Covid-19 e desfechos cardiovasculares: o que sugere a imagem até o momento

Além das indiscutíveis repercussões no sistema respiratório da Covid-19, cada vez mais descobrimos efeitos também no sistema cardiovascular.

Já são meses de descobertas e enfrentamentos diários de desafios com o coronavírus. Números ainda exacerbados, momentos históricos e ainda uma certa insegurança diante de tanto desconhecido a cada dia revelado pela doença. Além das indiscutíveis repercussões no sistema respiratório causados pela Covid-19, cada vez mais descobrimos efeitos também no sistema cardiovascular.

Dos mecanismos bem elucidados até então, a injúria sugere dar-se por predisposição à rotura de placas inflamatórias, trombose de stents coronarianos, aumento da pós-carga e infecção em receptores da Enzima Conversora de Angiotensina 2, ocasionando disfunção endotelial sistêmica. Alguns casos de miocardite severa foram também descritos.

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Representação gráfica do vírus causador da Covid-19 que pode gerar complicação cardiovascular

Estudo recente sobre Covid-19 e disfunção cardiovascular

Um estudo observacional publicado no JAMA em julho de 2020 estudou as correlações entre pacientes com disfunções cardiovasculares e os achados em imagem, por meio da técnica de ressonância, na cidade de Frankfurt, Alemanha. Cerca de 100 pacientes, com pelo menos 2 semanas de recuperação após o diagnóstico inicial de infecção pelo SARS-CoV-2, foram submetidos a estudos por imagens de ressonância magnética.

Saiba mais: Covid-19: pela primeira vez, SARS-CoV-2 foi encontrado em tecido cardíaco de paciente

As imagens mostraram que, comparativamente aos pacientes do grupo controle, os infectados por Covid-19 apresentaram, ao estudo, menor fração de ejeção ventricular, maior volume e massa de ventrículo esquerdo. 78 dos pacientes recuperados apresentaram achados anormais em RNM. 12 pacientes mostraram achados de realce tardio de gadolínio, sugestivos de isquemia miocárdica, e 3 pacientes, com achados de disfunção severa ao estudo, foram submetidos a biopsia endomiocárdica, que revelou inflamação linfocítica ativa. A inflamação foi o achado predominante, detectada em 60 dos 100 pacientes.

A maioria dos achados aponta para uma perimiocardite após a infecção pela Covid-19

Muitos deles podem ser atribuídos a um processo de fibrose e/ou edema devido a essa perimiocardite.

Setas brancas → realce epi e intramiocárdicos, vistos em sequencias de realce tardio.              Setas amarelas → efusão e realce pericárdicos

Evidentemente trata-se de um estudo limitado, com uma pequena coorte, possível viés de seleção, e não aplicável à população pediátrica. Porém seus achados, bem como a correlação clínica que é possível notar diante dos efeitos da pandemia da Covid-19, são fortemente sugestivos de acometimentos cardiológicos, que podem responder aos questionamentos de pior prognóstico em parte da população. Cada vez mais, mostram-se necessários melhores e mais profundas investigações dos efeitos da infecção por Covid-19 a curto e a longo prazo, além do espectro respiratório.

Referências bibliográficas:

  • Puntmann VO. Outcomes of Cardiovascular Magnetic Resonance Imaging in Patients Recently Recovered From Coronavirus Disease 2019 (COVID-19). JAMA Cardiol. Published online July 27, 2020. doi:10.1001/jamacardio.2020.3557

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