Covid-19 e miastenia gravis: devemos nos preocupar?

Ainda não existem muitos dados sobre como a Covid-19 impacta pacientes com Miastenia Gravis ou outras doenças que necessitam de terapias imunossupressoras.

Todos nós sabemos que a Covid-19 é causada por um novo coronavírus (Sars-Cov-2) e pode causar sintomas variáveis como febre, tosse, dispneia, diarreia, hiposmia e a cada dia descobrem diferentes apresentações desta nova doença. Até o momento, não existem terapias comprovadas para o tratamento e nenhuma vacina para prevenir a infecção.

Representação gráfica do novo coronavírus, causador da Covid-19 que pode gerar complicações para pacientes com Miastenia Gravis

Covid-19 e miastenia gravis

Não existem dados sobre como a Covid-19 impacta os pacientes com miastenia gravis ou outras doenças que necessitam de terapias imunossupressoras. Fato é que muitos pacientes já fazem uso de terapia imunossupressora ou imunomoduladora, além de ter uma fraqueza respiratória preexistente. Teriam estes pacientes maior risco de contrair o vírus ou apresentar manifestações mais graves da doença?

Existem inúmeras recomendações, na tentativa de orientar, mas acabam gerando dúvidas nos pacientes. Para sanar as possíveis confusões que diversas informações geram, a Academia Europeia de Neurologia e especialistas em Miastenia Gravis publicaram orientações sobre o atendimento destes pacientes durante a pandemia da Covid-19.

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Recomendações

Com base nas informações disponíveis até o momento das diretrizes (23 março 2020), seguem algumas recomendações:

  1. Os pacientes devem continuar seu tratamento e não os interromper, apenas por orientação do médico que os acompanham.
  2. Não há evidências científicas que demonstrem que o uso de piridostigmina ou 3,4 diaminopiridina aumentem o risco de infecção.
  3. Para os pacientes em uso de medicamentos imunossupressores, como o rituximabe ou ocrelizumabe, recomenda-se um distanciamento social mais rígido e que utilize a telemedicina para consultas pessoais, orientados pelos seus médicos.
  4. Para descontinuar ou alterar doses de algumas imunoterapias como: corticoesteroides, azatioprina, micofenolato de mofetil, metotrexato, ciclosporina, tacrolimus, entre outros, os médicos devem considerar o aumento dos riscos de atividade de doença, recidiva e exacerbação.
  5. As terapias que necessitem de infusão (hospital dia) e com isso necessitem a saída de casa, é recomendável que essa decisão seja tomada com base na incidência local da Covid-19 pesando os riscos/benefícios individualmente. A infusão domiciliar é uma alternativa.
  6. Até o momento não há evidências que sugiram que a imunoglobulina intravenosa ou a plasmaferese apresentem risco adicional a Covid-19.
  7. Se um paciente for iniciar uma terapia imunológica (depleção de células B, por exemplo rituximabe), é importante que o médico avalie os riscos/benefícios, assim como o adiamento do início da mesma.
  8. Pacientes diagnosticados com Covid-19, com apresentação leve, devem continuar o tratamento atual. Pode ser que, em alguns casos, seja necessário ajustes na dose de corticoide como nos protocolos já bem estabelecidos. Se a apresentação for grave, deve ser considerado interromper temporariamente a terapia imunossupressora. No entanto, agentes imunossupressores como azatioprina e micofenolato, não necessitam ser descontinuados, pois seus efeitos são de longo prazo.

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Mensagem final

É importante ressaltar que não há nenhum protocolo bem estabelecido, as decisões devem ser tomadas avaliando cada caso e em conjunto com o médico assistente.

Referências bibliográficas:

  • Jacob S, Muppidi S, et al. International MG/Covid-19 Working Group. Guidance for the management of myasthenia gravis (MG) and Lambert-Eaton myasthenic syndrome (LEMS) during the Covid-19 pandemic. J Neurol Sci. 2020;412:116803.

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