brasil

De acordo o Ministério da Saúde, cardiopatas do sexo masculino com mais de 60 anos são a maioria dos casos graves de Covid-19, mas quais os outros grupos?

Cardiopatas, do sexo masculino e acima de 60 anos. Esse é o perfil da maioria dos casos graves e dos óbitos pelo novo coronavírus no país, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde no final de março.

Confira mais detalhadamente:

  • A maioria dos casos graves e dos óbitos ocorreu em brasileiros acima de 60 anos;
  • 58% dos casos graves e 68% das mortes foram de pacientes do sexo masculino;
  • Doenças cardíacas foram as comorbidades principais associadas aos casos graves e óbitos;
  • Diabéticos e pacientes com outras doenças respiratórias, como asma, também estão entre os casos mais graves.

De acordo com Wanderson Oliveira, secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde, as curvas estão mais elevadas para os óbitos a partir dos 60 anos, mas elas ficam muito mais intensas entre 70 anos ou mais. Por isso, a recomendação da pasta é que pessoas acima de 60 anos fiquem em isolamento, cumprindo as orientações.

O novo coronavírus, causador da Covid-19, afeta principalmente determinados grupos de risco na população. Quais os afetados no Brasil?

Sobre a Covid-19

O balanço do Ministério da Saúde divulgado nesta terça-feira, dia 7, aponta os seguintes números:

  • 667 mortes;
  • 13.717 casos confirmados;
  • 4,9% é a taxa de letalidade.

“Podemos observar que cardiopatia é a condição mais recorrente entre os casos confirmados e os óbitos. Mas também temos registros de doença hematológica crônica e hepática crônica, asma, diabetes, doença neurológica crônica, pneumopatia, imunodepressão, doença renal crônica e obesidade”, explicou João Gabbardo, secretário-executivo do Ministério da Saúde.

Leia também: Ministério define critérios de distanciamento social durante pandemia do coronavírus

Estudos científicos

Na última semana de março, um estudo publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (Jama) apontou os resultados do acompanhamento de 82 pacientes cardíacos internados em Wuhan. Entre esses analisados, 58% desenvolveram a versão mais grave da enfermidade e mais da metade veio a óbito.

Outra pesquisa, publicada em fevereiro, que analisou dados de 44 mil infectados cedidos pelo governo chinês, indicou que pacientes cardiopatas, diabéticos e com câncer apresentaram uma taxa maior de letalidade.

Por que a taxa de mortalidade varia tanto internacionalmente?

Na Itália, a taxa de mortalidade no final de março ficou em 11%. Enquanto isso, na vizinha Alemanha, o mesmo vírus levou a taxas de mortalidade de apenas 1%. Na China, foi de 4%, enquanto Israel teve a taxa mais baixa do mundo, em 0,35%.

A princípio, pode parecer surpreendente que o mesmo vírus (que não parece ter sofrido alguma mutação significativa) possa levar a taxas de mortalidade tão diferentes. E mesmo em um país, a taxa parece mudar com o passar do tempo.

Afinal, como podemos explicar isso?

Diversos fatores principais são responsáveis por essa grande diferença mundial, como a maneira que os especialistas estão contando e testando os casos.

Primeiro, há uma confusão sobre o que as pessoas querem dizer com taxa de mortalidade. De fato, existem dois tipos de taxa de mortalidade. A primeira é a proporção de pessoas que morrem que deram positivo para a doença. Isso é chamado de taxa de mortalidade de casos. O segundo tipo é a proporção de pessoas que morrem após a infecção geral. Como muitos deles nunca serão contabilizados, esse número deve ser uma estimativa. Esta é a taxa de mortalidade de infecções.

“Em outras palavras, a taxa de mortalidade de casos descreve o número de pacientes que os médicos podem ter certeza de que são levadas a óbito pela infecção, versus o número de pacientes que vai a óbito em decorrência da doença em geral, explica Carl Heneghan, epidemiologista e diretor do Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford, no Reino Unido, em entrevista ao portal da BBC.

Veja mais: Os traumas indiretos aos profissionais que auxiliam no controle da Covid-19

Outros fatores

Existem ainda outros fatores que alteram a taxa de mortalidade. Um deles é o que os médicos realmente contam como uma morte de Covid-19. No começo, pode parecer bastante simples, não?

Mas e se eles tivessem uma condição subjacente, como a asma, que foi exacerbada pela doença? Ou o que aconteceria se o paciente viesse a óbito por algo aparentemente menos relacionado ao Covid-19, como, por exemplo, um aneurisma cerebral? Qual condição deve ser considerada a causa da morte?

Mesmo dentro de um país, as estatísticas oficiais podem variar de acordo com a contagem realizada. No Reino Unido, por exemplo, o Departamento de Saúde e Assistência Social libera atualizações diárias sobre quantas pessoas deram positivo para o Covid-19 e morreram naquele dia. Isso inclui qualquer paciente que tenha sido testado positivo para a enfermidade, mas que possa ter morrido de outra condição, como câncer terminal, por exemplo.

Já o Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido conta todas as mortes como Covid-19, onde a doença foi mencionada na certidão de óbito, independentemente de terem sido testados ou se era apenas um caso suspeito.

Ao explicar a diferença, a chefe de análise de mortalidade do Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido, Sarah Caul, afirmou em seu blog que os números do órgão são mais precisos.

“O uso do atestado de óbito completo nos permite analisar muitas informações, como quais outras condições de saúde contribuíram para o óbito”, afirmou Sarah Caul.

Nem tão diferentes

Na verdade, isso não é necessariamente uma fonte de discrepância entre a maioria dos países, pois muitos estão contando as mortes da mesma maneira.

A Itália conta qualquer óbito de um paciente que tenha a doença como qualquer óbito causado pelo Covid-19. O mesmo acontece com a Alemanha e Hong Kong, por exemplo.

Já nos Estados Unidos, os médicos têm uma preocupação maior: eles são solicitados a registrar se o paciente morreu “como resultado desta doença” ao relatar as mortes por Covid-19 aos Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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